Estudos apontam que Ozempic e Wegovy, conhecidos pelo tratamento de diabetes e obesidade, também podem reduzir em até 56% os casos de transtorno de uso de álcool
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Nos últimos meses, o Ozempic, inicialmente desenvolvido para o tratamento de diabetes tipo 2, tem ganhado destaque mundial por sua
eficácia na perda de peso, desencadeando um verdadeiro boom entre consumidores e profissionais da Saúde. Com relatos de reduções significativas no apetite e resultados impressionantes na balança, esse fármaco tem gerado debates acalorados sobre suas implicações não somente na saúde pública, mas também na dinâmica do mercado de emagrecimento e na necessidade de regulamentação.
Uma das discussões mais recentes, por exemplo, diz respeito à possível redução dos casos de transtorno de uso de álcool. O estudo foi publicado, no ano passado, pela revista científica Nature Communications.
De acordo com Hércules Marques, têm surgido muitos estudos para aplicação do Ozempic em diversas outras áreas. Porém, são trabalhos iniciais e que precisam de mais tempo. (Foto: Divulgação)
O efeito do Ozempic ocorre quase que de imediato, o que fez com que muitas pessoas o buscassem com o intuito de emagrecer. Entretanto, Hércules lembra que o tratamento para a perda de peso vai além da medicação. “É necessária uma mudança do estilo de vida, trabalhando uma reeducação alimentar com o nutricionista, prática de atividade física regular, controle de ansiedade e compulsão alimentar com psicoterapia".
Os benefícios, no entanto, são animadores. Com o emagrecimento (seja com o uso da medicação ou não), vem, também, a redução do risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão, diabetes e, até mesmo, alguns tipos de câncer. “O Ozempic atua imitando alguns hormônios produzidos na parede do intestino. Após realizar uma refeição, quando o alimenta chega no intestino delgado, algumas células específicas produzem hormônios que atrasam o esvaziamento do estômago, prolongando a saciedade”, explicou o endocrinologista.
Conforme Hércules, esses hormônios agem em diversas outras regiões do corpo humano, com destaque à área do centro da fome no cérebro - diminuindo, assim, o apetite. “O Ozempic atua, ainda, no pâncreas, estimulando a maior secreção de insulina quanto mais alto for o nível de glicose. Assim, hoje, ele é indicado no tratamento de diabetes mellitus tipo 2 e obesidade”, acrescentou.
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Muitas vezes, o ganho excessivo de peso pode estar associado a alguns transtornos psicológicos, como depressão, ansiedade e compulsão alimentar, ou ao uso de medicamentos psiquiátricos. Por isso, o acompanhamento multidisciplinar com apoio de psicoterapia se torna essencial nesses pacientes - independente do uso do Ozempic ou não.
Assim como todo medicamento, é indispensável o paciente se consultar com um médico especialista antes de recorrer ao Ozempic. “O medicamento é contraindicado em pacientes com alergia aos componentes, além de crianças e mulheres grávidas ou que estejam amamentando. Caso o paciente apresente quadro de pancreatite [inflamação do pâncreas] durante o uso dele, deverá descontinuar o tratamento. Em alguns casos específicos de câncer de tireóide, é necessário discutir os riscos e os benefícios do uso com um profissional”, listou Hércules.
Devido aos seus efeitos colaterais, como náuseas, constipação e diarreia, entre outros, o Ozampic é indicado em dose baixa - que, conforme a avaliação médica, vai sendo reajustada.