repúdio

Palestinos no Amazonas condenam medida de Donald Trump para assumir controle da Faixa de Gaza

Para o presidente da Sociedade Árabe-Palestina no Amazonas, Mamoun Manasra, o presidente Norte-Americano está passando de “todos os limites” e violando a dignidade humana

Lucas dos Santos
05/02/2025 às 16:37.
Atualizado em 05/02/2025 às 18:18

Faixa de Gaza vira alvo de presidente dos Estados Unidos (Foto: Reprodução)

 O presidente da Sociedade Árabe-Palestina no Amazonas, Mamoun Manasra, condenou a medida anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de assumir o controle da Faixa de Gaza e retirar a população palestina do local. Para Mamoun, o republicano está passando de “todos os limites” e violando a dignidade humana.

“Isso é forçar um deslocamento de um povo fora do próprio território dele. Isso é contra todos os princípios, direitos humanos, contra a dignidade humana, contra tudo que nós aprendemos no mundo civilizado”, disse.

O representante da entidade  destacou que, se querem deslocar o povo palestino, deveriam levá-lo para seu local de origem nas cidades de Tel Aviv, Haifa e Jerusalém, hoje pertencentes ao Estado de Israel.

“Ele [Donald Trump] não vê a história desse território. Esse território é palestino, sempre foi palestino. É um território em que o povo tem uma história, tem uma cultura, tem avós deles enterrados lá. Como ele vai pegar um povo completo para tirá-lo? Forçar ele a sair do próprio território? Se quiser devolver, devolva ele para a terra original de Tel Aviv, Haifa e Jerusalém”, defendeu.

‘Somos vítimas’

Para Mamoun, a fala de Trump não possui lógica e contraria resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) que pregam o retorno de refugiados palestinos que estão no Líbano, na Síria e na Jordânia. Ele afirma que o povo palestino é vítima do terrorismo e do “sionismo internacional”.

“Nós somos vítimas do sionismo internacional que vem ocupando a nossa terra, expulsando nossos povos, porque a Palestina sempre existiu, muito antes de Cristo. Abraão, o que eles acham que é pai deles, ele veio refugiado do Iraque, ele não morava na Palestina. Lá sempre moraram os árabes, desde os cananeus. Temos uma resolução da ONU para todos os refugiados palestinos que estão fora tenham direito de voltar. Desde 50, 60 anos atrás, nunca voltamos para nossa terra”, lamentou.

A ativista Umaila Ismail, da Comunidade Árabe-Palestina, afirmou que Donald Trump está propondo uma limpeza étnica que Israel já começou a fazer. No entanto, ela vê que os Estados Unidos teriam dificuldade de colocar a retirada forçada dos palestinos em prática, visto que países como Arábia Saudita, Rússia, Egito e Jordânia já se colocaram contra a ideia.

“Não acreditamos que vai ser uma tarefa fácil executar esse desejo de Netanyahu que se projetou no presidente Trump”, disse.

O jornalista Anwar Assi, membro da comunidade árabe no Amazonas, comparou a atitude de Donald Trump à Solução Final propagada por Adolf Hitler no auge da Segunda Guerra Mundial, quando judeus, ciganos, homossexuais e outros alvos da Alemanha Nazista passaram por uma tentativa de genocídio.

“O que o Trump está falando para o povo palestino é uma Solução Final, a solução dele é essa. Dominar as terras deles e expulsar o povo. Isso é um absurdo, o presidente da maior potência econômica e militar do mundo pregando o genocídio e a limpeza étnica. E essa declaração do Trump viola a lei internacional. A maioria dos países defende a solução de dois estados. Ele acaba com a solução, diz que vai ter só um, o de Israel”, disse.

O cônsul honorário de Israel no Amazonas, Jaime Benchimol, disse ao A CRÍTICA que: “a proposta apresentada foi uma surpresa para todos e, embora reconheçamos a boa intenção, sua execução nos parece improvável, considerando os desafios envolvidos. No momento, não possuímos detalhes adicionais”.

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