Dia Mundial sem Tabaco

Especialistas destacam perigos do cigarro e listam desafios para largar o vício

Tabaco é um dos principais fatores de risco para o câncer de pulmão; confira dicas de como abandonar o cigarro de vez

Gabriel Machado
online@acritica.com.br
03/06/2024 às 15:32.
Atualizado em 03/06/2024 às 15:32

Oncologista clínico e membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, William Fuzita (Fotos: Divulgação)

Em um mundo onde a saúde é o nosso maior tesouro, o Dia Mundial sem Tabaco, celebrado na última sexta-feira (31/05), chega para nos lembrar do poder de optar pela vida. Respirar fundo, sem a fumaça e as substâncias tóxicas do cigarro, é um ato não somente de amor próprio, mas também por quem está sempre ao nosso lado.

É importante reforçar que o tabagismo surge como um dos principais fatores de risco - se não o principal - do câncer de pulmão, em decorrência de diversas substâncias cancerígenas presentes tanto nos cigarros tradicionais quanto nos eletrônicos. Porém, o perigo não para por aí, conforme adianta o oncologista clínico Gabriel Kamei Guimarães.

"O uso prolongado da nicotina leva a danos celulares que acarretam o desenvolvimento desde doenças inflamatórias, como doença pulmonar obstrutiva crônica e enfisema pulmonar, por exemplo, até doenças malignas, dentre elas a leucemia mielóide aguda e os cânceres de pulmão, bexiga, pâncreas, fígado, colo do útero, esôfago, laringe [cordas vocais], cavidade oral [boca], faringe [pescoço], estômago e colorretal", enumerou o oncologista clínico.

Para aqueles que lutam contra o vício do tabagismo, Gabriel acredita que o primeiro passo deve partir da "conscientização do eu". "O paciente precisa ter acesso à informação quanto aos riscos a curto, médio e longo prazo que o tabaco pode provocar em sua vida. Desde o impacto financeiro, os problemas sociais e familiares até os danos à saúde acumulados ao longo dos anos. Partindo da informação, o paciente cria, então, a conscientização necessária para se munir de estratégias para iniciar sua jornada de cessação do tabagismo", explicou.

Ele destaca que existem estratégias de diversos tipos, que vão desde políticas de redução de danos a tratamentos medicamentosos. "O acompanhamento multidisciplinar, com psicologia, terapia ocupacional e odontologia, entre outros, é de suma importância, também, para que possamos garantir o sucesso na jornada do paciente, pois atuar em cima dos fatores comportamentais é uma das chaves para o sucesso do tratamento. Dentre o arsenal farmacológico, existem uma gama de medicações que podem ajudá-lo durante as fases do seu acompanhamento, em que o médico vai se basear nas informações fornecidas [pelo paciente] para determinar a melhor medicação como aliada nesse processo", finalizou o oncologista clínico.

Oncologista clínico Gabriel Kamei Guimarães ()

 Desafios

De acordo com o oncologista clínico e membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, William Fuzita, são vários os desafios de tratar o câncer de pulmão, a neoplasia mais fortemente associada ao tabagismo. A começar pela dificuldade de detectar o tumor precocemente.

"Por isso, é crucial que as pessoas que fumam parem imediatamente e mantenham um acompanhamento médico regular para realizar exames de rastreamento oncológico. Muitas vezes, o câncer de pulmão é diagnosticado tardiamente, em estágios avançados, o que torna o tratamento mais difícil e reduz as chances de cura", pontuou o oncologista clínico.

Além disso, segundo Fuzita, o acesso aos tratamentos oncológicos também é um grande obstáculo, especialmente para aqueles que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). "Infelizmente, ele [o SUS] nem sempre oferece todos os medicamentos e opções de tratamento como os disponíveis no sistema privado, o que torna o tratamento do câncer de pulmão ainda mais desafiador para a maioria da população".

Para o oncologista clínico, é fundamental promover medidas de prevenção, como a cessação do tabagismo, e melhorar o acesso a diagnóstico precoce e tratamento adequado para todos os pacientes - independentemente do sistema de saúde ao qual têm acesso. "Essas ações são essenciais para melhorar os resultados e aumentar as chances de cura para aqueles que enfrentam o câncer de pulmão", concluiu Fuzita.

Vício

Tratar qualquer tipo de vício nunca é fácil, e com o tabagismo não é diferente. Por conta da nicotina, substância muito viciante que entra ligeiramente no cérebro, o corpo se torna, rapidamente, dependente do tabaco. Em razão disso, quando o fumante tenta abandonar o cigarro, ele se esbarra em diversas barreiras, como irritação, ansiedade, dificuldade de concentração, aumento do apetite e um forte desejo de fumar, o que torna o processo de parar extremamente difícil.

"Fumar, muitas vezes, torna-se parte da rotina diária, como fumar com o café da manhã ou durante pausas no trabalho, o que faz com que quebrar esses hábitos seja complicado. Muitos fumam para lidar com o estresse ou emoções negativas e, sem o cigarro, precisam encontrar novas maneiras de gerenciar essas emoções. Os efeitos imediatos de prazer e relaxamento do cigarro reforçam o hábito, tornando difícil a decisão de parar", acrescentou Fuzita.

A pressão social, conforme o oncologista clínico, também desempenha um papel importante. "Se você tem amigos ou familiares que fumam, pode ser difícil parar por causa da influência social e dos gatilhos ao seu redor. A facilidade de encontrar cigarros também dificulta a manutenção da abstinência. Algumas pessoas podem ter uma tendência genética a se tornarem mais viciadas em nicotina, o que torna mais difícil para elas parar de fumar", completou.

Ele defende que, para parar de fumar, é útil o uso de uma abordagem que inclua medicamentos, terapias comportamentais, apoio social e a adoção de novos hábitos saudáveis. "Métodos como Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), medicamentos prescritos, grupos de apoio e aconselhamento podem ajudar muito no processo de parar de fumar", finalizou.

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