Oposição acusa tentativa de golpe; militares tentaram invadir o parlamento e ignoraram a derrubada da lei pelos deputados
Yoon Suk-yeol foi elevado a ícone conservador pela “caça aos corruptos”, foi lançado candidato em 2022, vencendo o pleito por uma margem minúscula e viu sua aprovação cair em 2024, principalmente por rejeitar pedidos de investigação sobre escândalos envolvendo sua esposa (Reuters)
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, decretou lei marcial em todo o país nesta terça-feira (3) e tentou fechar a Assembleia Nacional, poder legislativo do país, além de controle dos meios de comunicação. O país é sede de empresas multinacionais que atuam na Zona Franca de Manaus, como a Samsung e LG.
Yoon alegava que a oposição, que saiu vitoriosa e continuou com a maioria dos assentos nas últimas eleições neste ano, estaria se aliando a “forças comunistas” da China e da Coreia do Norte.
Pouco tempo depois, militares saíram às ruas e tentaram invadir a Assembleia Nacional. Parte da população seguiu para o local em protesto contra a decisão de Yoon Suk-yeol. A invasão dos militares foi segurada por parlamentares sul-coreanos e assessores que estavam no local.
A Assembleia abriu uma sessão para votar a derrubada da lei marcial, o que é garantido pela Constituição sul-coreana. Todos os 190 parlamentares presentes votaram pela revogação. Em seguida, o presidente do legislativo, o democrata Woo Won-shik, ordenou que todos os militares presentes no parlamento deixassem o local. Segundo o jornal The Chosun Daily, as forças armadas começaram a deixar a Assembleia. No entanto, a emissora-sul coreana YTN divulgou que as autoridades militares continuarão exercendo a lei marcial até que o presidente Yoon Suk-yeol a revogue.
A situação política local permanece incerta. Membros do Partido Democrático, opositor do presidente, afirmam que se trata de uma tentativa de golpe militar. Para a Associated Press, o líder da sigla do presidente, o Partido do Poder Popular, afirmou que a decisão de Yoon é errada e que deveria ser parada em nome do povo.
Novato na política, Yoon Suk-yeol venceu a eleição mais apertada da história da Coreia do Sul em 2022 com um discurso populista de direita. Atuou como promotor e foi peça fundamental na condenação da ex-presidente Park Geun-hye, acusada de corrupção e abuso de poder. Além disso, foi responsável pelo indiciamento de um assessor do ex-presidente Moon Jae-in por suborno.
Elevado a ícone conservador pela “caça aos corruptos”, foi lançado candidato em 2022, vencendo o pleito por uma margem minúscula. Com a Assembleia controlada pela oposição, o presidente teve dificuldades de impor sua agenda e viu sua aprovação cair em 2024, principalmente por rejeitar pedidos de investigação sobre escândalos envolvendo sua esposa, a primeira-dama Kim Keon-hee, e membros da cúpula do governo.
Logo após a decretação da lei marcial, milhares de populares se reuniram em frente ao parlamento pedindo a prisão do presidente.