ALERTA DE SAÚDE

Manaus registra aumento de 4% nos casos de câncer intestinal, um dos mais fatais do AM

Para o Amazonas, o INCA estima 300 novos casos para para cada ano do triênio 2023 - 2025

Robson Adriano
online@acritica.com
27/03/2023 às 18:53.
Atualizado em 28/03/2023 às 19:14

(Foto: Divulgação)

Dados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) apontam um aumento de 4% nos casos do tipo colorretal ou intestinal em Manaus. O número saltou de 174 casos em 2020 para 181 em 2021 com 96 e 75 óbitos, respectivamente. Para o Amazonas, o INCA estima 300 novos casos para cada ano do triênio 2023 – 2025.

O diagnóstico precoce ainda é a maior ferramenta para a eficácia do tratamento. Segundo o presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), o médico Sérgio Pessoa, esses números refletem nos números de internação. "Boa parte dos pacientes já é internada com a doença em fase avançada que efetivamente é necessário tomar medidas de urgência. Porque quanto mais avançada a dificuldade é maior", declarou o presidente em entrevista ao A Crítica.

Um exame mais detalhado pode identificar a presença de pólipos intestinais e acender um alerta no paciente para um possível diagnóstico de câncer. "A identificação de pólipos é feita por exame de colonoscopia. Elas são lesões pré-malignas. A partir do momento que se faz a identificação em pacientes que não têm sintomas, é possível o diagnóstico de lesões em fase inicial e facilmente tratáveis", disse o médico.

Mudança no funcionamento do intestino, diarreia, presença de sangue nas fezes, dor abdominal, anemia, alteração de apetite e cansaço após mínimo esforço físico são alguns dos sintomas apontados pelo médico. "Em relação a hábitos de vida, o que se sabe é que a doença está relacionada ao diabetes, obesidade, sedentarismo, ingestão excessiva de carnes embutidas e enlatados, como salame e linguiça. Os hábitos de prevenção são justamente evitar todos esses já listados e ter uma dieta rica em minerais e vegetais", pontuou.

Fatores de risco

Alguns fatores de risco contribuem para o desenvolvimento da doença, destaca o chefe do serviço de Endoscopia da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), médico endoscopista Marcelo Tapajós. Ele cita, por exemplo, o histórico familiar de câncer de intestino e as doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn.

“Pacientes com essas doenças devem ter acompanhamento individualizado”, pontua. Conforme Tapajós, é consenso também, atualmente, que o excesso de carne vermelha e de carnes processadas, açúcar, bebidas alcoólicas, tabagismo e a obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal.

Conforme o diretor-presidente da Fcecon, mastologista Gerson Mourão, a unidade hospitalar disponibiliza à população tratamento para o câncer de cólon e reto em todas as fases de evolução da doença.

“A FCecon disponibiliza ferramentas de tratamento com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Precisamos avançar cada vez mais para que esses casos sejam diagnosticados em fase inicial para que o paciente tenha maiores chances de cura”, afirma Mourão.

Marcelo Tapajós, chefe do serviço de Endoscopia da FCecon (Foto: Divulgação)

Alimentação

Os alimentos embutidos, processados, enlatados em excesso são fatores que corroboram para o surgimento de câncer no intestino. Segundo pesquisa da Kantar Consultoria, divulgada no dia 8 de março, entre 2019 e 2022 a preferência por salgados em alimentação fora de casa aumentou de 11% para 15%, enquanto as refeições diminuíram de 7% para 4% no período. 

De acordo com a Kantar, os salgados substituíram as refeições, principalmente, no café da manhã e no lanche da tarde. Desde 2019, 89% do crescimento de salgados ocorreu nestas ocasiões, já a retração nas refeições de almoço foi de 61% no período. Com o aumento dos preços, os dados da Kantar apontam que consumidores das classes D e E foram os mais afetados pela inflação das refeições, que cresceram 35,7% no último ano para esse grupo.

Para a nutricionais Nayara Queiroz, a alta nos preços dos alimentos in natura, como vegetais e legumes contribuem para que famílias optem por uma alimentação mais baratos como os enlatados.

"De um tempo para cá houve um aumento exponencial nos alimentos in natura. Como houve esse aumento as pessoas vão buscar outros alimentos que ao ver delas é mais barato e cabe no bolso delas. O embutido e os enlatados é a unica opção que tem. É uma realidade de algumas famílias", pontuou.

Já para quem tem acesso e condições de ter uma alimentação mais saudável, a nutricionista avalia que a escolha por alimentos dessa categoria é pela praticidade.

"Agora falando sobre as camadas que tem a possibilidade de consumir alimentos in natura já não se trata de acesso, mas de praticidade. Nesse caso uma intervenção nutricional já é necessária. Fazer com que as pessoas entendam que a longo prazo efeitos negativos vão surgir como diabetes, hipertensão e câncer. A sugestão que dou é diminuir esse consumo e fazer um planejamento alimentar", frisou.

A matéria foi atualizada com a correção de que a estimativa do INCA é de 300 novos casos para cada ano do triênio 2023 - 2025, não 100 casos a cada ano como divulgado anteriormente.

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