ROMPIMENTO

Sérgio Moro pede demissão e está fora do governo Jair Bolsonaro

O agora ex-ministro da Justiça anunciou sua saída durante pronunciamento na manhã de hoje (24).Moro deixa o cargo logo após Bolsonaro ter decidido fazer intervenções políticas nos comandos da Polícia Federal: "O presidente não me quer no cargo", disse

Portal A Crítica
24/04/2020 às 13:43.
Atualizado em 10/03/2022 às 09:36

(Foto: Reprodução/Internet)

Sérgio Moro anunciou, na manhã desta sexta-feira (24), a sua demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro. A decisão de Moro de deixar o posto aconteceu logo após o presidente Jair Bolsonaro ter trocado o comando da Polícia Federal, de Maurício Valeixo, indicado por Moro.

"O presidente insistiu na troca do diretor geral da Polícia Federal. Disse que não tinha nenhum problema na troca, mas que precisaria de uma causa que justificasse essa troca. No entanto, vi que é um trabalho que estava sendo positivo", disse. "Não é questão de nome. Há outros nomes competentes. O grande problema é que haveria uma violação a uma promessa que eu teria carta branca, não teria uma causa para essa troca, o que deixa claro que haveria uma causa polícia, o que abala a credibilidade da Polícia Federal", explicou.

"Não tenho como persistir no cargo sem que eu tenha autonomia, sendo forçado a concordar com intervenções políticas na Polícia Federal. Espero que com a minha saída seja feita uma escolha decente ao posto", disse.

Moro também revelou que as trocas não iriam parar com Valeixo, mas também afetaria o comando da PF em vários outros estados. "Dialoguei muito tempo com o presidente, buscando um entendimento, mas cada vez vi que seria um grande equívoco. Falei para ele [Bolsonaro] de que seria uma mexida polícia, ele disse que seria mesmo. Sinalizei que trocássemos então para um nome que representasse uma continuação do trabalho que estava sendo feito, escolhido pela própria Polícia Federal, mas não obtive resposta", pontuou.

Moro destacou ser expressamente contra mudanças por motivos políticos na Polícia Federal.

"Busquei ao máximo evitar que isso acontecesse, mas foi inevitável. Não foi por minha opção", lamentou o agora ex-ministro.

Segundo o ex-ministro, "não é totalmente verdade" que Valeixo tenha pedido para sair. "O cargo de diretor-geral é o sonho máximo de todo funcionário de carreira. Valeixo nunca sairia voluntariamente do comando da Polícia Federal", destacou, ao revelar que ficou sabendo da exoneração de Valeixo pelo Diário Oficial da União. Ele considerou o termo "a pedido" no texto da exoneração como sendo "ofensivo": "para mim é uma sinalização de que o presidente não me quer no cargo".

Única condição

Também durante o pronunciamento, Moro negou ter assumido o cargo de ministro com a promessa de um cargo no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Disse que como estava abandonando 22 anos da magistratura, contribui 22 anos de previdência e iria perder ao entrar no governo, pedi que como seriamos firmes, que se algo me acontecesse, pedi que minha família não ficasse desamparada sem uma pensão. Foi a única condição que coloquei para assumir o Ministério da Justiça", revelou.

O agora ex-ministro também comentou, durante o pronunciamento, as ações realizadas pela sua gestão frente ao ministério, falou sobre a perda do comando da COAF e lamentou o fato de o projeto Anti-crime não ter avançado como gostaria no Congresso Nacional.

Ele também defendeu a autonomia das instituições de controle, relembrou quando foi convidado por Bolsonaro para ser ministro. "O que foi concordado foi que teríamos um compromisso com combate a corrupção e demais crimes. À época foi-me prometido carta branca para comandar inclusive a Polícia Federal", relembrou Moro

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