Com a crescente preocupação em garantir que os filhos recebam todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável, muitos pais têm recorrido a suplementos como uma solução prática
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Em um contexto onde a alimentação das crianças é frequentemente questionada, a suplementação infantil tem sido cada vez mais debatida entre pais, nutricionistas e pediatras. Com a crescente preocupação em garantir que os pequenos recebam todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável, muitos recorrem a suplementos como uma solução prática. No entanto, é essencial entender os verdadeiros benefícios, os cuidados necessários e os mitos que cercam essa prática.
A médica pediatra Raquel Ester Gonçalves Barroso conta que, hoje em dia, no Brasil, recomenda-se que, na primeira semana de vida da criança, haja a introdução de vitamina D como suplementação, na dose indicada - que varia de acordo com vários fatores, como o tempo de nascimento do bebê ou se a mãe teve, por exemplo, anemia durante a gestação.
Além disso, quando se trata de um bebê muito pequeno, deve-se voltar às atenções para a mãe. "É importante ver os níveis de vitamina dessa mãe, na fase da gestação e da lactação. Então, solicitar exames para que a gente possa identificar as possíveis deficiências nutricionais que essa criança possa estar exposta", explicou Raquel.
A pediatra destaca que a suplementação infantil, de forma geral, é superimportante, principalmente para combater o que chamamos de "fome oculta", que são aquelas deficiências nutricionais - observadas, inclusive, em crianças que podem comer bem.
Por isso, é fundamental observar essa criança de uma forma macro, pois ela pode estar exposta a possíveis deficiências nutricionais. "Hoje em dia, temos vários estudos mostrando os benefícios não só do ferro e da vitamina D, mas falando sobre outros nutrientes e microelementos, como o zinco e as vitaminas B12 e A. Vários outros macros e micronutrientes que precisamos observar, de acordo com a alimentação do pequeno".
Segundo Raquel, os primeiros mil dias - período que engloba desde a fecundação até os primeiros dois anos de vida da criança - são extremamente importantes, em se tratando de alimentação e absorção de nutrientes. "Então, quando falamos desse período e de agravos que acontecem desde lá da gestação, isso pode influenciar fortemente na questão do desenvolvimento dessa criança, desde o desenvolvimento de doenças a questões cognitivas", acrescentou a pediatra.
Avaliação
Para saber se a criança precisa ou não de suplementação, somente por meio de avaliação de um especialista. "A nutrição não diz respeito somente a eu estar, ali, com um alimento ricamente nutritivo, porque tenho que avaliar a digestão desse paciente. Tenho que avaliar a mastigação desse paciente. Tenho que ver se, por exemplo, ele tem sintomas associados, durante a alimentação. Se a mastigação é de forma correta, se ele tem alguma alteração a nível de arcada dentária".
De acordo com a pediatra, alguns sinais que podem indicar a necessidade de uma suplementação alimentar são: cabelo ralo, alteração na pele, infecções recorrentes, alterações gastrointestinais e alteração no padrão das fezes, entre outros. O paciente não estar acompanhando o neurodesenvolvimento ou o tamanho para a idade dele também pode ser indicativo de uma deficiência nutricional.
A pediatra trabalha com suplementação alimentar individualizada. "Quando a gente pensa em uma suplementação individualizada, quero ter o meu paciente o mais bem nutrido possível. Quero que esses níveis [nutricionais] estejam ótimos para garantir saúde e que essa criança cresça e se desenvolva com o seu máximo potencial de saúde".
Os suplementos indicados variam de criança para criança, dependendo, principalmente, da sua idade. "Preciso alinhar, de acordo com cada faixa etária, o que mais esse paciente está precisando, também de acordo com suas individualidades e padrão alimentar", diz a pediatra.
De suplementos importantes, ela cita as vitaminas A, C, D, E e do complexo B; ferro; zinco; selênio; e cálcio, dentre outros nutrientes. "Vamos ter que analisar esses fatores individuais para ver o que cada criança está precisando", encerrou Raquel.