Saúde masculina

Novembro azul: menos preconceito, mais saúde

Resitência ao exame de toque retal surge como obstáculo para o diagnóstico precoce do câncer de próstata

Gabriel Machado
bemviver@acritica.com
09/11/2024 às 19:06.
Atualizado em 09/11/2024 às 19:11

(Foto: Divulgação)

Historicamente, os homens têm o costume de dar menos atenção à saúde e, à medida que se inicia a campanha do Novembro Azul, intensifica-se uma batalha silenciosa entre a ala masculina: o preconceito acerda do exame de toque reta, principal meio para identificar alterações na próstata.

Desta forma, o estigma que cerca o câncer na região segue impedindo que muitos homens busquem informações e cuidados preventivos, em qualquer época do ano.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), até o final de 2024, estima-se que sejam diagnosticados mais de 70 mil casos da doença, somente no Brasil, fazendo deste o tumor mais incidente entre os homens - depois do câncer de pele não-melanoma. Enquanto isso, o Amazonas deve registrar 570 casos da neoplasia, no mesmo período.

Conforme o urologista da Oncoclínicas Manaus, Pedro Henrique Cabral, as diretrizes médicas atuais sugerem iniciar o rastreamento do câncer de próstata aos 45 anos para os homens com familiares com a doença ou afro-descendentes. "Eles têm um risco maior de desenvolver o tumor. Homens sem fatores de risco devem iniciar o rastreamento de câncer de próstata aos 50 anos", completou.

O especialista explica que a suspeita do câncer de próstata, em geral, surge quando o urologista solicita o exame de sangue PSA (antígeno prostático específico) e o resultado demonstra elevação nos níveis da proteína produzida pela doença. "Quando o PSA está elevado, deve-se, então, solicitar a ressonância magnética multiparamétrica da próstata", acrescentou Pedro Henrique ao VIDA & ESTILO.

Segundo o urologista, o procedimento é, atualmente, o melhor exame de imagem para visualizar um tumor na prostáta. "Quando a ressonância magnética identifica uma área suspeita para câncer na próstata, realizamos uma biópsia para confirmar o diagnóstico".

Novidades

Além do exame de toque e do PSA, a grande novidade diagnóstica, nos últimos anos, é a biópsia transperineal de próstata com fusão de imagens - trazida a Manaus, recentemente, pelo Grupo Oncoclínicas e o especialista.

Nesta técnica, a agulha é introduzida através da pele do períneo (região entre o ânus e o escroto) e não através do canal anal, sem nenhum contato com as fezes, como na biópsia transretal - o que diminui o risco de infecção na próstata, chamada de prostatite.

"Fora isso, o uso da tecnologia de fusão de imagens permite maior precisão na obtenção dos fragmentos de biópsia, diminuindo o risco de um resultado negativo incorreto. Com o uso das fusão de imagens, conseguimos diagnosticar tumores menores, mais precoces e aumentado as chances de cura do paciente", concluiu o urologista.

Tratamento

As opções de tratamento do câncer de próstata dependem de vários fatores, incluindo o estágio e a agressividade da doença, a saúde geral do paciente e, até mesmo, as preferências pessoais. O tratamento deve ser individualizado.

"Tumores pequenos, pouco agressivos e inicias podem ser conduzidos com vigilância ativa, em que o paciente é monitorado de perto e é tratado apenas se houver progressão do câncer. Isto é possível, pois muitos tumores de próstata são indolentes e jamais vão crescer", revelou Pedro Henrique.

A cirurgia de retirada de toda a próstata com uso do robô cirúrgico, a chamada prostatectomia radical robótica, é o procedimento "padrão-ouro", atualmente, para o tratamento da maioria dos homens - principalmente para aqueles mais saudáveis.

"O uso da robótica minimiza os ricos de perda de urina [incontinência urinária] e disfunção erétil, após retirada da próstata. Quando o tumor está encapsulado na próstata, a prostatectomia radical cura 9 a cada 10 pacientes tratatos com este método", frisou.

Para pacientes mais idosos, debilitados e com maior risco cirúrgico, a radioterapia combinada ocm bloqueio do hormônio masculino, em geral está bem indicada. "Tumores avançados e com metástases em gânglios ou osso, em geral, são tratados com bloqueio da testosterona e quimioterapia", finalizou o especialista.

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