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Incêndios no Amazonas já ultrapassam média para junho e podem ser agravados por greve

Em apenas 18 dias, o Amazonas registrou 117 focos de incêndio, número maior que a média (72) observada para todo o mês de junho desde 1998

Waldick Junior
waldick@acritica.com
19/06/2024 às 19:09.
Atualizado em 19/06/2024 às 19:09

(Foto: Márcio Silva)

Em apenas 18 dias, o Amazonas registrou 117 focos de incêndio, número maior que a média (72) observada para todo o mês de junho desde 1998. O dado causa preocupação, pois revela que a região amazônica já se aproxima da ‘temporada do fogo’, cujo ápice vai de julho a outubro. O cenário pode piorar, considerando que servidores do meio ambiente no Amazonas votarão, ainda neste mês, greve no setor.

O dado acima está disponível na plataforma de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O levantamento também aponta que houve aumento de 192,5% no número de incêndios nos primeiros 18 dias de  junho, em comparação a todo o mês anterior, maio, quando foram 40 registros. 

Outro fator que orbita esse cenário e pode contribuir para um aumento no número de incêndios nos próximos meses é a mobilização de servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Dos 26 estados e Distrito Federal, 17 aprovaram greve para iniciar entre junho e julho após o governo apresentar uma proposta final e a categoria rejeitar (veja as pautas abaixo).

Segundo a Ascema Nacional, associação que reúne servidores federais das carreiras de meio ambiente, outros estados devem votar a adesão à greve por meio de assembleias. No caso do Amazonas, a expectativa é que a deliberação ocorra ainda neste mês.

“Alguns estados estão reorganizando as suas associações. É o caso do Amazonas, onde o contato tem sido com o Sindicato dos Servidores Públicos Federais, que deve realizar a assembleia e colocar em votação a participação na greve”, comenta o diretor da Ascema Nacional, Leandro Valentim, servidor do Ibama-RJ.

Segundo ele, o movimento nacional está discutindo como a greve afetará o funcionamento dos órgãos federais, mas o objetivo é que a abrangência seja a maior possível, resguardados os casos em que houver situações emergenciais. 

“Caso tenha, por exemplo, um rompimento de barragem, um incêndio em unidade de conservação, um empreendimento de competência do Ibama que poderia, sem o licenciamento, afetar a população, a gente atuaria. Fizemos isso em paralisações anteriores e agora não vai ser diferente, vamos manter um percentual de servidores”, explica Valentim.

Demandas

Servidores pedem a parametrização (equiparação salarial) com  servidores da Agência Nacional de Águas, também ligada ao Ministério do Meio Ambiente. Hoje, o salário final de um analista ambiental é de R$ 15 mil, enquanto o cargo final da ANA, especialista em regulação, é de R$ 22,9 mil.

Além disso, os servidores querem a redução da diferença salarial entre profissionais de nível superior e médio, que chega a 43%, segundo a Ascema Nacional. Outras duas pautas são o pedido para realização de concurso público para os níveis fundamental, médio e superior; e a reestruturação orçamentária e de infraestrutura do Ibama e ICMBio.

Histórico

No ano passado, junho registrou 223 focos de incêndio, o recorde da série histórica observada pelo Inpe no Amazonas. Além disso, entre os meses de agosto, setembro, outubro e novembro, Manaus e outras cidades amazônicas ficaram encobertas por fumaças de queimadas causadas por ação humana.

O Painel de Queimadas do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão do governo estadual, aponta que os municípios que concentram a maior quantidade de focos de incêndio, em junho, são: Lábrea (46), Manicoré (17), Novo Aripuanã (17), Apuí (6), todos do Sul do Amazonas,  e Guajará (4), no Sudoeste do estado.

O aumento no número de queimadas se estende por outros estados da Amazônia Legal. Conforme a plataforma do Inpe, nos 18 primeiros dias de junho, foram 1.543 focos de incêndio em todo o bioma. O dado já se aproxima do que foi levantado em todo o mês anterior, maio, quando o Inpe registrou 1.670 focos em 31 dias.

Atuação

Em relação ao aumento de incêndios no Amazonas, a reportagem questionou o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente sobre quais ações estão em andamento e como o governo está lidando para minimizar prejuízos durante uma possível greve. Não houve retorno até o fechamento deste texto.

Já o Corpo de Bombeiros do Amazonas, também procurado, informou que a Operação Aceiro 2024, de combate a incêndios, foi lançada de maneira antecipada com envio de bombeiros para 12 municípios que integram a região sul do Amazonas e a Região Metropolitana de Manaus.  Ao todo, mais de 300 agentes entre bombeiros, brigadistas e homens da Força Nacional integrarão a missão nesta primeira fase. Haverá também aquisição de viaturas e novos equipamentos.

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