Candidato abre ação contra prefeito de São Gabriel da Cachoeira por suposta compra de votos
O documento relata entrega de motores, gasolinas e até terrenos em troca de apoio político
Egmar Saldanha, o Corubinha, prefeito eleito de São Gabriel da Cachoeira (Foto: Reprodução)
Lendelbar Fernandes (Pode), candidato a vereador de São Gabriel da Cachoeira (a 856 quilômetros de Manaus), conhecido como “Kati”, abriu uma Ação de Investigação Judicial no dia 9 de outubro contra o prefeito eleito Egmar Saldanha (PT), conhecido como “Curubinha”. Ele alega que a eleição foi marcada por compras de votos, distribuição de bens e uso de obras públicas para promoção pessoal.
Na ação, o autor destaca que o prefeito eleito é sobrinho de Clóvis Saldanha, conhecido como “Curubão”, o atual prefeito do município. Este teria empenhado bens, obras públicas e até realizado compra de votos para eleger seu sobrinho, Curubinha, como uma forma de “governo da continuidade”, com a intenção de manter o poder nas mãos de sua família.
Entre os crimes eleitorais apontados pelo denunciante estão o uso de obras públicas para promoção pessoal, devido à vinculação das construções da prefeitura ao candidato apoiado pelo atual prefeito, Curubão.
“São apresentadas diversas obras, entregues ou em andamento, que foram realizadas pela gestão em vigor, dando a entender que o atual prefeito continuará entregando tais obras, caso a população vote em seu sobrinho e sucessor ao cargo”, diz um dos trechos.
Além disso, o texto afirma que o atual prefeito nomeou pessoas diretamente ligadas à administração pública para cargos e se reuniu com taxistas, prometendo benefícios e vagas na prefeitura em troca de votos.
A ação também documenta a distribuição de bens em comunidades indígenas. Um vídeo de 30 minutos mostra o prefeito Curubão, junto com a primeira-dama, Priscila Ambrósio, e o vereador Messias Ambrósio, em uma reunião na comunidade Yanomami, promovendo a distribuição de caixas de som, raladores de mandioca e peças de roupa.
No vídeo anexado pelo denunciante, um dos líderes indígenas afirma: "Eu vou passar o cronograma do que vai acontecer agora para vocês. Em um primeiro momento, o prefeito vai fazer a entrega do material, a liderança vai receber e vocês vão guardar o material. Após a conversa, de tudo isso, vocês vão dar destino a esse material, vocês vão ficar responsáveis, porque esse material não pode ficar na hora em que o prefeito está conversando com vocês. Vocês sabem que, já expliquei para vocês, nada é permitido do material, então por isso estou falando para vocês."
Na ação, constam fotos de carros da administração municipal transportando motores, geradores e tambores de gasolina para as comunidades indígenas.
O documento também aponta doações de lotes de terra feitas pela primeira-dama, Priscila Ambrósio, por meio da Secretaria de Ação Social.
“Convocou famílias previamente cadastradas para a entrega de lotes em um bairro sem infraestrutura, em claro ato de compra de votos”, diz um dos trechos.
A ação afirma que há uma clara tentativa de compra de votos com gasolina após a vitória de Curubinha, pois a Prefeitura de São Gabriel da Cachoeira teria realizado a distribuição de gasolina para a população, para que retornassem às suas comunidades após o pleito, caracterizando um “ato de agradecimento”.
Um dos pontos apresentados pelo autor da ação é que a Polícia Federal já teria detectado tal prática nas vésperas das eleições, no dia 5 de outubro, quando deflagrou uma operação para apurar um esquema de corrupção eleitoral e distribuição irregular de combustíveis por pessoas ligadas à administração municipal e candidatos ao cargo de vereador no município.
A reportagem entrou em contato com o prefeito eleito Egmar Curubinha pelo seu perfil do Instagram (egmar_curubinha) e também com o atual gestor Clóvis Curubão (cloviscurubao_prefeito), mas até o final da matéria não obteve retorno.