Reflexão

'Ansiedade' é eleita a palavra do ano de 2024, de acordo com pesquisa

Estudo foi feito pelo Instituto de Pesquisa Ideia em parceria com a Cause e o aplicativo PiniOn, e reflete o aumento dos transtornos emocionais no Brasil

Tiago Melo
online@acritica.com
29/12/2024 às 13:24.
Atualizado em 29/12/2024 às 13:28

Especialistas apontam a necessidade de práticas de autocuidado para um 2025 mais equilibrado. (Foto: Reprodução)

O Brasil encerra 2024 com a notícia de que “ansiedade” foi eleita a palavra do ano, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Ideia em parceria com a Cause e o aplicativo PiniOn. A escolha reflete não apenas uma questão linguística, mas um sintoma coletivo de uma era que combina ritmo acelerado, pressões cotidianas e expectativas exacerbadas.

A palavra foi escolhida por 22% dos brasileiros, em uma pesquisa que ouviu 1.538 pessoas representando todas as regiões do país. O levantamento aponta como a saúde mental ocupou lugar central nas discussões de 2024, ano marcado por avanços tecnológicos e desafios econômicos que afetaram profundamente a vida pessoal e profissional de milhões.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking mundial de pessoas diagnosticadas com transtornos de ansiedade, com cerca de 19 milhões de casos. Esse número se manteve elevado mesmo após os períodos mais críticos da pandemia de COVID-19, indicando que o problema vai além de crises pontuais. O fim de ano, tradicionalmente, intensifica esse cenário, com as demandas emocionais e logísticas de um período carregado de expectativas.

O termo “síndrome de fim de ano”, embora não oficial, sintetiza bem esse fenômeno. Estudos apontam que o estresse dos brasileiros aumenta em até 75% em dezembro, provocado pela combinação de pressões sociais, balanços pessoais e desafios profissionais.

"As festas de fim de ano, com encontros de familiares e amigos, fazem com que as pessoas sintam a necessidade de mostrar resultados e conquistas, o que nem sempre reflete a realidade”, explica o neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela.

Dezembro e o desafio do planejamento

Para muitos, dezembro é sinônimo de recesso e descanso, mas a verdade é que o mês pode ser tudo, menos tranquilo. A busca por conciliar metas profissionais com celebrações familiares tende a elevar os níveis de ansiedade. "Não é errado planejar as festas ou pensar no recesso de trabalho, mas é essencial delimitar um horário específico para isso", aconselha Jefferson Vendrametto, especialista em carreiras.

Olhar para 2025: rituais de renovacão

Diante desse cenário, especialistas recomendam práticas que ajudem a promover um início de ano mais equilibrado. Desde técnicas de mindfulness até organizações no âmbito pessoal, como faxinas intensas para abrir espaço ao novo, cada gesto tem um papel fundamental.

“Quando se organiza a casa, também se organiza a mente, aumentando a sensação de controle tanto sobre os ambientes quanto sobre a vida”, afirma Camila Shammah, especialista em decoração.

A entrada de 2025 é uma oportunidade para transformar ansiedade em ação planejada. Dividir responsabilidades, estabelecer metas claras e buscar apoio profissional, quando necessário, são passos que ajudam a contornar o peso das expectativas e abrir caminho para um novo ciclo.

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