Saúde

De olho na suplementação

Com a crescente preocupação em garantir que os filhos recebam todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável, muitos pais têm recorrido a suplementos como uma solução prática

Gabriel Machado
vida@acritica.com
12/10/2024 às 18:53.
Atualizado em 12/10/2024 às 18:53

(Foto: Reprodução)

Em um contexto onde a alimentação das crianças é frequentemente questionada, a suplementação infantil tem sido cada vez mais debatida entre pais, nutricionistas e pediatras. Com a crescente preocupação em garantir que os pequenos recebam todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável, muitos recorrem a suplementos como uma solução prática. No entanto, é essencial entender os verdadeiros benefícios, os cuidados necessários e os mitos que cercam essa prática.

A médica pediatra Raquel Ester Gonçalves Barroso conta que, hoje em dia, no Brasil, recomenda-se que, na primeira semana de vida da criança, haja a introdução de vitamina D como suplementação, na dose indicada - que varia de acordo com vários fatores, como o tempo de nascimento do bebê ou se a mãe teve, por exemplo, anemia durante a gestação.

"Isso é o que a Sociedade Brasileira de Pediatria preconiza, que seja feita, até mais ou menos ali, nos dois anos de vida. Para todas as crianças".

Além disso, quando se trata de um bebê muito pequeno, deve-se voltar às atenções para a mãe. "É importante ver os níveis de vitamina dessa mãe, na fase da gestação e da lactação. Então, solicitar exames para que a gente possa identificar as possíveis deficiências nutricionais que essa criança possa estar exposta", explicou Raquel.

A pediatra destaca que a suplementação infantil, de forma geral, é superimportante, principalmente para combater o que chamamos de "fome oculta", que são aquelas deficiências nutricionais - observadas, inclusive, em crianças que podem comer bem.

"Há vários fatores, ali, que vão influenciar. Não só na absorção, mas também na digestão dos alimentos. Por exemplo, se for uma criança que come muito industrializados, isso vai interferir na absorção, dependendo do que ela ingere junto com as grandes refeições", pontuou.

Por isso, é fundamental observar essa criança de uma forma macro, pois ela pode estar exposta a possíveis deficiências nutricionais. "Hoje em dia, temos vários estudos mostrando os benefícios não só do ferro e da vitamina D, mas falando sobre outros nutrientes e microelementos, como o zinco e as vitaminas B12 e A. Vários outros macros e micronutrientes que precisamos observar, de acordo com a alimentação do pequeno".

Mil dias

Segundo Raquel, os primeiros mil dias - período que engloba desde a fecundação até os primeiros dois anos de vida da criança - são extremamente importantes, em se tratando de alimentação e absorção de nutrientes. "Então, quando falamos desse período e de agravos que acontecem desde lá da gestação, isso pode influenciar fortemente na questão do desenvolvimento dessa criança, desde o desenvolvimento de doenças a questões cognitivas", acrescentou a pediatra.

Avaliação

Para saber se a criança precisa ou não de suplementação, somente por meio de avaliação de um especialista. "A nutrição não diz respeito somente a eu estar, ali, com um alimento ricamente nutritivo, porque tenho que avaliar a digestão desse paciente. Tenho que avaliar a mastigação desse paciente. Tenho que ver se, por exemplo, ele tem sintomas associados, durante a alimentação. Se a mastigação é de forma correta, se ele tem alguma alteração a nível de arcada dentária".

"Preciso avaliar essa cascata desde lá de cima, e não só esperar que aquele alimento, que é riquíssimo em vitaminas e minerais, esteja cumprindo o papel dele, se eu não consigo avaliar como é que está o intestino, essa mastigação e a digestão do paciente", completou Raquel.

Sintomas

De acordo com a pediatra, alguns sinais que podem indicar a necessidade de uma suplementação alimentar são: cabelo ralo, alteração na pele, infecções recorrentes, alterações gastrointestinais e alteração no padrão das fezes, entre outros. O paciente não estar acompanhando o neurodesenvolvimento ou o tamanho para a idade dele também pode ser indicativo de uma deficiência nutricional.

"A gente precisa avaliar vários fatores, é bem complexo. Mas, se ele tiver algum desses sintomas, precisa-se pensar que essa criança pode estar em deficiência nutricional, sendo necessário proceder aos exames, principalmente, para poder observar essas deficiências e iniciar uma suplementação individualizada e adequada", ressaltou Raquel.

Suplementação individualizada

A pediatra trabalha com suplementação alimentar individualizada. "Quando a gente pensa em uma suplementação individualizada, quero ter o meu paciente o mais bem nutrido possível. Quero que esses níveis [nutricionais] estejam ótimos para garantir saúde e que essa criança cresça e se desenvolva com o seu máximo potencial de saúde".

"É sobre a gente manter níveis adequados dessas vitaminas de forma profilática, para quando esse paciente, por exemplo, vier a contrair alguma infecção respiratória ou algum quadro assim, ele passe por ela de uma forma branda ou que, pelo menos, seja algo que melhore rapidamente e não evolua para complicações", reforçou Raquel.

Suplementos mais comuns

Os suplementos indicados variam de criança para criança, dependendo, principalmente, da sua idade. "Preciso alinhar, de acordo com cada faixa etária, o que mais esse paciente está precisando, também de acordo com suas individualidades e padrão alimentar", diz a pediatra.

De suplementos importantes, ela cita as vitaminas A, C, D, E e do complexo B; ferro; zinco; selênio; e cálcio, dentre outros nutrientes. "Vamos ter que analisar esses fatores individuais para ver o que cada criança está precisando", encerrou Raquel. 

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