'Você foi embora mas mora no meu coração', diz autor de Tic, Tic, Tac sobre Zezinho
Pescador compôs a música, uma declaração de amor ao Rio Amazonas, e viu sua criação ganhar o mundo com o Carrapicho. 'Ele deu vida à minha toada'
Zezinho Corrêa e o Carrapicho rodaram o mundo inteiro levando Tic, Tic, Tac para praticamente todos os países. E enquanto viviam o sucesso, um simples senhor em Parintins celebrava. Era Braulino Lima, pescador e compositor da toada, que vive até hoje na Ilha Tupinambarana.
Os sorrisos e abraços que marcavam os reencontros entre o criador e a voz que deu fama à criatura deram lugar às lágrimas neste sábado, quando Braulino soube da morte de Zezinho, que nunca deixou de visitá-lo quando ia a Parintins. "Zezinho, você foi embora mas mora no meu coração. Ficam as lembranças suas aqui comigo até o dia que Deus precisar de mim e mandar me buscar", disse Braulino, emocionado e com a fala arrastada, um misto da emoção e das reações de quem, aos 82 anos, convive com a doença de Parkinson.
"A gente está com o coração partido de ver o Zezinho 'largar nós' e ir viajar para onde ninguém sabe como está", lamentou Braulino, que não escondeu sua revolta com a doença que hoje assola o mundo e levou Zezinho. "Essa desgraçada dessa doença tá acabando com muita gente nossa. Não tem limite, até médico vai no meio".
Amigo de vários integrantes do Carrapicho da formação clássica, Braulino disse que Zezinho era com quem ele se dava melhor. "Ele era uma pessoa amiga, sorridente. A gente se encontrava e ele me abraçava. Agora ele deixa um vazio no meu coração", disse o pescador que teve sua canção, uma declaração de amor ao Rio Amazonas, eternizada pelo amigo. "Ele deu vida a minha toada".