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Professora Áurea denuncia prefeito de Eirunepé por violência política de gênero

Candidata relata que Raylan Barroso e apoiadores a perseguem constantemente durante a campanha

Lucas dos Santos

política@acritica.com

05/09/2024 às 17:02.

Atualizado em 05/09/2024 às 17:02

Professora Áurea, candidata a prefeitura de Eirunepé (Foto: Giovanna Marinho)

Opositora do prefeito de Eirunepé, Raylan Barroso (União), a candidata Professora Áurea (MDB) afirmou em coletiva feita por videoconferência que vem sofrendo ataques em série por parte do chefe do Executivo municipal e seus apoiadores. Segundo ela, os ataques tem piorado com o passar da campanha eleitoral, que se encerra no início de outubro.

Inicialmente com xingamentos e ofensas nas redes sociais, os ataques por parte de apoiadores do prefeito Raylan Barroso e de seu candidato Anderson Araújo (PT) evoluíram para ameaças públicas contra Professora Áurea e moradores de Eirunepé que recebam a candidata em suas residências, segundo ela. Em vídeo divulgado nas redes sociais, ela acusa o prefeito de contratar pessoas para persegui-la durante suas caminhadas pelo município.

“Todo dia essa perseguição! Já são semanas com violência moral, psicológica e política. Em vez do meu adversário estar na rua fazendo o seu trabalho, ele fica perseguindo a mim e a minha equipe”, escreveu.

Durante a coletiva, Áurea relatou que não procurou a Justiça a princípio por crer que os ataques faziam parte da rotina da campanha eleitoral. Contudo, a forma como as agressões evoluíram, “demonstrando para a população que não era um embate político simplesmente”, a fizeram mudar de ideia.

“Eram agressões diretas, agressões à minha pessoa, ofensas na tentativa de diminuir, de manchar minha imagem moralmente. Inclusive nas redes sociais [faziam] referências à minha família, ao meu casamento, mas eu fui suportando tudo isso”, disse.

A professora afirma que os ataques começaram nas redes sociais, inclusive ameaças contra sua integridade física, seu marido e sua família, além de rumores de um plano para sequestrar um de seus filhos que mora em Manaus. A luta, segundo ela, não é contra Anderson Araújo, de quem mal se fala durante a campanha, mas contra o próprio Raylan Barroso.

“Acaba sendo uma luta muito desigual pelo abuso de poder econômico, que é muito forte. Nas ruas, o meu jeito de fazer política é levando ao povo as minhas propostas e conectando essas propostas de governo aos problemas que as pessoas me apresentam, [...] mas nos últimos dias tem ficado muito difícil meu trabalho, as minhas visitas, a minha campanha, porque os meus adversários me perseguem com bandos de homens, ultimamente até algumas mulheres no meio”, disse.

A candidata relatou que os perseguidores proferem xingamentos contra ela e sua equipe e tentam criar confusão e teme que a situação chegue a um ponto incontrolável. Vídeos repassados à reportagem mostram os apoiadores de Anderson seguindo a candidata onde quer que ela vá utilizando carros e motocicletas.

“Esse desrespeito não é dirigido apenas a mim, mas às outras candidatas mulheres, candidatas a vereadora. Esse desrespeito vem sendo dirigido a todas as mulheres da minha cidade. Eu recebo todos os dias apelidos, ofensas, preconceitos contra a minha idade, ofensas de todas as maneiras, violência moral, política. Eu não acredito que isso possa continuar assim sem nenhuma intervenção das autoridades”, frisou.

A advogada Monalisa Gadelha, que representa a candidata em Manaus, relatou que possui imagens já encaminhadas para a Polícia Federal dos perseguidores cercando casas de moradores que recebam a professora.

“Procuramos a Assembleia [Legislativa do Amazonas], onde a deputada Alessandra Campêlo (Podemos) muito bem e firmemente bateu na tribuna, apresentou a representação junto ao Ministério Público e encaminhou também para a Ouvidoria do TRE. Aqui é eu quero agradecer o presidente João Simões do TRE, que nos recebeu ontem prontamente e já se dispôs [a ajudar], já confirmou a força federal vai estar no município de Eirunepé e hoje de manhã eu estive na Ouvidoria da Mulher do TRE, fomos muito bem atendidas. As autoridades estão do nosso lado, porque o que ela está vivendo não é fácil”, disse.

A advogada ainda. adiantou que já foram registrados boletins de ocorrência sobre o caso. Professora Áurea relatou que após publicar um vídeo ontem relatando novas perseguições, recebeu outra ameaça em que o prefeito Raylan Barroso teria dito “ah, ela tá achando ruim? Mas isso mal começou. Ela espere até chegar a fase da peia, fase das surras”.

Monalisa Gadelha destacou que as denúncias contra Raylan Barroso podem gerar acusações de violência política de gênero, abuso do poder político e econômico, que podem provocar inelegibilidade tanto dele quanto de seu candidato por ser o beneficiário das violências sofridas por Professora Áurea.

“Quando ocorre esse tipo de abuso, tanto quem está fazendo, no caso o prefeito, apesar de ele não ser candidato, mas ele como autoridade está fazendo o uso da máquina pública em benefício do candidato ele apoia e simplesmente, ainda, amedrontando a Professora Áurea. Porque são os seguranças dele, que são pagos com recurso público, servidores da prefeitura, que estão fazendo isso que ela acabou de narrar”, ressaltou.

Nas redes sociais, o prefeito Raylan Barroso criou uma seção em seu Instagram nomeada como “Chama o VAR” para rebater as acusações de Professora Áurea. Em um dos vídeos, ele mostra membros da equipe da candidata discutindo com seus apoiadores. Em outro, ele afirma ter muito respeito pela Professora Áurea e ataca o marido dela, o prefeito de Itamarati João Campelo (MDB), com quem rivaliza há muitos anos.

“Eu queria, para acabar com a boçalidade dele, eu não queria que fosse a esposa dele a candidata, que eu tenho todo o respeito pela Professora Áurea. Eu queria mesmo é que esse ‘boçalzilson’ tivesse deixado a esposa prefeita lá em Itamarati e viesse disputar contigo [Anderson] para ele levar a maior surra que a população pudesse dar”, disse.

A reportagem entrou em contato com o prefeito de Eirunepé para comentar as acusações da candidata adversária e aguarda resposta.

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