Saúde

Dor crônica: entenda os desafios e conheça tratamentos

Especialista desmistifica a condição e fala sobre cuidados, prevenção e tratamentos disponíveis

Gabriel Machado
online@acritica.com
17/11/2024 às 18:42.
Atualizado em 17/11/2024 às 18:42

De acordo com Filipe Lobão, cerca de 40% da população experimenta dor ao longo do ano (Divulgação)

A dor crônica é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada pela persistência (da dor) por mais de três meses. Por isso, é importante não somente saber identificá-la, mas, também, conhecer seus fatores de risco e tratamentos disponíveis.

O médico anestesiologista Filipe Lobão explica que a enfermidade pode ser classificada em três categorias: nociceptiva, neuropática e nociplástica.

“A [dor] nociceptiva é localizada e facilmente identificável, enquanto a neuropática afeta nervos e pode se manifestar como choques, queimação ou formigamento. Já nociplástica não tem uma causa aparente, sendo difusa e difícil de localizar”, pontuou.

De acordo com o especialista, cerca de 40% da população experimenta dor ao longo do ano, com uma taxa de cronicidade variando entre 7% e 40% - dependendo da população estudada.

“As anormalidades do sistema musculoesquelético são as mais frequentes razões para a ocorrência de dor crônica, uma das causas mais comuns de incapacidade para o trabalho”, disse Filipe, listando as dores na região lombar e nas articulações como sendo as mais recorrentes.

Elas podem se manifestar, o anestesiologista adianta, por má postura, traumas, sedentarismo, predisposições genéticas, obesidade, abuso de medicações analgésicas, antecedentes de estresse psicológico, dieta inapropriada e pós-operatório, entre outros fatores.

Em segundo lugar, prevalecem as dores de cabeça, com ênfase na cefaleia tensional e na tão comum enxaqueca.

Segundo Filipe Lobão, a dor interfere em diversas funções orgânicas, levando o paciente ao sofrimento pelo aumento gradativo das incapacidades físicas.

“A intensidade, localização e duração da dor têm papel determinante na limitação das atividades diárias. Os pacientes com dores crônicas frequentemente não têm consciência do seu nível de atividade física, uma vez que os parâmetros objetivos e subjetivos diferem, podendo o indivíduo superestimar esse nível, considerá-lo adequado e não ter a intenção nem motivação para mudar seu comportamento”, frisou o anestesiologista.

A qualidade de vida mental também é uma consequência negativa da dor, tendendo a piorar com o passar do tempo - evoluindo com afecções psicológicas, como, por exemplo, a depressão.

“As alterações do sono são frequentes, podendo aumentar o nível de estresse e piorar a parte cognitiva, afetando atividades no trabalho e em casa. Vira um ciclo vicioso entre baixa qualidade do sono; aumento do cansaço; depressão; aumento da intensidade e percepção da dor crônica; e piora da qualidade do sono”.

No trabalho, ele destaca a dor como sendo responsável por grande aumento de absenteísmo, necessidade da mudança de função, queda na produtividade e desemprego.

“A dor crônica afeta a vida social e familiar concomitantemente com as atividades de lazer dos indivíduos. As emoções negativas, a irritabilidade e a raiva apresentam impacto negativo nas relações interpessoais e no estresse familiar. A vida profissional, social e diária dos familiares também acaba sendo afetada. Vários estudos comprovam que 60 a 70% dos familiares que são cuidadores apresentam uma ou mais patologias relacionadas ao fato”, resumiu.

Tratamento

Conforme Filipe, é importante ter em mente que a dor crônica pode ser de causa multifatorial e, além do uso de um amplo espectro de medicações, a área da chamada Educação com Dor é a que mais se preconiza.

“Ela consiste na orientação e conscientização do paciente perante ao quadro em que ele se encontra. Buscar, na história clínica, os fatores que desencadearam sua queixa [nem sempre possível], bem como os fatores que a agravam. Entender que sua afecção teve um longo tempo para se instalar e se adaptar, e que o tratamento é também de longo prazo. Portanto, será necessário o comprometimento e disciplina com o mesmo”, indicou o anestesiologista.

Impreterivelmente, a abordagem multidisciplinar será necessária e, a depender do caso, outras especialidades entrarão na terapêutica, como: fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras, acupunturistas e educadores físicos.

“A multidisciplinaridade inclui os tratamentos medicamentosos e não-medicamentosos. Neste último, inclui terapia cognitivo comportamental, atividade física diversa, cinesioterapia, eletroterapia, alongamentos, medidas de mindfulness, termoterapia e hipnose, entre outros”, concluiu.

Prevenção

Em se tratando da dor musculoesquelética - a mais prevalente de todas -, a prevenção se dá por prática constante de atividade física (com ênfase na musculação) e alimentação saudável com suplementação adequada e objetiva.

“Terapias de relaxamento, educação postural e mindfulness se mostraram relevantes na manutenção das capacidades cognitivas diárias. O sono é parte indispensável na saúde de qualquer indivíduo e, para sua eficácia, ele começa antes de irmos para cama”, acrescentou Filipe.

“Pacientes vítimas de traumas ou com as mais diversas patologias, bem como os pós-cirurgias, devem ficar atentos ao desenvolvimento de dor crônica a longo prazo. A terapia envolve otimização eficaz de medicações e reabilitação adequada”.

De acordo com Filipe Lobão, cerca de 40% da população experimenta dor ao longo do ano.

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