Contratação

Salazar vai contratar PMs que foram expulsos após acusação de tortura

Vereador mais votado de Manaus deu a declaração em seu podcast. Policiais foram inocentados pelo Tribunal do Júri em 2012

18/10/2024 às 08:30.
Atualizado em 18/10/2024 às 11:08

(Foto: Reprodução)

Candidato mais votado nas eleições de 2024, o vereador eleito Sargento Salazar (PL) anunciou que irá contratar para seu gabinete no próximo ano os policiais militares que foram filmados ameaçando e atirando em um jovem de 15 anos em 2010. Dois deles, André Luiz Castilhos Campos e Rosivaldo de Souza Ferreira, foram absolvidos em júri popular em 2012, mas foram expulsos da Polícia Militar do Amazonas.

André Luiz foi acusado de tentativa de homicídio qualificado e coautoria de roubo qualificado, enquanto Rosivaldo foi acusado de falsa comunicação de crime, coautoria de tentativa de homicídio qualificado e coautoria de roubo qualificado. Em julgamento presidido pelo juiz Mauro Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Júri Popular do Estado do Amazonas, eles respondderam a três perguntas e foram absolvidos pelos jurados.

O Ministério Público, no entanto, recorreu e conseguiu a anulação do júri que absolveu os policiais em 2014. A decisão foi assinada pelo desembargador Rafael Romano, relator do caso e então vice-presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM). A defesa dos réus tentou derrubar a decisão que anulou o julgamento, a fim de que não ocorresse um segundo júri, mas os recursos foram sucessivamente derrubados pelo desembargador Ari Moutinho, no TJ-AM, e pela ministra Rosa Weber, no Supremo Tribunal Federal (STF). 

O caso está em curso desde então. Até outubro de 2024, não ocorreu o segundo julgamento. A última movimentação no processo data de novembro de 2023, com o registro de um documento de procuração.

Além da dupla, estavam envolvidos no caso e foram expulsos: Wesley Souza dos Santos, Marcos Teixeira de Lima e Alexandre de Souza. No vídeo, Salazar afirma que as expulsões foram injustas e que irá contratar todos para trabalhar com ele assim que assumir o cargo de vereador.

“Uma situação muito triste o que aconteceu com esses policiais. Ninguém nunca procurou ajudá-los. Eu vou colocar os cinco policiais no meu gabinete”, disse.

Salazar afirma que o grupo de PMs expulsos “trocaram tiro com vagabundo, a Polícia Militar, nossa instituição, excluiu eles, eles foram a júri popular, eles foram inocentados no júri popular. Mesmo assim, há dez anos que eles se encontram expulsos da instituição”.

O caso chegou a repercutir na mídia nacional em 2010 após as cenas da abordagem violenta dos PMs serem veiculadas pela TV A Crítica. As imagens foram gravadas no dia 17 de agosto daquele ano e mostram o policial agredindo o rapaz. 

O então comandante-geral da Polícia Militar na época, Dan Câmara, afirmou que os policiais “tentaram burlar a ocorrência dizendo que teria sido um confronto”. Procurado pela reportagem para comentar a contratação, o atual deputado estadual pelo Republicanos afirmou que se “o regimento interno da CMM permite a contratação e o eleito assim o decidir, cabe ao povo que o elegeu avaliar”.

“Não votei no Salazar. Quanto à Justiça, cabe ao poder Judiciário julgar ou avaliar o mérito, no caso concreto”, disse.

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