A redução dos custos de produção dos biossimilares permite que eles sejam oferecidos a um preço inferior, beneficiando o sistema de saúde e o paciente final
Tais medicamentos são semelhantes em composição e efeito terapêutico aos biológicos de referência (Reprodução)
Com o aumento da demanda por tratamentos de alto custo e a necessidade de ampliar o acesso a medicamentos essenciais, os medicamentos biossimilares estão ganhando espaço no Brasil como uma alternativa eficaz e econômica para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Esses medicamentos, semelhantes em composição e efeito terapêutico aos biológicos de referência, são produzidos a partir de organismos vivos e têm exigências rigorosas de comprovação de segurança e eficácia. A redução dos custos de produção dos biossimilares permite que eles sejam oferecidos a um preço inferior, beneficiando o sistema de saúde e o paciente final.
A Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) de rituximabe, estabelecida em 2019 entre a multinacional Sandoz, a empresa nacional Bionovis e o laboratório público Bio-Manguinhos/Fiocruz, mostra como essas parcerias entre o setor público e privado são essenciais para reduzir barreiras de acesso.
O rituximabe, um anticorpo monoclonal indicado para o tratamento de artrite reumatoide e linfomas não-Hodgkin, começou a ser distribuído gratuitamente pelo SUS em 2020. A colaboração tem proporcionado benefícios tanto econômicos quanto de capacitação tecnológica para o Brasil, destacando o país na fabricação de medicamentos complexos.
Um estudo recente, publicado na revista científica Value in Health, revelou que a PDP de rituximabe gerou uma economia de 20% nos gastos do governo com o medicamento.
Além da economia, a PDP também contribuiu para o aumento no número de doses disponíveis, refletindo o crescimento de 28% na distribuição aos pacientes. Esse aumento foi especialmente relevante para os pacientes que dependem do medicamento, cujas doses podem variar conforme a prescrição médica e a condição tratada.
A inclusão do rituximabe pelo SUS se mostra também necessária diante da alta incidência das doenças tratadas por esse medicamento. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 2023 e 2025, são esperados cerca de 11.540 novos casos de leucemias, incluindo leucemia linfocítica crônica, e 12.040 novos casos de linfomas não-Hodgkin no Brasil.
Para o tratamento dessas condições, o uso de rituximabe tornou-se um marco importante na ampliação do acesso gratuito a terapias essenciais, beneficiando diretamente os pacientes. Além disso, dados do Global Burden of Diseases (GBD) de 2020 indicam que a artrite reumatoide afeta cerca de 17,6 milhões de pessoas no mundo, e cerca de 75.000 pacientes no Brasil recebem tratamento com medicamentos biológicos pelo SUS, dos quais 6.775 fazem uso de rituximabe.
Marcelo Belapolsky, Country Head da Sandoz no Brasil, ressalta que a redução dos custos com biossimilares, sem perda de eficácia e segurança, representa um verdadeiro avanço no acesso a medicamentos de alto custo. A Sandoz se destaca como pioneira no setor, com um portfólio global que inclui oito moléculas biossimilares aprovadas e distribuídas em mais de 100 países, e outras 15 em desenvolvimento, promovendo tratamentos acessíveis para mais de 730 milhões de pacientes.
Outro aspecto importante da PDP de rituximabe é a capacitação de profissionais locais. A transferência de tecnologia tem permitido ao Brasil desenvolver mão de obra qualificada, fortalecendo o mercado nacional de saúde e aumentando a independência do país na fabricação de medicamentos complexos.