CAMPANHA DE PREVENÇÃO

Fevereiro laranja tem foco no diagnóstico precoce da Leucemia

Especialista alerta para os sintomas e a importância do diagnóstico no combate aos variados tipos de leucemia

Gabriel Machado
09/02/2025 às 11:04.
Atualizado em 09/02/2025 às 11:04

(Foto: Divulgação/Iges-DF)

Durante as próximas semanas, a campanha Fevereiro Laranja destaca a leucemia, um tipo de câncer que afeta o sangue e a medula óssea, e reforça a urgência do diagnóstico precoce. Com sintomas que podem ser confundidos com outras doenças, como fadiga excessiva, palidez e hematomas frequentes, é crucial que a população esteja atenta a esses sinais e busque orientação médica. O tratamento, que pode incluir quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, transplante de medula óssea, é mais eficaz quando iniciado precocemente. “Informação é fundamental para entender melhor sobre o tema”, alertou Fernanda Braga, médica hematologista da Oncoclínicas SENSUMED.

Antes de iniciar os alertas e cuidados, a especialista explica a diferença entre as leucemias aguda e crônica, pois ambas têm evolução e prognósticos muito diferentes. “As leucemias agudas são doenças mais graves. Os sintomas iniciam de forma súbita e a evolução para uma doença grave é rápida, consequentemente, exigindo um tratamento mais rápido e agressivo”, afirmou.“Já as leucemias crônicas são doenças que evoluem de forma lenta. Geralmente, os pacientes são poucos sintomáticos e muitos fazem o diagnóstico por alterações em exames de rotina. Elas têm ótimo prognóstico e, em alguns casos, não há necessidade de tratamento”, acrescentou Braga.

Dentre essas duas variações, há quatro tipos de leucemia: duas agudas e duas crônicas. Dentro do primeiro grupo, temos a Leucemia Mieloide Aguda (LMA), que se desenvolve rapidamente e afeta as células mieloides, responsáveis por produzir glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas. Os sintomas incluem fraqueza, febre, infecções frequentes, manchas roxas na pele, sangramentos e dores ósseas.

“O prognóstico da LMA é variável e depende de diversos fatores, como a idade do paciente, o subtipo da doença e a presença de outras condições médicas. É a leucemia mais comum no mundo e a mais frequente nos idosos”, disse a médica hematologista.

Ainda neste grupo, há a Leucemia Linfoide Aguda (LLA), que também se desenvolve rapidamente, mas afeta as células linfóides, que produzem os linfócitos (um tipo de glóbulo branco). “Os sintomas são semelhantes aos da LMA e o prognóstico costuma ser melhor em crianças do que em adultos. É o câncer mais frequente das crianças”, concluiu.

Crônicas

Já no caso das leucemias crônicas, há a Leucemia Mieloide Crônica (LMC) e a Leucemia Linfoide Crônica (LLC). A primeira é uma doença de progressão lenta que afeta as células mieloides. Conforme Braga, muitos pacientes com LMC não apresentam sintomas no início da doença. Quando presentes, esses sinais podem incluir fraqueza, perda de peso, sensação de empachamento, dor abdominal e aumento do baço.

“Graças aos avanços no tratamento, como os medicamentos inibidores de tirosina quinase, o prognóstico da LMC melhorou muito e muitos pacientes têm uma vida normal”.

Já a LLC é uma doença de progressão lenta que afeta os linfócitos. É mais comum em pessoas mais velhas e, frequentemente, não causa sintomas por muitos anos. “A doença pode ser descoberta em exames de sangue de rotina. O prognóstico da LLC é variável, e alguns pacientes podem viver muitos anos sem precisar de tratamento, enquanto outros podem ter uma progressão mais rápida da doença. É a leucemia mais comum no Brasil”, destacou a especialista.

Fatores de risco

A leucemia, assim como outros tipos de cânceres, possui fatores de risco, como exposição à radiação, a quimioterápicos e a substâncias contendo benzeno (sem material de segurança), além de algumas doenças genéticas, como a Síndrome de Down e anemia de Fanconi, e do tabagismo.

“Infelizmente, não é possível evitar todos os fatores de risco, mas algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de leucemia, como evitar a exposição à radiação desnecessária, evitar o contato com substâncias químicas tóxicas, não fumar e manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e prática de atividades físicas”, indicou a médica hematologista.

Sintomas

Um dos maiores obstáculos enfrentados por pacientes diagnosticados com leucemia diz respeito aos sintomas iniciais, pois os mesmos podem ser inespecíficos e comuns, também, para outras doenças. Entretanto, alguns deles merecem atenção, como: cansaço persistente, falta de ar, fraqueza, febre ou calafrios recorrentes, infecções frequentes ou graves, sangramentos, manchas roxas na pele, dor nos ossos ou articulações, inchaço dos gânglios linfáticos, perda de peso sem causa aparente, aumento do baço, sensação de empachamento e suor sem motivo, especialmente, à noite.

O diagnóstico precoce da leucemia é fundamental para iniciar o tratamento o mais rápido possível e aumentar as chances de sucesso. Esse processo geralmente envolve o exame físico, onde o médico irá examinar o paciente em busca de sinais como palidez, sangramentos, gânglios inchados e aumento do baço; e os exames de sangue. ”O hemograma completo é um exame fundamental, que avalia as células do sangue (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas) e pode indicar alterações sugestivas de leucemia”, completou Braga.

Para confirmar o diagnóstico, é necessário fazer a avaliação da medula óssea - conhecida como a fábrica do sangue. Tais exames incluem: mielograma, em que se retira uma amostra da medula óssea para análise; e biópsia, principalmente nos casos de leucemia mieloide crônica.

Testes genéticos

Atualmente, existem procedimentos que podem auxiliar na detecção precoce e na escolha do tratamento para leucemia. Alguns exemplos incluem: testes genéticos, que identificam alterações nos genes das células leucêmicas, que podem ajudar a classificar o tipo de leucemia, determinar o prognóstico e escolher o tratamento mais adequado; e biomarcadores moleculares, que são substâncias presentes no sangue ou na medula óssea que podem indicar a presença de leucemia ou sua progressão. Alguns biomarcadores também podem ser utilizados para monitorar a resposta ao tratamento.

Nos últimos anos, houve avanços significativos no tratamento e manejo da leucemia, com o desenvolvimento de novas terapias que têm mostrado resultados promissores, com as terapias-alvo, a imunoterapia e o transplante de medula óssea. “As terapias-alvo são medicamentos que atacam especificamente as células leucêmicas, poupando as células saudáveis. Já a imunoterapia utiliza o sistema imunológico do paciente para combater as células leucêmicas. Um tipo de imunoterapia promissora é a terapia com células CAR-T, que consiste em modificar as células de defesa do paciente para atacar as células cancerígenas”, frisou a médica hematologista.

Enquanto isso, o transplante de medula óssea segue sendo um dos tratamentos mais importantes para alguns tipos de leucemia, especialmente, em pacientes mais jovens e com bom estado de saúde geral. “Há também novos medicamentos quimioterápicos que têm sido desenvolvidos com o objetivo de aumentar a eficácia do tratamento e reduzir os efeitos colaterais”.

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