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‘Tudo que um ser humano possa sentir está nesses livros’, diz ex-deputada e autora Beth Azize

Única mulher a comandar o governo do Amazonas interinamente lançou obras com crônicas sobre sua vida pessoal e política

Lucas dos Santos
14/02/2025 às 17:12.
Atualizado em 14/02/2025 às 17:12

Beth Azize, ex-deputada federal e autora dos livros O silêncio dos sinos e Minha voz na política (Foto: Jeiza Russo)

A ex-deputada federal Beth Azize lançou nessa quinta-feira (13) os livros ‘O silêncio dos sinos’ e ‘Minha voz na política’, que retratam crônicas de sua história pessoal e política no estado do Amazonas. Para a imprensa, a ex-parlamentar afirmou que guardou os fatos que estão escritos nas obras “como se fosse um troféu” e que “tudo que um ser humano possa sentir está nesses livros”.

“Eu não represento a unanimidade de nada, nem mesmo das pessoas com quem eu tive a mais íntima convivência. Aqui não tem nada que eu tive de emoção íntima, não tem. Porque as minhas emoções íntimas eu decidi gravar num lugar muito fechado e perigoso, porque eu sempre fui uma pessoa pública, todo mundo queria saber como era a minha vida. Se eu era casada, se eu não tinha filhos, porque me ‘amiguei’ com fulano e não casei com ele. Essas coisas eu não ia botar no papel”, disse.

Enquanto ‘O silêncio dos sinos’ retrata a parte pessoal de Beth Azize, a obra ‘Minha voz na política’ mostra seu dia a dia como parlamentar. Terceira mulher a ser eleita à Câmara Municipal de Manaus (CMM), ao lado de Otalina Aleixo, no pleito municipal de 1976, Beth Azize também foi a primeira e, até agora, única mulher a presidir a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), quando chegou a ocupar interinamente o governo estadual, sendo também a única mulher a exercer o cargo.

Uma de suas crônicas retrata uma realidade que não mudou no estado do Amazonas e outras unidades da federação: o apadrinhamento político, fazendo crítica à postura do então governador Henoch Reis sobre seus assessores. Esse e muitos outros textos já ocuparam as páginas do jornal A Crítica, onde Beth Azize escrevia sua coluna a convite do fundador Umberto Calderaro

“Azize Neto, bacharel em Direito, com curso de especialização em Administração Pública, ex-servidor do Icoti, for contemplado com uma bolsa de estudo de três meses para um curso de Administração Pública em Londres. Isso depois de passar por um exame rigoroso de seleção, um concurso de alto nível, coisa que nenhum dos assessores de Henoch Reis, que entraram pelos buracos das fechaduras, podem fazer, porque não têm coragem de se submeter a um concurso público, daí as nomeações espúrias, ao arreganho da lei e sem critério algum de escolha”, escreveu.

Durante a apresentação do livro, demonstrou certo desencanto com a política brasileira e criticou a postura de algumas mulheres na política atual, afirmando que elas “não sabem transmitir com palavras os problemas que estão aos pés da gente”.

“Mas também não adianta. Quê que adianta eu fazer o que fazia antes? Pra ter esses governos ladrões? Que montam quadrilha pra chegar ao poder e não quer largar, nem que seja no roubo? Mas eu não estou com esse microfone na mão para falar essas coisas”, disse.

Vida longa

A escritora infanto-juvenil Leyla Leong, amiga antiga de Beth Azize, lhe parabenizou pelo lançamento das obras, principalmente ‘O silêncio dos sinos’, que mostra histórias de sua família na cidade de Manaus desde antes da implantação do modelo Zona Franca, que transformou o lugar.

“O título é muito bonito, é o título de uma das crônicas. E se para ti, eu imagino, está sendo um momento muito bonito, para mim também está. Eu te saúdo, você é um exemplo de vitalidade, de pessoa ligada ao mundo e à sua cidade. E você e algumas mulheres, todas as mulheres que estão aqui, assistindo ao lançamento desse livro, e possíveis leitoras, todas estão atuando na sociedade e tentando mudar o mundo”, disse.

Para o professor e cientista social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Wilson Nogueira, Beth Azize representa tanto a participação feminina na política quanto na literatura, relembrando sua trajetória como vereadora, deputada estadual, deputada federal constituinte e a “única mulher a ocupar o governo do estado”.

“Tudo isso representa o que ela foi no sentido de participação na política amazonense e brasileira. Concordo com ela de que deveria ter deixado mais tempo para a literatura, reservado um pouco, porque ela é uma escritora que se sobressai pela beleza dos textos, pela abordagem. Ela trabalha o gênero crônica muito bem e tudo isso, na realidade, é um registro da cidade. A cidade [de Manaus] deve à Beth Azize essa homenagem, porque ela representa tudo isso: a atuação da mulher na política e na literatura”, concluiu.
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