Saúde

Muito mais do que estética: cirurgia ortognática transforma a qualidade de vida

Indicada para corrigir deformidades dentofaciais, esse procedimento também traz melhoras para a mastigação, fala, respiração e a estabilidade das articulações

Gabrielly Gentil
26/01/2025 às 15:06.
Atualizado em 26/01/2025 às 15:09

Equipe de Giovanna Jacobina, participante do BBB 25, impressionou a todos ao divulgar o antes e depois da jovem após a cirurgia (Reprodução)

A participante do BBB25 Giovanna Jacobina impressionou o público com sua transformação. Mas você sabia que por trás dessa mudança está um procedimento cirúrgico chamado Cirurgia Ortognática? Indicada para corrigir deformidades dentofaciais, esse procedimento tem o poder de transformar não apenas a aparência, mas também a qualidade de vida das pessoas.

Nathalia Gramari Rossi, cirurgiã-dentista, especialista em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial, destaca que o principal motivo para a realização da cirurgia é a presença da deformidade dentofacial que afeta diretamente a vida do paciente, como por exemplo: paciente prognatas (possuem o queixo muito pra frente), paciente retrognatas (possuem o queixo muito pra trás), assimetrias na face, sorriso gengival (exposição exagerada da gengiva ao sorrir), apneia obstrutiva do sono (ronco).

Benefícios

Segundo a especialista, existem três categorias nas quais os pacientes obtém benefícios com a cirurgia ortognática. “A primeira delas é funcional, onde o paciente apresenta uma melhora significativa na mastigação, fala, respiração e estabilidade das articulações da ATM (Articulação Temporomandibular)”.

“A segunda categoria é a estética, onde desenvolvemos a harmonização facial ao paciente, proporcionando equilíbrio e proporções faciais mais harmônicas. Por fim, temos a questão psicológica, na qual a autoestima do paciente é restabelecida e a qualidade de vida é significantemente melhorada”, completa.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito através de anamnese, na qual o profissional vai avaliar a queixa do paciente, além do seu histórico de saúde, seguido de exame físico, onde é necessário realizar uma análise facial do paciente, além de avaliação da oclusão e dos elementos dentários e por fim a avaliação de exames complementares, como radiografias, tomografia da face, análise cefalométrica e análise de modelos das arcadas dentárias.

O procedimento cirúrgico inicia muito antes do paciente na mesa de cirurgia. A tecnologia permite um planejamento virtual da cirurgia ortognática, simulando a correção das desproporções faciais antes do procedimento. “Isso facilita a nossa abordagem no momento da cirurgia, diminuindo o tempo cirúrgico e trazendo melhores resultados, tranquilizando o paciente”, destaca Nathalia. 

As técnicas mais utilizadas são a osteotomia tipo lefort I (nome dado ao corte no osso da maxila), osteotomia sagital de ramo mandibular (nome dado ao corte no osso da mandíbula) e a osteotomia horizontal deslizante do mento (mais conhecida como mentoplastia).

Recomendações 

A recuperação é gradual. “Geralmente os pontos são removidos após duas semanas. Após 30 dias, o paciente pode retornar à alguma das suas atividades, porém são necessários cerca de dois à três meses para retornar às suas atividades físicas normalmente”, pontua a cirurgiã-dentista.

Existem alguns cuidados necessários, Gramari lista os principais: “alimentação liquida-pastosa e fria, não realizar atividade física, manter uma boa higiene oral, tomar as medicações corretamente, não tomar sol, não ficar com a cabeça abaixada e evitar de assoar o nariz”.

Efeitos colaterais 

Além do inchaço, que é o efeito colateral mais comum, alguns pacientes podem apresentar hematomas na face; dormência em algumas regiões, como lábio, queixo, região abaixo dos olhos; limitação de abertura bucal e perda de peso, devido alimentação ser apenas liquida-pastosa.

“Existem alguns mitos que circulam sobre a cirurgia ortognática. O principal mito é que o paciente, após a cirurgia, terá que ficar com a boca amarrada. No entanto, com os materiais de fixação, como placas e parafusos, e as técnicas cirúrgicas atuais, isso não existe mais. Outro mito comum é que o pós-operatório é muito doloroso. Hoje, conseguimos controlar as dores dos pacientes com medicamentos convencionais, como analgésicos e anti-inflamatórios. Por fim, muitos pacientes questionam se é verdade que a cirurgia pode ser feita em consultório. É claro que não pode, pois é necessário anestesia geral para a sua realização”, conclui a profissional.

Relato

A história da administradora Camila Lima, de 33 anos, com a ortognática começou aos 13 anos, quando usou aparelho ortodôntico pela primeira vez. Ela recebeu um alerta sobre possíveis dores de cabeça por volta dos 40 anos, mas adiou o tratamento.

Após remover o aparelho, continuou com problemas de assimetria facial e dores de cabeça. Em 2020, um neurologista a encaminhou para um especialista em bucomaxilofacial. “Logo na primeira consulta fui muito bem acolhida e informada sobre toda a jornada que viria pela frente – a cirurgia ortognática com prótese sob medida”, recorda a paciente.

A cirurgia foi realizada com anestesia geral, então Camila não sentiu dor ou incômodo. “O procedimento durou 8 horas e incluiu a implantação de uma prótese de titânio, parafusos e placas. Após a cirurgia, iniciaram-se os cuidados intensivos, incluindo alimentação, fisioterapia orofacial e outros procedimentos para recuperar a mobilidade e sensibilidade do rosto”. 

Camila passou pela cirurgia em setembro de 2021, e, desde então, teve contato com pelo menos 50 pacientes ou possíveis pacientes ortognáticos. Ela posta tudo no Instagram @ortognaticamilalimasc.

“Esse procedimento me afetou de forma muito positiva! Antes eu tinha vergonha de me posicionar em fotos, evitava falar em público, tentava ao máximo esconder meu rosto. Hoje eu já consigo me sentir livre para expor o rosto e o sorriso, sem vergonha. Com relação à qualidade de vida, não sinto mais as dores de cabeça intensas que eu tinha”, celebra.
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