TESTEMUNHAS DO DESESPERO

‘A terra tremeu e tudo desabou’: moradores relatam tragédia no Porto de Manacapuru

Não houve sinais anteriores que indicassem o perigo, mas, após o primeiro deslizamento de terra, o pânico se instalou no local

Amariles Gama
online@acritica.com
08/10/2024 às 08:48.
Atualizado em 08/10/2024 às 11:08

Nas fotos, o autônomo José Luiz, conhecido como Zezinho da Terra Preta, e Maria de Fátima, a dona Fatica, de 69 anos, moradora das proximidades do porto há 30 anos (Fotos: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

Moradores das proximidades do Porto de Terra Preta, em Manacapuru, que desabou na tarde desta segunda-feira (7), relataram o que viram no momento do desastre. Segundo eles, não houve sinais anteriores que indicassem o perigo, mas, após o primeiro deslizamento de terra, o pânico se instalou no local.

O autônomo José Luiz, conhecido como Zezinho da Terra Preta, conta que primeiro houve um deslizamento maior de terra e, depois, a terra continuou a cair. Segundo ele, foi quando começou a gritaria de pessoas pedindo para que quem estivesse no flutuante saísse. Neste flutuante estava a pequena Letícia, de 6 anos, que está desaparecida. 

"A gente chegou e ficou observando, e aí o pessoal gritou, estalou, e desabou mais uma parte do barranco aqui, já bem na ilharga da balsa do DNIT. Aí o pessoal continuou, a gente começou a gritar daqui também para sair, aí eu acho que um pai ou tio de alguém desaparecido ficou lá, e a gente ficou daqui gritando para ele sair", relatou José Luiz.

O morador afirma que não é a primeira vez que acontece deslizamento de terra na região. Segundo ele, em 2014 houve outro desastre parecido, e o morador fez um apelo para que as autoridades responsáveis tomem providências a respeito.

"É um aterro, né, aí compromete. Os flutuantes estão indo para o outro lado, então é preciso intensificar a fiscalização e tirar mesmo as pessoas daí para não haver mais tragédia na Terra Preta, porque a gente já vem trazendo um currículo grande aí dessa situação", disse José.

Grande parte da estrutura cedeu durante o desabamento.  (Imagens de drone da equipe do vereador Sassá)

 Maria de Fátima Souza Costa, a dona Fatica, de 69 anos, mora nas proximidades do porto há 30 anos e nunca imaginou presenciar a tragédia que aconteceu nesta segunda-feira. Caseira de uma propriedade que dá vista ampla para o Porto de Terra Preta, ela conta que viu como tudo aconteceu.

"Não teve nenhum estalo, nem nada, só o barulho da terra caindo. Quando a terra começou a deslizar, o flutuante deslizou e o rapaz gritou para eles correrem. Eles correram, mas para dentro do flutuante. Aí foi quando a terra deslizou, caiu o flutuante e deve ter afogado e matado todo mundo", disse.

A moradora não conseguiu quantificar quantas pessoas ela viu em meio ao desastre, mas lembra que viu apenas um barco, uma lancha que afundou e o flutuante com as pessoas.

"Ah, eu fiquei desesperada. Mas Deus está no comando e no controle de nossas vidas. Aqui nesse pedaço aqui (na casa) nunca houve deslizamento. Porque essa terra aqui nasceu aqui. Aquela de lá foi colocada, estavam fazendo aterro. É uma terra falsa", comentou.

Enquanto a equipe de A CRÍTICA ainda estava na casa em que dona Maria de Fátima mora, ela recebeu a visita da equipe da Defesa Civil do município, que orientou que a caseira saísse da propriedade e fosse para um local seguro, até que seja feita uma inspeção para verificar se há risco de deslizamentos também naquela área.

Equipes de resgate seguem em busca (Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

  

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por