Abordagem polêmica

SSP e deputado dão versões diferentes sobre confusão que parou na delegacia

Amom Mandel diz que abordagem truculenta da Rocam foi em represália a uma denúncia que fez contra alta cúpula da Segurança à PF; secretaria diz que o parlamentar se exaltou em abordagem de rotina, em local divulgado previamente à imprensa, e escalou uma crise desnecessária

Karina Pinheiro
política@acritica.com
06/01/2024 às 16:36.
Atualizado em 06/01/2024 às 21:03

O deputado Amom na delegacia após o ocorrido; entrevista do secretário de Segurança, acompanhado do subcomandante da Polícia Militar do Amazonas, coronel Thiago Balbi, do subcomandante do Comando Policial Especializado, Peter Santos e do delegado-geral adjunto da Polícia Civil do Amazonas, Guilherme Torres (Fotos: reprodução e Roberto Carlos/Secom)

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-AM) e o deputado federal Amom Mandel (Cidadania) deram versões diferentes sobre abordagem do parlamentar por policiais militares das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam) que foi parar no 14º Distrito Integrado de Polícia (DIP) na noite da última quinta-feira (4).

Na tarde deste sábado (6), em entrevista coletiva à imprensa, o titular da SSP-AM, Vinícius Almeida, afirmou que o político, ao ter seu carro parado em uma abordagem rotineira, na Zona Leste da capital, se exaltou, criando uma crise desnecessária.

"O que aconteceu foi uma abordagem padrão da Polícia Militar e que, ao final, os policiais foram desrespeitados, humilhados e esses são os fatos", disse o secretário.

Para Vinícius Almeida, o deputado praticou abuso de autoridade. "O local onde foi realizado o início da operação foi inclusive que foi pauta de imprensa, todos sabiam onde iria iniciar a operação. Nenhum de nós sabe qual é o carro do deputado ou de qualquer outro cidadão, não tem porque saber, fazer uma ação direcionada".

De acordo com a SSP-AM, o carro de Amom estava com película “insulfilm” 100%, o que impede a visualização os ocupantes. Uma lanterna traseira também estava queimada, segundo a polícia.

“Quando tentaram parar o veículo, por algum motivo o veículo não parou. Eles continuaram e nós emitimos sinais sonoros e iluminados até com gestos”, disse o delegado-geral adjunto da Polícia Cívil, Guilherme Torres.
“Quando conseguiram fazer a parada do veículo, os ocupantes saíram e o masculino, no caso o deputado, foi até a viatura e perguntou porque estaria sendo abordado. Foi relatado pela equipe como sendo o procedimento padrão, que estavam verificando porque estavam em atitude suspeita, a forma de condução e a questão da lanterna do veículo. Mas como estava verificado não ter algo a mais, se encerraria por aí", acrescentou Torres.

Segundo a polícia, porém, o deputado afirmou não ter gostado da abordagem e deu voz de prisão para a equipe policial, questionando a legalidade da abordagem.

O delegado disse que o parlamentar, juntamente com as duas passageiras do veículo, foi então encaminhado para o 14º DIP.

Um inquérito foi aberto para investigar a denúncia de truculência.

Outra versão

Nas redes sociais, antes da entrevista coletiva da SSP-AM, uma das pessoas identificadas como passageira, a namorada de Amom, Sarah Mariah, deu a sua versão do que aconteceu, dizendo que a Polícia Militar ocultou detalhes da abordagem.

Sarah disse que ela estava dirigindo o carro. De acordo com a jovem, a abordagem teria ocorrido por volta das 22 horas. Ela negou ter a existência de algum bloqueio policial na área, assim como disse que não havia furado-o.

“Não ignorei os sinais da ROCAM, eu SINALIZEI com a seta que pararia no acostamento. A PM alega atitude suspeita, mas não diz qual… baixei TODOS os vidros do carro quando os PMs seguiram com as armas em punho”, relatou ela em uma publicação.

Foto na delegacia

O caso ganhou repercussão na sexta-feira (7) de manhã após uma foto do parlamentar no 14º DIP ser divulgada. Ainda na sexta-feira, à tarde, ele foi à Polícia Federal (PF).

Na manhã deste sábado, Amom publicou nas redes sociais que acredita que a abordagem tenha a ver com uma denúncia que ele recebeu contra a alta cúpula da Segurança no dia 13 de dezembro do ano passado.

Trata-se de um dossiê envolvendo o nome de agentes públicos com o crime organizado. O documento, segundo Amom, foi analisado por sua equipe e depois entregue por ele à PF para que as acusações sejam investigadas. Desde então, diz o deputado, ele foi alvo de "ameaças, insinuações e intimidações de diversas vertentes".

O secretário de Segurança, por sua vez, disse que a versão do deputado é uma tentativa de criar uma cortina de fumaça para tirar o foco do que aconteceu na Zona Leste.

Vinícius Almeida disse que, em relação à denúncia recebida por Amom e encaminhada à PF, está à disposição para esclarecimentos.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2025Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por