O Novembro Azul é o mês dedicado a ampliar o debate sobre saúde masculina com destaque para o câncer de próstata, o mais diagnosticado em homens no mundo
Cirurgia robótica é procedimento menos invasivo com menor tempo de recuperação (Reprodução)
As estatísticas não favorecem o público masculino quando o assunto é cuidar da saúde: três a cada dez homens afirmam não ter o hábito de ir ao médico, e além disso, eles vivem 7,1 anos a menos que as mulheres, conforme dados do Ministério da Saúde. Neste cenário, uma doença perigosa, o câncer de próstata, ainda é rodeada de tabus pela falta de informação. Isso porque já existem novas ferramentas para diagnosticar precocemente e fazer o tratamento.
O Novembro Azul é o mês dedicado a ampliar o debate sobre saúde masculina com destaque para o câncer de próstata, o mais diagnosticado em homens no mundo, perdendo apenas para o câncer de pele, e o segundo causador de óbitos no público masculino. Os números mostram, ainda, que um a cada sete homens será diagnosticado com o tumor.
Os fatores de risco são diversos, segundo especialistas consultados pelo VIDA. Urologistas citam como causas para o câncer fatores imutáveis e mutáveis. No primeiro grupo, a idade avançada, a predisposição genética e homens negros têm maior chance de desenvolver a doença, enquanto o segundo possui relação com o estilo de vida. Se o homem não pratica exercícios físicos, é fumante ou obeso, por exemplo, os riscos aumentariam de duas a três vezes.
“Na fase inicial o câncer não provoca nenhum tipo de sintoma e nesta etapa nós temos as maiores chances de cura. Por isso é importante chamar homens sem nenhum tipo de sintoma para fazer os seus exames preventivos”, destacou o urologista Eugênio Rocha.
O uro-oncologista Cristiano Paiva acrescenta que os cuidados com a alimentação também devem ser considerados para diminuir o risco do câncer. “Primeiro ter uma dieta saudável, evitar carnes vermelhas, principalmente carnes gordas, o excesso de carboidrato, ingerir muitos legumes, frutas e cereais. Isso é importante por causa das fibras que vão ajudar no mecanismo de digestão, de função intestinal”, pontuou Paiva.
O toque retal, também chamado de “exame da próstata”, ainda é considerado um dos métodos principais na identificação de alterações no formato e consistência da próstata a partir dos 40 anos. Segundo os médicos, o toque retal é indolor e dura no máximo 30 segundos, no entanto, os tabus ainda estão presentes, assim como novos mecanismos na medicina.
O urologista Ítalo Cortez explica que um dos exames que colaboram para o diagnóstico é a ressonância multiparamétrica da próstata. “O exame consegue verificar muito bem a área da próstata, exatidão do tamanho, presença de nódulos que tenham restrição ou difusão que caracterizem esse nódulo como um nódulo suspeito de câncer de próstata”, explicou o médico.
Os métodos incluem o teste de PSA, que leva em conta a dosagem no sangue do antígeno produzido pela próstata, e o PHI, ou Índice de Saúde Prostática, exame que vai estratificar se o paciente carrega maior ou menor risco de ter a doença.
“A forma de fechar o diagnóstico é com a biópsia. Essas novas ferramentas nos ajudam a decidir melhor quais pacientes precisam ou não fazer a biópsia de próstata e também nos ajudam a selecionar melhor aqueles pacientes que devem ter um tratamento radical”, afirmou Eugênio Rocha.
Para o tratamento de pacientes diagnosticados com o câncer, as notícias também são animadoras. Conforme os especialistas, a evolução na medicina vem desenvolvendo procedimentos cada vez menos invasivos, permitindo um tempo de recuperação mais rápido e que asseguram a potência e a continência do homem.
É o caso da cirurgia robótica da próstata, na qual o urologista faz o procedimento com o auxílio de procedimentos robóticos. Segundo os médicos, o método reduz o tempo de internação, entretanto, ainda não está disponível no Amazonas.
“Ela ajuda em uma melhor visualização em 3D, ajuda na manipulação dos braços do robô, porque tem mais precisão nas incisões, dissecções que nós fazemos. Antigamente se faziam grandes incisões no abdômen do paciente para retirar a próstata”, citou Cortez.
A radioterapia, tratamento com uso de radiação, segundo Cristiano Paiva, também é apontada pelos especialistas como aliada para a eliminação da doença. “Nos últimos 20 anos avançou muito. Hoje temos radioterapia em 3D com acelerador linear. Existem hoje tecnologias robóticas que ajudam na eficácia da radioterapia e tudo isso beneficia o paciente, deixando o paciente curado, potente e continente”.
Para o urologista Eugênio Rocha, as campanhas para ampliar a informação sobre novos procedimentos na medicina trazem benefícios, principalmente nos homens com idade avançada.
“Eles se beneficiam muito com essas novas tecnologias, sem contar também que nessa faixa etária os homens estão com a vida estabilizada, querem desfrutar e aproveitar a vida. Isso reforça mais ainda a importância de fazer o diagnóstico precoce e chamar os homens para o rastreamento”.