Com o intuito de ampliar o acesso à informação sobre a doença, que pode afetar até 1,3 bilhão de indivíduos no mundo até 2050, a comunidade global de saúde pública celebra anualmente, no dia 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes
Mais de 20 milhões de brasileiros convivem com diabetes. Esse é o número de pessoas afetadas pela doença no País segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2023. Globalmente, um estudo publicado na revista científica The Lancet, conduzido por pesquisadores do projeto Global Burden of Diseases (Carga Global de Doenças), estima que até 2050 o diabetes possa afetar até 1,3 bilhão de pessoas no mundo.
Silenciosa e perigosa, a condição crônica é caracterizada pela dificuldade do organismo em regular os níveis de glicose no sangue e, se não tratada, pode levar a complicações graves. Para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico da doença, celebra-se, desde 1991, em 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes, em homenagem ao aniversário de Sir Frederick Banting, co-descobridor da insulina, junto com Charles Best.
A endocrinologista Larissa Figueiredo, consultora do Sabin Diagnóstico e Saúde, explica que há dois tipos principais de diabetes: tipo 1, relacionada a fatores genéticos; e tipo 2, mais comum, diretamente associada à obesidade, dietas inadequadas e sedentarismo.
O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica, histórico médico e exames laboratoriais, como glicemia de jejum (que mede os níveis de açúcar após um período sem alimentação de, no mínimo, oito horas), hemoglobina glicada (que avalia o controle da glicose nos últimos três meses, sem necessidade de jejum) e teste oral de tolerância à glicose (TOTG), que agora inclui uma medição adicional após 60 minutos, além das aferições em 0 e 120 minutos, melhorando a precisão dos resultados.
Para garantir bons resultados no tratamento, o paciente precisa ter cuidado com a automedicação. O supervisor farmacêutico da rede Santo Remédio, Jhonata Vasconcelos, alerta que certos medicamentos podem interferir no controle dos níveis de glicose, causando complicações como hiperglicemia ou danos a órgãos como rins e coração.
Segundo Vasconcelos, o acompanhamento constante e a busca por orientação profissional são essenciais. “É fundamental que os pacientes informem o médico sobre todos os medicamentos que estão utilizando e esclareçam todas as dúvidas. Isso também pode ser feito nas farmácias, onde há profissionais qualificados para orientar e, em alguns casos, medir a taxa glicêmica, quando o serviço está disponível.”
Uma alimentação adequada também é essencial para o controle do diabetes e, devido aos avanços nos tratamentos, a doença não é mais vista como uma sentença de restrições alimentares. Fernando Paiva, nutricionista e professor do curso técnico em Nutrição do Centro de Ensino Técnico (Centec), explica que é possível adaptar receitas tradicionais sem abrir mão do sabor.
O segredo está na escolha de alimentos com baixo índice glicêmico, que são digeridos de forma mais lenta, ajudando a evitar picos de glicose. Paiva sugere substituições simples, como trocar o arroz branco pelo integral, que é rico em fibras, ou optar por pães integrais ou de fermentação natural, que têm menor impacto glicêmico.
Além disso, o nutricionista destaca a importância do consumo de peixes, especialmente na Amazônia, onde há uma rica oferta. Embora persista a ideia de que pessoas com diabetes devem evitar doces, ele afirma que é possível preparar sobremesas saborosas e saudáveis, substituindo o açúcar refinado por adoçantes naturais. “Independentemente da receita, o mais importante é consumir alimentos com moderação, pois o excesso pode causar danos futuros ao organismo. Consulte sempre um profissional”, enfatiza.