Moradores de seis bairros da capital se organizam para fazer nesta sexta-feira (3) um protesto descentralizado contra a instalação do SMC
(Foto: Giovanna Marinho)
Após o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar inconstitucional a lei do Amazonas que proibiu a instalação de medidores aéreos, moradores de seis bairros de Manaus se organizam para fazer nesta sexta-feira (3) um protesto contra a instalação destes equipamentos pela empresa Amazonas Energia.
O temor da comunidade destes bairros é que com a instalação do dispositivo o consumo registrado possa crescer a ponto de exceder o orçamento familiar. A previsão é que a manifestação ocorra no Alvorada, Dom Pedro, Nova Esperança, Lírio do Vale, Cidade Nova e Planalto.
Uma moradora do bairro Alvorada, que pediu para não ser identificada por medo de represálias, afirma que em residências onde o novo dispositivo foi instalado, o preço registrado na conta aumentou.
A sessão virtual de julgamento do recurso contra a lei estadual que barrou os novos medidores ocorreu entre os dias 10 a 17 de fevereiro, mas a decisão só foi publicada nesta quarta-feira (22) no sistema do STF.
De acordo com os relatos reunidos pela moradora, a concessionária não informa com antecedência que vai instalar o medidor e nem oficializa a instalação em documento com assinatura do proprietário da residência.
"A nossa reivindicação seja no Alvorada ou Dom Pedro e em todas as comunidades que a gente vai é do preço abusivo. Pessoas que pagavam R$ 300 a R$ 400 com os novos medidores estão pagando valores absurdos”, reclama.
A moradora demonstra preocupação com a distância em que o medidor é instalado, em cima do porte de iluminação, geralmente a 4 metros de altura. Ela também faz ressalvas à fiação do medidor que é de alumínio. Para ela, por ser de alumínio a fiação superaquece.
“A manifestação está sendo para que derrubem essa liminar que o Supremo Tribunal Federal deu a eles. Queremos que o STF e qualquer poder possa embargar e acabar com os medidores”, explicou.
Em julho do ano passado, em entrevista ao A CRÍTICA, o diretor comercial da Amazonas Energia, Claudio Manuel Rivera, explicou que a legislação assegura o acesso visual à leitura do medidor e esclareceu que a concessionária deixa um mostrador na casa do consumidor para que ele mantenha intacto o seu direito de acompanhar o consumo.
"Há um mal-entendido. O cliente não tem que ter acesso ao medidor, porque é perigoso. O cliente tem que ter acesso à leitura”, explicou.
Rivera colocou o SMC como a única forma para a Amazonas Energia diminuir as perdas financeiras derivadas pelo furto de energia elétrica. Ele destacou que por ano a empresa perde R$ 1 bilhão por 'gatos' na rede elétrica.
“Normalmente, as pessoas que furtam energia consomem de forma exagerada sobrecarregam o sistema elétrico e isso leva a ter mais interrupções do que deveria. Essa prática piora a qualidade do fornecimento”, defendeu o diretor comercial na época.
Até o fim do ano, a Amazonas Energia deve instalar 86 mil medidores aéreos em Manaus, conforme previsão da própria companhia. A companhia tem, atualmente, cerca de 15 mil pontos em funcionamento, em Manaus. A meta é chegar em 480 mil até 2030.
A concessionária foi procurada para comentar a mobilização marcada para esta sexta-feira, mas até a publicação da matéria não houve resposta.