A previsão é que o complexo Azulão 950 passe a operar em 2026 e tenha potencial para gerar 950 megawatts (MW)
Previsão é que o complexo Azulão 950 passe a operar em 2026 (Foto: Daniel Brandão)
A Eneva anunciou o início das obras do novo Complexo de Azulão 950 em Silves, município da região metropolitana de Manaus. O investimento previsto é de R$ 5,8 bilhões, com previsão para geração de 5 mil empregos no pico da obra. O evento aconteceu na tarde desta segunda-feira (25), no atual complexo da empresa, no município amazonense e contou com a presenca do governador Wilson Lima (UB) e do diretor-presidente da Eneva, Lino Cançado.
A previsão é que o complexo Azulão 950 passe a operar em 2026 e tenha potencial para gerar 950 megawatts (MW). Atualmente, a empresa já possui o projeto Azulão - Jaguatirica, que retira gás natural de Silves para ser utilizado como matéria para produção de energia na usina de Jaguatirica, em Roraima.
De acordo com o governador Wilson Lima, além do projeto trazer investimentos e gerar novos empregos, uma das condicionantes do Amazonas junto à empresa era que o novo complexo ajudasse a ampliar o fornecimento de gás para o estado.
O diretor-presidente da Eneva, Lino Cançado, disse que a companhia esperar deixar um legado para a região.
Também compareceram ao evento o prefeito de Silves, Raimundo Paulo Grana, o deputado estadual Sinésio Campos (PT), que preside a Comissão de Geodiversidade e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa, e o deputado estadual Mário César Filho (UB). Havia a expectativa de que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estivesse presente na solenidade, o que não aconteceu.
Evento contou com a presenca do governador Wilson Lima (UB) e do diretor-presidente da Eneva, Lino Cansado (Foto: Daniel Brandão)
Judicialização
Após os anúncios, A CRÍTICA questionou o governador Wilson Lima se o fato de o projeto Azulão-Jaguatirica estar judicializado pode prejudicar o andamento das novas obras. Em 2023, duas associações de moradores e de indígenas Mura de Silves processaram a Eneva e o Instituto de Protecão Ambiental do Amazonas (Ipaam), licenciador da obra.
As entidades alegam que a população tradicional da região não foi consultada sobre o empreendimento, como manda a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) chegou a enviar um ofício ao Ipaam que orientava a suspensão das licenças, mas não obteve retorno do órgão.
Já o diretor-presidente da Eneva, que estava ao lado de Wilson Lima, disse que a companhia possui capital aberto e não faria algo contra a legislação.
Conforme reportou A CRÍTICA, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade ligada à Igreja Católica, realizou um levantamento das populações afetadas pelo empreendimento na região. Durante os trabalhos de campo, segundo a CPT, foram avistados o que pareciam ser indígenas isolados próximo a um dos poços de exploracão de gás.
O Ministério Público Federal levou a informação à Funal, que respondeu já ter ouvido relatos sobre isolados naquele território. O órgão indigenista, que está habilitado no processo que tramita na Justiça Federal, disse ao juiz do caso que solicitou à área técnica informações sobre a presença de indígenas (incluindo possíveis) isolados na região.
Durante o evento desta segunda-feira, a Eneva levou representantes de iniciativas apoiadas pela companhia. É o caso do Projeto: Elas Empreendedoras, que contou com investimentos de mais de R$ 400 mil e impacta diretamente mais de 90 mulheres. O projeto contribui para a formação e suporte a mulheres de baixa renda para obter renda própria a partir de trabalhos de manufatura, como a elaboração de biojoias.
Outro destaque é a construcão de uma unidade do Centro de Educacão Tecnológica do Amazonas (Cetam), em Silves. O espaco será composto por 12 salas, blibioteca e laboratórios. A previsão é que as aulas iniciem em junho com três cursos, inicialmente: técnico em Gás e Energia; técnico em Eletromecânica e técnico em Agricultura.