BRIGA JUDICIAL

Ministério Público entra na Justiça para que concurso público da CMM tenha cota racial

Na ação, a promotoria alega que não há vagas reservadas para cotas raciais e aponta limitações na concessão de isenção de taxas de inscrição, pedindo assim a suspensão imediata do certame

Amariles Gama
online@acritica.com
12/11/2024 às 19:41.
Atualizado em 12/11/2024 às 19:41

Sede da Câmara Municipal de Manaus (Foto: Divulgação / CMM)

O concurso público da Câmara Municipal de Manaus (CMM), com provas previstas para o próximo domingo (17), está sendo alvo de uma Ação Civil Pública (ACP) movida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM). Na ação, a promotoria alega que não há vagas reservadas para cotas raciais e aponta limitações na concessão de isenção de taxas de inscrição, pedindo assim a suspensão imediata do andamento do certame para que o edital seja retificado.

A medida, que pede ainda a reabertura dos prazos de inscrição e que aguarda a decisão da Justiça, foi ajuizada pela 57ª Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos e Cidadania (Prodihc). O promotor de Justiça Antônio José Mancilha explicou que a ação foi motivada pela denúncia de um candidato.

“São duas demandas. Uma é a omissão de previsão de cotas para pessoas negras, indígenas e quilombolas; e a outra é o fato de que a isenção de pagamento de taxa estava restrita a somente uma vaga. Após estudos, chegamos à conclusão de que não havia previsão legal de cotas raciais no município de Manaus, mas buscamos fundamentar a ação com base em um tratado internacional do qual o Brasil é signatário, que garante a reserva de vagas para cotas raciais. Esse foi o fundamento principal para atender o direito dessas pessoas”, afirmou o titular da 57ª Prodihc.

Na ACP, o MPAM se fundamenta na Convenção Interamericana contra o Racismo, tratado internacional que o Brasil incorporou ao seu ordenamento jurídico através do Decreto Presidencial nº 10.932/2022, com status de emenda constitucional. A ação solicita, portanto, que a Justiça suspenda imediatamente o andamento do certame para que o edital seja retificado, garantindo a inclusão das cotas raciais e a isenção integral da taxa para todos os cargos em horários distintos.

“Nós estamos aguardando agora a decisão judicial. Estamos com diligência na Câmara Municipal para prestar esclarecimentos e esperamos que até amanhã, dentro do prazo legal, saia uma decisão favorável ao interesse social pela alteração do edital”, destacou o promotor de Justiça.

Em nota divulgada no início da noite desta terça-feira (12), a CMM afirmou que ainda não foi intimada formalmente sobre a ação do MPAM e que desconhece o teor da ACP. Com cerca de 20 mil candidatos inscritos no certame, a Câmara alega que o edital do concurso foi submetido à análise do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), que não identificou ilegalidades na divisão de vagas.

“Os editais atenderam, ainda, todas as solicitações feitas pelo MP-AM, de acordo com a Procuradoria da Câmara Municipal de Manaus. A Casa Legislativa reitera seu compromisso com a transparência e legalidade e, quando intimada, irá se pronunciar”, destaca trecho da nota.

Ainda na nota, a CMM confirmou que o cronograma do concurso permanece ativo, já que não houve decisão judicial desfavorável. Agora, a decisão judicial sobre o pedido de suspensão do concurso, que pode impactar a realização das provas, é aguardada para os próximos dias.

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