Investigação

CMM abre CPI contra noiva e sogra de David Almeida; Base quer investigar contas da própria Câmara

Líder acusa presidente da Casa, Caio André, de fazer manobra eleitoreira a mando de Roberto Cidade e Wilson Lima; Caio diz que não tem culpa de acusações surgirem em período eleitoral e diz que cumpriu o regimento

Giovanna Marinho
giovanna.marinho@acritica.com
18/09/2024 às 13:40.
Atualizado em 18/09/2024 às 14:18

(Foto: Reprodução)

Às vésperas das eleições, a Câmara Municipal de Manaus (CMM) abriu investigação contra o prefeito de Manaus, David Almeida, para averiguar denúncias de pagamentos que teriam sido feitos à noiva dele, Izabelle Fontelle, e à sogra, Lidiane Fontelle.

A sessão desta quarta-feira (18), onde foi anunciada a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), teve gritaria e confronto entre os vereadores de oposição e da base. Estes acusam o presidente da Casa, Caio André (União), de assumir uma postura eleitoreira a mando do governador Wilson Lima e do candidato a prefeito Roberto Cidade, que são do mesmo partido que ele.

As críticas começaram a partir da fala do líder do prefeito, Eduardo Alfaia (Avante), que anunciou a indicação de outra CPI, desta vez para apurar possíveis aumentos nos gastos com comunicação pelo presidente da Casa. Segundo ele, Caio André havia feito um acordo no colégio de líderes para que nenhuma investigação fosse aberta em período eleitoral, a fim de evitar o uso do mecanismo legislativo para benefício de candidaturas.

"O que assusta é o parecer da Procuradoria em 48 horas. O presidente, a todo custo, por uma manobra política de Wilson Lima e Roberto Cidade, quer denegrir a imagem do prefeito David Almeida", acusou Alfaia, que também criticou o motivo para a abertura da CPI, fazendo ilações sobre os contratos do governo do Estado.

"Eu fico pensando que, se as empresas que trabalham para o governo do Estado fossem buscar o nome de parentes de vereadores que tenham alguma ligação com o governo do Estado [...] a Câmara traz a temperatura das eleições lá fora aqui para dentro", complementou o parlamentar.

O vereador Rodrigo Guedes (Progressistas), que se sentiu ofendido por Alfaia tê-lo citado nominalmente e afirmado que ele "comeu abiu" em relação ao governo, rebateu as alegações do líder do prefeito, questionando a postura dele ao articular a derrubada de requerimentos desfavoráveis à gestão da prefeitura.

"Vossa Excelência não tem moral nenhuma para falar de nenhum vereador, muito menos de mim. Lave sua boca para falar de mim", devolveu Guedes, com os gritos de Alfaia ao fundo.

"Esse rapaz é um palhaço. Me respeita. Eu vou chamar ele de vagabundo, Vossa Excelência [fala para Caio André]. Seu moleque [para Guedes]", exclamou o líder do prefeito.

O bate-boca foi interrompido pelo presidente Caio André, que pediu para os parlamentares manterem a compostura.

Após falas de outros vereadores, nem tão acaloradas quanto as de Eduardo Alfaia e Rodrigo Guedes, Caio André subiu à tribuna para se defender das acusações levantadas pelo líder do prefeito. Ele alegou que apenas cumpre seu dever regimental e negou o uso da CPI para fins eleitoreiros.

"Não me venha com mimimi de 'ah, foi muito célere'. Que pena que a eleição está aí. Eu não tenho culpa se eles cometeram as supostas irregularidades no período eleitoral. A minha voz não vão calar de jeito nenhum", declarou Caio André em tom exaltado.

Batizada de CPI da Terceirização é de autoria do vereador Lissandro Breval (Progressistas) e chegou na semana passada à CMM. As 14 assinaturas necessárias para início dos trabalhos foram conquistadas na última segunda-feira (16) e dois dias depois recebeu parecer favorável da Procuradoria da Casa.

Segundo o autor, a investigação deve debruçar-se sobre duas empresas que supostamente realizadas pagamentos a Izabelle e Lidiane de até R$20 mil entre novembro de 2023 e abril de 2024.

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