Alerta

Outubro Rosa: especialista destaca a importância do diagnóstico precoce

Entre as mulheres, os tumores de mama são os que têm a maior incidência, representando 45% dos casos

Gabriel Machado
online@acritica.com
05/10/2024 às 14:06.
Atualizado em 05/10/2024 às 17:15

O Outubro Rosa é uma campanha de conscientização sobre o câncer de mama e do colo do útero (Reprodução)

Cinco mil amazonenses devem receber o diagnóstico de algum tipo de câncer, anualmente, até 2025, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Entre as mulheres, os tumores de mama são os que têm a maior incidência, representando 45% dos casos, com a estimativa de mais de 500 em 2024. Diante dessa realidade, o diagnóstico em fase inicial continua sendo a principal arma no combate à doença, tendo como aliados os exames de rastreio.

Por conta destes números, a campanha mundial Outubro Rosa se mostra tão importante. Ela surge para alertar o público feminino sobre os cuidados de prevenção e diagnóstico, além de conscientizar a população a respeito do câncer de mama.

"O diagnóstico precoce é crucial para o sucesso do tratamento do câncer de mama, pois aumenta significativamente as chances de cura. Quando detectado em estágios iniciais, as opções de tratamento são menos agressivas e mais eficazes. Os principais métodos de detecção precoce incluem o autoexame das mamas, a mamografia [recomendada a partir dos 40 anos] e exames clínicos regulares. Mamografias de rastreamento são a principal ferramenta para identificar lesões ainda não palpáveis", afirmou a oncologista da Oncoclínicas Manaus, Aline Hada.

De acordo com a especialista, as opções de tratamento incluem: cirurgia (conservadora ou mastectomia), quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, terapias-alvo e imunoterapia. "Nos últimos anos, houve avanços significativos nas terapias-alvo e imunoterapia, que têm permitido tratamentos mais personalizados e menos tóxicos. A abordagem multidisciplinar e os tratamentos neoadjuvantes [antes da cirurgia] têm evoluído, aumentando as chances de conservar a mama e melhorar a qualidade de vida das pacientes", completou.

Conscientizar para salvar

A conscientização é essencial para promover o rastreamento e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Durante o Outubro Rosa, campanhas educativas aumentam a adesão aos exames de rotina, incentivam o autocuidado e a disseminação de informações sobre fatores de risco e sintomas.

"Essas campanhas têm sido eficazes para alertar mulheres, especialmente aquelas em populações vulneráveis, sobre a importância de cuidar da saúde mamária", afirmou Aline.

Além de exames regulares, o autocuidado para prevenir e combater a doença inclui a adoção de hábitos saudáveis, como uma dieta equilibrada, prática regular de atividade física, controle do peso, evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo. "Estudos mostram que essas práticas podem reduzir o risco de desenvolvimento de câncer de mama. A amamentação também está associada à diminuição do risco em algumas mulheres", pontuou.

Tecnologia

Na oncologia, a tecnologia desempenha um papel fundamental e com relação ao diagnóstico e o tratamento do câncer de mama não tem sido diferente. "Mamografias 3D [tomossíntese] aumentam a precisão na detecção, especialmente em mulheres com mamas densas. A inteligência artificial [IA] está sendo cada vez mais utilizada para interpretar exames de imagem, permitindo diagnósticos mais rápidos e precisos. Além disso, terapias-alvo baseadas em biomarcadores específicos estão revolucionando o tratamento, com menor toxicidade e maior eficácia", finalizou Aline.

Relato

A auxiliar administrativa e artesã de crochê Soraya Grijó Alves, de 25 anos, foi diagnosticada com câncer de mama em janeiro deste ano. Ela iniciou a investigação de nódulos palpáveis na mama, em outubro de 2023, e realizou exames de imagem e biópsias - até receber os resultados confirmando a neoplasia.

"Minha primeira reação foi chorar. Lembro que li o resultado da biópsia em casa e, quando vi escrito ‘carcinoma’, já sabia do que se tratava. Chorei muito, não consegui dormir nessa noite, até que, no dia seguinte, fui encontrar com minha mastologista doutora Karissa Lopes [também do Grupo Oncoclínicas]. Ela esclareceu todo o meu diagnóstico e me deu orientações sobre ele. Essa consulta foi essencial para o entendimento do meu caso e, a partir daí, eu senti que nem tudo estava perdido e que eu precisava ser forte para realizar o tratamento", relatou Soraya.

Todo o processo, do diagnóstico às etapas do tratamento, foi marcado por desafios - como a possibilidade de não engravidar, por exemplo.

"Ainda não havia pensado em filhos, mas, ao receber a notícia que o tratamento poderia afetar minha fertilidade, foi como se eu ficasse sem chão. Claro que não é uma certeza de que ficaria infértil após o tratamento, mas a possibilidade existia e eu não podia ignorar isso. Encontrei forças no meu noivo, que, em nenhum momento, me deixou desistir e foi comigo em todas as consultas, exames e sessões", contou.

O tratamento de Soraya começou em março deste ano. Ela realizou seis sessões de quimioterapia, juntamente com a imunoterapia. A auxiliar administrativa lembra que foi complicado, pois, a partir da quarta sessão, a sua imunidade foi baixando, deixando-a cada vez mais fraca. "Mas consegui finalizar todo o tratamento com o suporte da doutora Aline Hada, que sempre estava disposta a me ajudar com as medicações para reduzir os efeitos colaterais. Me surpreendi comigo mesma, quem, em muitos momentos, pensei em desistir, mas me mantive forte. Acredito que não por mim, mas por minha família", reforçou.

A rede de apoio, inclusive, foi indispensável para que Soraya conseguisse finalizar o tratamento. "Meu noivo estava sempre comigo, meus pais, meus irmãos e minha tia sempre presentes. Essa foi a minha rede de apoio, nunca deixaram de me dar suporte físico e emocional. Fora isso, o crochê, em si, foi muito importante para mim. Ocupar minha mente com algo que me faz bem foi de grande valia", acrescentou.

Hoje, a auxiliar administrativa está em processo de remissão. "Minha mente já mudou muito, era uma pessoa de pouca fé e sem muitas esperanças. Hoje, sinto que sou uma nova pessoa, renasci. Me cuido mais fisicamente e mentalmente também, penso no futuro com mais certezas, ainda tenho muitas coisas para viver e muito para conquistar", declarou.

"O maior conselho que posso dar para quem está enfrentando essa luta é, quando você pensar em desistir, abrace a pessoa mais próxima de você, você vai sentir o motivo para não desistir", concluiu Soraya.

  

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