Chamada de "Taxa de Pouca Água" duas navegadores pretendem cobrar US$ 5 mil para o transporte de contêiner durante o período de seca no Amazonas. As cobranças podem chegar à R$32 mil por contêiner
- Quando começam a dizer que estão preocupados com a Amazônia, é conversa. Os caras estão preocupados é com o lucro - afirmou o governador (Foto: Divulgação/Secom)
O governador Wilson Lima criticou, nesta sexta-feira (5), a cobrança “taxa de pouca água” entre R$ 27 mil a R$ 32 mil por contêiner pelas operadoras de transporte. Ele ressaltou que não há razão para o aumento antecipado desse serviço, na medida em que a vazante ainda está no início e não comprometeu a navegabilidade dos rios da região.
A discussão sobre a taxação surgiu após o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa, denunciar durante reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS), na quarta-feira (3), que as empresas de navegação estão cobrando uma alta taxa e acusou de se aproveitarem de um momento “que ainda nem aconteceu para ganhar dinheiro”.
Durante entrevista nesta sexta-feira (5), Serafim disse que a taxa ‘é absurda’ e que providências já estão sendo tomadas.
Após a notificação das taxas, o governador do Amazonas disse que a ação foi recebida com muita indignação pelo governo e pelo comércio, que com uma sobretaxa teria que aumentar os preços das mercadorias para o consumidor final.
O executivo destacou que acionou o Procon e as secretarias competentes para controlar os preços das operadoras.
No ano passado, as empresas operadores de navegação cobravam em média R$13 mil durante a estiagem e mais que dobrou o preço para o período. Divulgado em setembro, período em que a seca já estava dificultando a navegabilidade, a Maersk divulgou em seu site que a taxa “baixa água”, estava em USD 1100, cerca de R$ 6 mil.
A mesma empresa divulgou no dia 3 de julho de 2024 que serão cobrados cerca de R$ 27 mil por contêiner.
Sindarma se manifesta
O Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma) informou, por meio de nota, que as empresas locais que fazem o transporte fluvial de cargas via balsas (navegação interior) não cobram a “taxa da seca”, ou qualquer tarifa extra para transportar produtos e mercadorias no Estado durante os meses de estiagem.
Disse que a cobrança dessa taxa refere-se a empresas internacionais que atuam no transporte de contêineres, via navios, nos sistemas de cabotagem e longo curso e não associadas a esta entidade. “O Sindarma também destaca que, ao longo da história, as transportadoras amazonenses sempre estiveram presentes e cumpriram seu papel de integrar o Estado e a região, do transporte de passageiros ao de cargas e bens essenciais, como combustível para as usinas elétricas no interior do Estado”.
Ressaltou ainda que, nos piores momentos, como na estiagem histórica de 2023, a navegação interior (balsas) realizada pelas empresas amazonenses nunca foi interrompida e foi essencial para abastecer o Polo Industrial de Manaus ano passado, trazendo contêineres no trecho entre Itacoatiara e a cidade, quando os navios de cabotagem não podiam navegar. E sem a cobrança extras ou de “taxa da seca”.