EM TEFÉ

Festa da Castanha vira alvo do MPAM após contratar shows avaliados em R$2,1 milhões

Investigação analisa se recursos públicos respeitam as prioridades emergenciais do município. Os cantores Simone Mendes e Pablo receberão R$ 900 mil cada

Emile de Souza
29/01/2025 às 15:12.
Atualizado em 29/01/2025 às 15:12

Ministério Público do Amazonas é quem investiga contratos de shows em Tefé (Foto: Reprodução)

Com contratações artísticas sem licitação no valor de R$ 2,1 milhões, a 22ª Festa da Castanha, no município de Tefé, passou a ser alvo do Ministério Público do Amazonas (MPAM). O órgão instaurou uma Notícia de Fato (comunicação de possível irregularidade) para apurar os gastos públicos relacionados ao evento, que está previsto para ocorrer entre os dias 1º e 4 de maio de 2025.

Entre os artistas confirmados estão Simone Mendes e Pablo, cujos cachês individuais alcançam o montante de R$ 900 mil, além de Marcynho Sensação, contratado por R$ 350 mil. Os valores foram divulgados pela própria Prefeitura de Tefé e amplamente repercutidos nas redes sociais e veículos de comunicação. 

De acordo com o promotor de Justiça de Tefé, Vítor Rafael de Morais Honorato, a investigação busca avaliar a legalidade, a saúde orçamentária e a razoabilidade dos gastos.

“Além disso, persiste a necessidade de analisar a proporcionalidade dos valores diante da situação de emergência declarada pelo município devido à estiagem, assim como possíveis deficiências nos serviços públicos oferecidos à população de Tefé”, avaliou.

Nos últimos meses, Tefé decretou sucessivas situações de emergência devido à seca, queimadas florestais e tempestades. Os decretos reforçam a necessidade urgente de avaliar o uso de recursos públicos, especialmente em um cenário de adversidade. 

A investigação também visa esclarecer se houve o cumprimento das normas previstas na Lei de Licitações e Contratos e se o princípio da razoabilidade foi devidamente observado.  

Além dos altos valores destinados às atrações, a apuração abrange outros aspectos do evento, como custos com estrutura, organização, iluminação e som. 

O promotor Vítor Rafael de Morais Honorato concedeu um prazo de dez dias ao prefeito Nicson Marreira Lima para informar e comprovar documentalmente a previsão orçamentária e as fontes de custeio da festa. À Câmara Municipal de Tefé, foi solicitada a cópia da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025. 

A promotoria solicitou ainda informações sobre eventuais convênios ou parcerias com o Governo do Amazonas, a verificação de emendas parlamentares destinadas à festa e ainda o cronograma de ações para combate à estiagem e queimadas. 

O promotor requereu da administração municipal os dados sobre a regularidade no pagamento de salários e benefícios aos servidores municipais, reforçando a necessidade de priorizar despesas essenciais. 

A Prefeitura de Tefé informou por meio de nota que, sob a gestão do prefeito Nicson Marreira, sempre atuou com responsabilidade e compromisso com a população.

“Em quatro anos de governo, não houve qualquer registro de irregularidade na atual administração, e todas as ações são conduzidas com transparência e dentro da legalidade”, diz um dos trechos.

O prefeito Nicson Marreira negou as irregularidades, por não ter “provas” e afirmou que sua gestão sempre pautou suas decisões na ética e na correta aplicação dos recursos públicos.

“Especulações podem surgir, mas os fatos demonstram um trabalho sério e dedicado ao desenvolvimento do município. A Prefeitura de Tefé segue aberta ao diálogo e reafirma seu compromisso com a transparência e o respeito às instituições”, diz o texto.
Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2025Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por