Indignação

Famílias de Bruno Pereira e Dom Phillips e Univaja repudiam fala de Omar sobre causa de suas mortes

O senador sugeriu que a motivação do assassinato teria sido por vingança pessoal

Amariles Gama
online@acritica.com
02/11/2024 às 19:14.
Atualizado em 02/11/2024 às 19:24

(Foto: Reprodução)

As famílias do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, juntamente com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), repudiaram na sexta-feira (1), uma fala recente do senador Omar Aziz (PSD-AM). O posicionamento veio após o parlamentar sugerir que o assassinato dos dois, ocorrido em junho de 2022, teria sido motivado por vingança pessoal.

A declaração aconteceu durante a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, no último dia 30 de outubro. Na ocasião, os parlamentares discutiam o Projeto de Lei (PL) 10.326/2022, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), que prevê o porte de arma de fogo para agentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) durante ações do órgão.

“Eu sempre disse que armamento não é uma coisa que resolva o problema de insegurança... Lá no Amazonas, essa questão de Atalaia do Norte, existe uma versão dada nacionalmente de que, infelizmente, duas pessoas foram a óbito, numa ação que disseram ser narcotráfico, não sei o quê, não era nada disso. Era um caboclo que foi humilhado por um funcionário na frente dos filhos, tocaram fogo na rede e tudo mais, e ele esperou o momento certo para se vingar”, afirmou Aziz.

Em nota, publicada no perfil Instituto Dom Phillips, as famílias de Dom e Bruno classificaram a fala de Aziz como "leviana", afirmando que a versão mencionada por ele não possui sustentação nas investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) nem nas provas reunidas no processo judicial. Segundo as famílias, o senador "reduz o brutal e trágico duplo homicídio ao deslinde de uma desavença pessoal iniciada pela vítima dos crimes".

“A fala do senador Aziz revitimiza Bruno Pereira, Dom Phillips e suas famílias, mortos no nobre exercício de suas profissões, desacredita o árduo trabalho dispendido pelo Estado brasileiro na elucidação dos fatos e apuração das responsabilidades de seus autores, e minimiza a vulnerabilidade vivenciada por agentes públicos e profissionais da imprensa na região”, diz trecho da nota.

A Univaja também se posicionou contra as declarações de Aziz, afirmando que ele "prestou um desserviço à verdade e à memória" de Bruno e Dom, que foram brutalmente assassinados em Atalaia do Norte (AM) enquanto atuavam em defesa dos povos indígenas da Terra Indígena Vale do Javari. Na nota, a entidade critica a versão apresentada pelo senador, que, segundo eles, "culpabiliza as vítimas pelo crime ao qual foram acometidos" e "relativiza o duplo homicídio".

“Ao relativizar o duplo homicídio e colocar a conduta do indigenista Bruno, servidor público no exercício de suas funções no momento do assassinato, como ato central de sua própria morte, o parlamentar colabora com a torrente de desinformação que busca inocentar os criminosos e desvalorizar a luta justa dos povos indígenas em defesa de seu modo de vida”, destaca trecho da nota.

A Univaja também ressaltou que, caso o senador possua informações que sustentem sua tese, ele deve apresentá-las às autoridades para contribuir com o processo legal. Em caso contrário, "demandamos a ele que se retrate diante do povo do Amazonas que o elegeu e do povo brasileiro", finaliza a nota.

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