Saúde Masculina

Após descobrir câncer em estágio avançado, aposentado compartilha sua experiência de luta e cura

Aos 73 anos, Manuel compartilha sua jornada de superação, destacando a importância da prevenção e dos exames regulares

Amariles Gama
online@acritica.com
27/11/2024 às 12:11.
Atualizado em 27/11/2024 às 12:17

(Foto: Daniel Brandão)

Entre medos, dores e superação, a verdade é que ninguém sai o mesmo após enfrentar um câncer. É assim que o aposentado Manuel Severino Vieira, de 73 anos, resume a sua jornada após vencer o câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que aponta cerca de 72 mil novos diagnósticos anuais no país. 

No Amazonas, a taxa de incidência é preocupante. Segundo estimativas do Inca, entre 2022 e 2025, o estado deve registrar uma média de 55 casos para cada 100 mil homens. Anualmente, o Amazonas soma cerca de 500 novos casos de câncer de próstata, com alta prevalência em homens com mais de 50 anos. 

Morando em Manaus há 50 anos, o paraibano Manuel Severino descobriu o câncer de próstata em 2020, já em estágio avançado. Além da próstata, o câncer também atingiu a bexiga. Ele relata que procurou o médico após sentir dores nas costas, no abdômen e perceber sangue na urina. 

“Sempre ia fazer os exames, levando o toque, né? Aí, o doutor fez uma ressonância e foi descoberto o câncer. Estava em um estado avançado já, minha próstata estava 90% comprometida. Depois do diagnóstico, o médico disse que tinha que tirar, me preparou bem, eu me preparei. Ele disse: vamos tirar, seu Manuel? E eu fui tirar, fiz uma cirurgia de retirada da próstata”, conta o aposentado.

Assim como Manuel, milhares de homens são surpreendidos com o diagnóstico de câncer de próstata anualmente. A Secretaria de Saúde do Estado (SES-AM) destaca que a falta de exames preventivos leva a diagnósticos tardios, o que pode reduzir significativamente as chances de cura. 

No Amazonas, o diagnóstico tardio, especialmente nas comunidades mais isoladas, deve-se à falta de recursos e ao acesso limitado a serviços médicos, principalmente exames como o Antígeno Prostático Específico (PSA) e o toque retal, fundamentais para detectar a doença. Segundo a médica oncologista Nájla Pinheiro, o diagnóstico precoce é essencial, mas o preconceito e a negligência ainda dificultam o cuidado com a saúde masculina. 

"Esse é um tipo de câncer silencioso, que, quando descoberto em estágios iniciais, tem altas taxas de cura. Nos estadiamentos iniciais não costuma apresentar sintomas e, quando apresenta, os principais são: dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina e a necessidade de urinar mais vezes durante o dia e à noite. Nosso desafio é vencer a resistência e incentivar os homens a procurarem ajuda médica de forma preventiva", destaca a médica.

Médica oncologista Nájla Pinheiro afirma que o preconceito e a negligência ainda dificultam o cuidado com a saúde masculina

Prevenção 

A falta de hábitos preventivos ainda é um desafio no Brasil, principalmente na população masculina. Najla afirma que hábitos saudáveis desempenham papel crucial na prevenção de doenças. Alimentação balanceada, atividade física regular e evitar álcool e cigarro são medidas que ajudam não só a prevenir o câncer, mas diversas outras doenças, segundo destaca a médica. 

“Os exames mais importantes para o check-up anual dos homens são: aferição da pressão arterial, para identificar condições como hipertensão arterial, e os exames de bioquímica comuns, como hemograma, exame de urina, parasitológico de fezes, glicemia, os testes de colesterol, uma ultrassonografia abdominal e, a partir dos 45 anos, o PSA e o exame de próstata. A frequência com que deve ser procurado o urologista é de pelo menos uma vez por ano”, recomendou.

Novembro Azul 

Em novembro, as campanhas Novembro Azul e Novembrinho Azul promovem a conscientização sobre a saúde masculina e o autocuidado de meninos. O objetivo é incentivar o combate ao câncer de próstata e a importância de práticas saudáveis desde a infância. Mas, para além da conscientização sobre o câncer de próstata, a campanha também reflete a necessidade de superar preconceitos e desigualdades no acesso à saúde. 

No caso do aposentado Manuel, os exames revelaram o câncer de próstata e bexiga em um momento crítico, mas o tratamento trouxe esperança. Segundo a oncologista, o tratamento do câncer de próstata depende do estágio em que a doença é detectada, podendo incluir a cirurgia nos estágios iniciais, a radioterapia, a hormonioterapia e a quimioterapia, reservadas para os estágios mais avançados ou metastáticos. 

Renascimento 

Após o diagnóstico de câncer, Manuel passou por uma cirurgia de retirada da próstata e revela que enfrentou a doença com coragem e determinação. “No tratamento, a gente fez a cirurgia, aí eu tomei os medicamentos, seis injeções, depois tomei mais quatro e fiquei tomando aquelas aplicações, aí encerrou. Eles faziam sempre uma consulta, faziam todos os exames e não dava mais nada”, relata. 

“Hoje eu estou 100%, me sinto 100%. Por mim eu já estou curado, só dependendo de o médico dizer: seu Manuel, não venha mais aqui. Praticamente estou curado, porque todo o tempo eu venho, faço os exames PSA, não dá nada, eu não sinto dor de cabeça, febre, cansaço, dor em lugar nenhum eu sinto mais”, celebrou o aposentado.

Manuel revela como a cirurgia e o tratamento transformaram sua vida após o diagnóstico tardio de câncer de próstata e bexiga

Historias como a de Manuel ressaltam a importância de vencer o preconceito e investir em exames regulares para o diagnóstico precoce e tratamento adequado. Ele afirma que, após essa experiência, o conselho que ele dá aos homens é que procurem ajuda médica para fazer os exames regulares e o acompanhamento adequado, porque é seguro. 

“Tem tratamento, tem cura, não é o fim, é o conselho que eu dou para todos”, destacou. “Minha vida mudou 100%. Porque as pessoas, quando aparecem com essa situação, aí todo mundo fala: morreu, vai já morrer. E, graças a Deus, com os poderes de Deus, em primeiro lugar ele, ele que me curou, me mostrou as pessoas certas, os médicos, as enfermeiras, e eu estou curado”, completou.

Agora livre do câncer, Manuel deixa uma mensagem de esperança: “Eu me sinto novo, eu me sinto novo, porque eu estava acabado, estava no fim do poço. Foi uma renovação na minha vida e vou repetir de novo: eu estou novo”.

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