Quarta Fit

Os perigos do Ozempic

O Ozempic é usado de maneira off-label para controle da obesidade, ou seja, mesmo que não esteja na bula original, pode ser utilizado

Junio Matos
20/03/2024 às 10:03.
Atualizado em 20/03/2024 às 10:03

(Foto: Divulgação)

Originalmente receitado para pacientes diabéticos do tipo 2, o Ozempic é um medicamento com princípio ativo da semaglutida, substância semelhante ao hormônio GLP-1 produzido pelo nosso organismo, o qual atua estimulando a secreção de insulina, suprimindo a secreção de glucagon, desacelerando o esvaziamento gástrico, melhorando a sensibilidade à insulina e agindo na redução do consumo dos alimentos.

Ou seja, controla a diabetes e tira a fome, atuando como uma espécie de “jejum forçado”, pois se o indivíduo não tem fome, ele não come, logo, emagrece e diminui a quantidade de açúcar no sangue, controlando os níveis de glicose. A aplicação do Ozempic é feita através de uma caneta com a dosagem do remédio, injetado diretamente sob a pele, em regiões como abdômen, coxa e braços, sem injetar nas veias ou músculos. 

Embora este medicamento tenha se mostrado eficaz no controle da diabetes do tipo 2, seus efeitos no tratamento da obesidade também se mostraram promissores, por isso o Ozempic é usado de maneira off-label, ou seja, mesmo que não esteja na bula original, pode ser utilizado. Não demorou para que pessoas não diabéticas e/ou obesas se aproveitassem desse medicamento para fins estéticos, visando o emagrecimento. Rapidamente esta prática se tornou sensação e com a alta demanda de compras, o medicamento começou a faltar nas farmácias. Para André Vinycius Pereira, farmacêutico e conselheiro regional de farmácia do Amazonas, esta prática acaba prejudicando quem realmente precisa do medicamento. 

“Essa grande procura do Ozempic para fins estéticos acaba esgotando os estoques em muitos lugares, prejudicando quem realmente faz o tratamento para diabetes, até porque como ele custa muito caro e é difícil alguém conseguir comprar maior quantidade para fazer estoque. Se houvesse maior controle na venda do produto, seria possível resguardar o medicamento para essas pessoas que mais precisam dele”, apontou o conselheiro. 

André Vinycius, conselheiro regional de farmácia do Amazonas

 As pessoas têm esse mau costume de ir sempre pelo caminho mais rápido e fácil. Ninguém quer investir anos de treino e dieta, preferem abusar de medicamentos supostamente milagrosos, mesmo que custem caro, para ter o “corpo dos sonhos”. O que precisa ser compreendido urgentemente é que essa prática acaba sempre fazendo o indivíduo voltar ao ponto de partida, uma vez que ele não foi educado a se alimentar direito e sim parou de comer do nada por conta do efeito do remédio. Ao fim do uso do medicamento, a pessoa volta a comer e ganha tudo de novo, vivendo num eterno loop de efeito sanfona, como ainda afirma o conselheiro. 

“O uso sem orientação e feito por automedicação pode trazer sérios riscos à saúde e, além disso, essa pessoa fica mais vulnerável aos efeitos colaterais deste medicamento que, no fim das contas, acaba não sendo tão eficaz se a pessoa aposta todas as fichas no medicamento. Se não mudar os hábitos de vida, os hábitos alimentares e associar a uma reeducação alimentar, quando parar de utilizar o medicamento, provavelmente vai ganhar peso novamente. Ou seja, aquele famoso efeito sanfona vai naturalmente acontecer e é difícil manter um gasto com cerca de 1.000 a 2.000 reais por mês para manter o uso deste medicamento. De qualquer forma, antes de pensar em qualquer estratégia para emagrecimento, buscar ajuda médica e nutricional, bem como procurar orientação farmacêutica antes de utilizar qualquer medicamento”, finalizou André, enaltecendo a importância da busca por auxílio médico e nutricional. 

Além de tudo, o Ozempic é um medicamento e, como todo remédio, tem seus efeitos adversos. Alguns efeitos colaterais do Ozempic incluem náusea, vômitos, constipação, dor abdominal, gases, além de fadiga e tontura, porque o indivíduo simplesmente não come nada e acaba sentindo fraqueza e queda na energia. Imagina, seu corpo tá acostumado com uma quantidade diária de calorias, aí você simplesmente corta 80% dessa quantidade, lógico que haverá reações adversas. Diversos efeitos são esperados, incluindo a flacidez por conta do emagrecimento repentino, deixando o rosto e várias partes do corpo sofrendo o efeito da gravidade. A melhor e mais segura maneira de emagrecer é com déficit calórico calculado por um nutricionista, pois ele vai ajustar sua alimentação para sua rotina diária, sem que haja perda de energia ou queda no consumo de vitaminas diárias.

Então é isso, frangolino, para de querer pular etapas. Tu passou a vida inteira se alimentando mal, sem treinar, sem caminhar e agora vê um medicamento novo e já quer aplicar. Nem sempre o caminho mais rápido é o melhor para você. Isso serve para estradas e escolhas da vida também. Sua saúde é sua prioridade, a estética é apenas uma consequência. É perda de tempo apelar para métodos milagrosos, chás e medicamentos, quando a melhor e mais duradoura estratégia é a boa e velha dieta e treino. Não faça nada da sua cabeça, não siga as loucuras que a blogueira fitness falou. Se for usar qualquer medicamento, seja para o que for, consulte um médico. Segue o plano que vai dar certo!

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