"Isolamento social pode afetar qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer lugar", afirmou Chido Mpemba, enviado da União Africana para a Juventude
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ontem (16) a criação de uma Comissão Internacional para Conexão Social para lutar contra a epidemia da solidão, que considerou "uma ameaça premente para a saúde". Durante os próximos três anos, a comissão vai abordar a solidão como uma ameaça global e urgente para a saúde, promover a conexão social como uma prioridade e acelerar a ampliação de soluções em países de todo o mundo.
A nova comissão da Organização Mundial da Saúde liderada pelo diretor-geral da organização Tedros Adhanom Ghebreyesus, pelo cirurgião-geral norte-americano Vivek Murthy e pelo enviado da União Africana para a Juventude, Chido Mpemba, é composta por 11 políticos, líderes de opinião e defensores de causas.
Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, esta é “a primeira iniciativa global para combater a epidemia da solidão” que “ajudará a estabelecer a conexão social como uma prioridade de saúde global e a partilhar as intervenções mais promissoras”, afirmou em entrevista coletiva.
"As elevadas taxas de isolamento social e de solidão em todo o mundo têm consequências graves para a saúde e o bem-estar. As pessoas sem ligações sociais suficientemente fortes correm um maior risco de sofrer um acidente vascular cerebral, ansiedade, demência, depressão, suicídio e muito mais", alertou Ghebreyesus. "Os jovens não são imunes à solidão. O isolamento social pode afetar qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer lugar", afirmou Chido Mpemba, enviado da União Africana para a Juventude.
O isolamento social e a solidão são fenômenos generalizados que afetam a saúde e o bem-estar de pessoas de todas as idades e em todo o mundo, ao contrário da perscepção que afeta apenas pessoas mais velhas nos países desenvolvidos. De acordo com dados avançados pela OMS, uma em cada quatro pessoas idosas sofre de isolamento social em todas as regiões do mundo e entre 5 a 15% dos adolescentes também sofre de solidão.
No âmbito desta iniciativa, a OMS alertou para os riscos que o isolamento social e a solidão têm na saúde, numa publicação na rede social X.
"Dadas as profundas consequências para a saúde e para a sociedade da solidão e do isolamento, temos a obrigação de fazer os mesmos investimentos na reconstrução do tecido social da sociedade que temos feito para abordar outras preocupações globais de saúde, como o consumo de tabaco, a obesidade e a crise da dependência”, defendeu o cirurgião-geral dos EUA Vivek Murthy, durante o encontro.
Vivek Murthy acredita que é possível “construir um mundo menos solitário, mais saudável e mais resiliente" e demonstrou interesse pela oportunidade de “trabalhar em estreita colaboração com um grupo essencial de Comissários para promover a ligação social - uma componente vital do bem-estar”.
A Comissão sobre Conexão Social, apoiada por uma equipa da OMS com sede em Genebra, realizará sua primeira reunião de 6 a 8 de dezembro e prevê a publicação de um relatório dentro de um ano e meio, sobre o projeto que terá duração de três anos.