Câmara Municipal de Manaus

Nova legislatura da CMM terá maioria conservadora e sub-representação feminina

Casa Legislativa dará início nesta segunda-feira a uma nova legislatura sob a presidência do ex-presidente David Reis e apenas três vereadoras

Emile de Souza
02/02/2025 às 15:35.
Atualizado em 02/02/2025 às 15:35

O presidente da CMM, vereador David Reis, e os demais membros da Mesa Diretora da Casa após a eleição do dia 1º de janeiro (CMM/divulgação)

Com maioria conservadora, governista e baixa representação feminina, a Câmara Municipal de Manaus (CMM) inicia, nesta segunda-feira, mais uma legislatura. Dos 41 vereadores que encerraram o mandato anterior, apenas 13 ficaram de fora da “nova” composição.

"Começa praticamente idêntica à legislatura que passou. Conservadora, com pouca participação feminina, muito governista, apoiadores do governo do estado e do governo municipal, pouca diversidade", avaliou o cientista político Carlos Santiago.

Com exceção do ex-deputado federal Zé Ricardo (PT) que já ocupou o posto de vereador, os outros 12 parlamentares que ingressaram na CMM são estreantes: Sargento Salazar (PL), Marco Castilhos (União), Aldenor Lima (União), Saimon Bessa (União), Eurico Tavares (PSD), João Paulo Janjão (Agir), Coronel Rosses (PL), Rodinei Ramos (Avante), Rodrigo Sá (PP), Pai Amado (Avante), Paulo Tyrone (PMB) e Sérgio Baré (PRD).

A maioria dos parlamentares “novatos” é de partidos considerados conservadores. O que, na avaliação de Carlos Santiago, reforça uma marca da legislatura passada: o foco em pautas ideológicas em uma cidade que enfrenta desafios de infraestrutura, saneamento, habitação, mobilidade e violência urbana.

"Propondo pautas de costumes, aquelas que não vão modificar em nada a vida das pessoas, muito mais uma preocupação ideológica nacional do que um compromisso com as responsabilidades e atribuições de um legislador municipal, que entre elas estão a proposição de leis que beneficiem todos, além da fiscalização dos atos do prefeito e do secretariado", disse o cientista.

Baixa representatividade feminina

Em 2025, o número de vereadoras em Manaus se iguala ao de 1996, a última vez em que a Casa teve um número tão baixo de mulheres, apenas três, uma a menos do que no ano passado. Mantiveram os cargos: Yomara Lins (Podemos), Thayssa Lippy (PRD) e Professora Jacqueline (União). Glória Carrate (PSB) ficou de fora.

Contexto

Para a cientista social e pesquisadora de Estudos Geopolíticos da Amazônia Legal, Paula Ramos, a queda da representação feminina na política reflete um contexto histórico em que a mulher não foi criada para ocupar espaços de poder.

"Apesar de todas as leis que nós já tivemos nos últimos anos para tentar equilibrar o número de candidaturas femininas, a gente sabe que muitos desses partidos acabam colocando mesmo apenas aquela taxa, mas na verdade eles não investem nessas candidaturas. Então, consequentemente, essas mulheres não têm um capital político suficiente para serem eleitas", ressaltou a cientista.

Gestão da CMM e a participação feminina

O presidente da CMM, David Reis, anunciou durante a semana, o fortalecimento da participação feminina em cargos de chefia da casa. Disse que 60% dos cargos de diretoria são ocupados por mulheres.

"A presença feminina em posições de liderança reflete a realidade da sociedade que queremos construir. Essa mudança é especialmente relevante em um contexto onde as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas para alcançar altos cargos políticos", disse David Reis em texto no site da CMM.

A diretora-geral da CMM, Elane Alves, disse que a participação feminina em cargos de direção da Casa apresenta sinais promissores na atual gestão. "Ter em sua composição mais de 60% do quadro de diretores abrangido por mulheres, demonstra um avanço significativo em relação a gestões anteriores. Considero de fundamental importância, para a nova gestão, fomentarmos ações e iniciativas para a promoção da participação feminina, bem como a realização de eventos voltados especificamente para este público, sejam eles internos ou externos", conta a diretora.

A Casa conta ainda com Ieda Frota como diretora do cerimonial da CMM; Kelly Holanda na Diretoria de Gestão de Tecnologia da Informação (DGTI); Consuelo Gomes como controladora-geral; Ana Caroline Lopes na Diretoria de Orçamento e Finança; Hanan Awwad, na Diretoria de Saúde; e Roberta Bindá na de Comunicação.

Contrato sem licitação preocupa

Da mesma forma que a legislatura anterior, iniciada em 2021, a CMM tem na presidência o vereador David Reis (Avante) eleito com a maioria esmagadora dos votos (apenas seis votos contra) e cujo um dos primeiros atos foi celebrar um contrato de R$ 1,5 milhão para serviços de limpeza sem licitação. Contrato que está sendo questionado no TCE-AM.

"O ex-presidente deixou encerrar um contrato de um serviço essencial para o funcionamento do Legislativo. O seu sucessor não prorrogou o contrato e ainda fez uma contratação direta, o que significa falta de democratização no processo de escolha dos fornecedores de serviços para a Câmara Municipal de Manaus. Essa democratização só pode acontecer com um processo licitatório, que deve ser a regra na administração pública. Tudo isso mostra que a sociedade tem que estar muito vigilante, até porque um poder que tem uma missão constitucional de fiscalizar, de anunciar, não pode dar um péssimo exemplo", ressaltou Carlos Santiago.

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