Para o Amazonas, o INCA estima 300 novos casos para para cada ano do triênio 2023 - 2025
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Dados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) apontam um aumento de 4% nos casos do tipo colorretal ou intestinal em Manaus. O número saltou de 174 casos em 2020 para 181 em 2021 com 96 e 75 óbitos, respectivamente. Para o Amazonas, o INCA estima 300 novos casos para cada ano do triênio 2023 – 2025.
O diagnóstico precoce ainda é a maior ferramenta para a eficácia do tratamento. Segundo o presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), o médico Sérgio Pessoa, esses números refletem nos números de internação. "Boa parte dos pacientes já é internada com a doença em fase avançada que efetivamente é necessário tomar medidas de urgência. Porque quanto mais avançada a dificuldade é maior", declarou o presidente em entrevista ao A Crítica.
Um exame mais detalhado pode identificar a presença de pólipos intestinais e acender um alerta no paciente para um possível diagnóstico de câncer. "A identificação de pólipos é feita por exame de colonoscopia. Elas são lesões pré-malignas. A partir do momento que se faz a identificação em pacientes que não têm sintomas, é possível o diagnóstico de lesões em fase inicial e facilmente tratáveis", disse o médico.
Mudança no funcionamento do intestino, diarreia, presença de sangue nas fezes, dor abdominal, anemia, alteração de apetite e cansaço após mínimo esforço físico são alguns dos sintomas apontados pelo médico. "Em relação a hábitos de vida, o que se sabe é que a doença está relacionada ao diabetes, obesidade, sedentarismo, ingestão excessiva de carnes embutidas e enlatados, como salame e linguiça. Os hábitos de prevenção são justamente evitar todos esses já listados e ter uma dieta rica em minerais e vegetais", pontuou.
Alguns fatores de risco contribuem para o desenvolvimento da doença, destaca o chefe do serviço de Endoscopia da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), médico endoscopista Marcelo Tapajós. Ele cita, por exemplo, o histórico familiar de câncer de intestino e as doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn.
Conforme o diretor-presidente da Fcecon, mastologista Gerson Mourão, a unidade hospitalar disponibiliza à população tratamento para o câncer de cólon e reto em todas as fases de evolução da doença.
Marcelo Tapajós, chefe do serviço de Endoscopia da FCecon (Foto: Divulgação)
Os alimentos embutidos, processados, enlatados em excesso são fatores que corroboram para o surgimento de câncer no intestino. Segundo pesquisa da Kantar Consultoria, divulgada no dia 8 de março, entre 2019 e 2022 a preferência por salgados em alimentação fora de casa aumentou de 11% para 15%, enquanto as refeições diminuíram de 7% para 4% no período.
De acordo com a Kantar, os salgados substituíram as refeições, principalmente, no café da manhã e no lanche da tarde. Desde 2019, 89% do crescimento de salgados ocorreu nestas ocasiões, já a retração nas refeições de almoço foi de 61% no período. Com o aumento dos preços, os dados da Kantar apontam que consumidores das classes D e E foram os mais afetados pela inflação das refeições, que cresceram 35,7% no último ano para esse grupo.
Para a nutricionais Nayara Queiroz, a alta nos preços dos alimentos in natura, como vegetais e legumes contribuem para que famílias optem por uma alimentação mais baratos como os enlatados.
Já para quem tem acesso e condições de ter uma alimentação mais saudável, a nutricionista avalia que a escolha por alimentos dessa categoria é pela praticidade.
"Agora falando sobre as camadas que tem a possibilidade de consumir alimentos in natura já não se trata de acesso, mas de praticidade. Nesse caso uma intervenção nutricional já é necessária. Fazer com que as pessoas entendam que a longo prazo efeitos negativos vão surgir como diabetes, hipertensão e câncer. A sugestão que dou é diminuir esse consumo e fazer um planejamento alimentar", frisou.
A matéria foi atualizada com a correção de que a estimativa do INCA é de 300 novos casos para cada ano do triênio 2023 - 2025, não 100 casos a cada ano como divulgado anteriormente.