Disputas pelo governo e pelo Senado movimentam partidos, com alianças estratégicas e nomes de peso na corrida política
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Embora a última eleição tenha se encerrado oficialmente com a posse de prefeitos, vices e vereadores no início de janeiro, a política amazonense já está de olho nas cadeiras do governo do Amazonas e do Senado Federal, que entrarão em disputa em 2026. Para o primeiro cargo, o pré-candidato que mais tem se colocado em evidência é o senador Omar Aziz (PSD). Para o segundo, o pelotão é maior e inclui o governador Wilson Lima (União).
Ao contrário do que ocorreu em 2018, Omar Aziz deve caminhar nesta eleição ao lado do grupo político do senador Eduardo Braga (MDB), de quem foi vice entre 2003 e 2011. Além disso, contará com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem já esteve alinhado em 2022.
Outro nome cotado para concorrer ao governo é o do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), que saiu fortalecido das eleições de 2024, após vencer o deputado Capitão Alberto Neto (PL) em uma chapa puro-sangue ao lado de Renato Júnior (Avante). No entanto, David assumiu o compromisso de apoiar Omar Aziz e Eduardo Braga em 2026, o que significa que lançar sua própria candidatura implicaria em um rompimento com o grupo.
Vice de Alberto no pleito municipal, a empresária e reitora Maria do Carmo Seffair (Novo) também é apontada como possível candidata ao governo estadual. Ela pode concentrar o apoio de siglas da direita, como o Partido Liberal (PL), de Alfredo Nascimento, e o Novo, do qual é presidente estadual.
Segundo o cientista político Helso Ribeiro, especular nomes a essa altura ainda é prematuro, mas as cotações nos bastidores indicam que as peças do tabuleiro já começaram a se mover.
Ribeiro cita ainda o grupo político de Omar e Braga, o grupo do senador Plínio Valério, eleito em 2018, e a possibilidade — embora remota — de o ex-prefeito Arthur Virgílio Neto (sem partido) ser candidato. Além disso, nomes à esquerda, como os do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), também devem entrar na disputa.
“Diria que o PT [Partido dos Trabalhadores] provavelmente estará vinculado ao PSD [Partido Social Democrático], que é um partido de centro. E sempre temos o PSOL, PSTU e outros partidos de esquerda que reivindicam espaço. Esses são os grupos que vejo neste momento”, completou.
O cientista também lembrou que Eduardo Braga e Plínio Valério são candidatos naturais à reeleição no Senado e que nenhum dos dois descartou a possibilidade. Outro nome possível é o do ex-deputado Marcelo Ramos (PT), que já demonstrou interesse em concorrer. Após ser derrotado por David Almeida, Capitão Alberto Neto afirmou que pode disputar uma das cadeiras do Senado, caso essa seja a vontade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O governador Wilson Lima, que está em seu segundo mandato e não pode ser reeleito, é outro candidato natural ao Senado, seguindo a trajetória de políticos como Omar Aziz, Eduardo Braga, Gilberto Mestrinho e Amazonino Mendes. Já para o governo do estado, Helso Ribeiro aponta a possibilidade de David Almeida ser candidato, contando com o apoio do vice-governador Tadeu de Souza (Avante), que assumirá o governo caso Wilson Lima se desincompatibilize para concorrer ao Senado.
A aproximação entre partidos ganhou novo simbolismo com a nomeação de Evilázio Nascimento, irmão do ex-senador e ex-ministro Alfredo Nascimento, presidente do PL, como secretário-executivo da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc). A entrada de Evilázio no governo foi vista como um gesto de Wilson Lima para Alfredo, em busca de apoio para 2026.
Movimentos semelhantes partiram do prefeito David Almeida, que acomodou aliados da última eleição em cargos na prefeitura de Manaus. Entre os nomes está o do deputado federal Saullo Vianna (União), nomeado para a Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc). Vianna é próximo de Omar Aziz e tem boa articulação no interior do estado.
O cientista político Carlos Santiago destacou que o quadro político ainda está indefinido devido às negociações nacionais de fusões e federações partidárias. O PSD, de Omar Aziz, tem conversado com o PSDB, federado ao Cidadania, para uma possível fusão.
No entanto, Santiago ressalta que lideranças regionais já se movimentam de olho na eleição. Para ele, Omar Aziz é o mais forte candidato ao governo estadual, com apoio do governo federal e de prefeitos do interior.
“Outro nome com potencial é o do vice-governador Tadeu de Souza, que precisa fortalecer sua imagem institucional e política para viabilizar sua candidatura. Além disso, há os movimentos da direita bolsonarista, onde orbita Wilson Lima, que pode concorrer sem o apoio da máquina estadual”, avaliou.
Com relação ao Senado, Santiago vê Eduardo Braga como favorito à reeleição, devido ao apoio de prefeitos do interior e sua proximidade com o governo federal. Já Plínio Valério é descrito como independente, sem vínculos com os principais grupos políticos locais.