OPERAÇAO HAGNOS

"Preferência para adolescentes vulneráveis", detalha titular da Depca

Um professor de inglês, 51 anos, e a ex-companheira dele de 24 anos, foram presos por estupro de vulnerável de cinco vítimas entre 12 e 13 anos

Daniel Brandão
online@acritica.com
19/11/2024 às 18:45.
Atualizado em 19/11/2024 às 18:46

Delegada Juliana Tuma, titular da Depca (Foto: Nilton Ricardo/Freelancer/AC)

"O casal era adepto de swing e sempre com preferência para adolescentes vulneráveis", explicou nesta terça-feira (19) a delegada Juliana Tuma, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), sobre o crime cometido por um professor de inglês, 51 anos, e uma jovem de 24 anos, ex-companheira dele.

A dupla foi presa no âmbito da Operação Hagnos, nesta segunda-feira (18) suspeitos de integrarem uma rede de pedofilia e violência sexual. Tuma explicou que o professor de inglês se utilizava de sua função como docente para aliciar as vítimas e as atraía para sua residência, onde praticava os abusos sexuais. A operação foi coordenada nacionalmente pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

“Essa prisão se deu em cumprimento de um mandado de prisão preventiva contra um professor de inglês e sua ex-companheira. As investigações iniciaram em março deste ano, quando uma adolescente teria fugido de casa para se relacionar com este homem. Seria aluna dele. O modus operandi dele são sempre suas alunas”, declarou Tuma.

Segundo as investigações, o ex-casal era adepto de práticas sexuais em grupo com menores de idade. Eles registravam os abusos em aparelhos celulares e utilizavam as mídias para chantagearem as vítimas. Em seu interrogatório, o professor normalizou a situação.

“O casal era adepto a swing e sempre com preferência para adolescentes vulneráveis, fazendo registros de imagens. Nós também representamos pela busca e apreensão desse vasto material de mídia que será encaminhado para a perícia, com probabilidade alta de ter material pornográfico de crianças e adolescentes”, esclareceu a delegada.

A prisão do suspeito revelou um modus operandi que consistia em se valer de sua condição de educador, chegando inclusive a trocar o contato telefônico de suas alunas por notas para possíveis encontros.

“Todas as vítimas eram alunas. Inclusive chegou a fazer importunação sexual contra uma das vítimas dentro do ambiente escolar. Ele se valia daquela relação de professor-aluno, da relação de autoridade, inclusive oferecendo vantagens de nota para essas alunas. Ele também ludibriava. Criava uma história fantasiosa de conto de fadas para essas adolescentes, que fazia com que elas imaginassem que estavam apaixonadas por ele”, detalhou Tuma.

Conforme a investigação, até o momento foram identificadas 5 vítimas, de idades entre 12 e 13 anos de idade, do professor de inglês e da ex-companheira. O ex-casal responderá pelos crimes de estupro de vulnerável, ameaças, favorecimento à prostituição e produção, armazenamento e divulgação de imagens de pornografia infanto-juvenil.

Diligência na casa alvo de busca e apreensão (Foto: Divulgação/PC-AM)

De vítima a autora

Desdobramentos da investigação e prisão dos suspeitos revelam que a ex-companheira foi uma das vítimas do professor de inglês. Ela era abusada desde os 13 anos de idade, sendo cooptada por ele, passando de vítima para co-autora dos crimes de abusos sexuais na rede de pedofilia.

“Ela demorou a se sentir vítima. No interrogatório, nós a chamamos à reflexão e ela admitiu, da participação das adolescentes, nas orgias e que ele quem levava. Ela se sentia compelida a agradá-lo. Desde os 13 anos de idade, ela foi manipulada emocionalmente para essa conduta”, destacou Tuma.

Ainda segundo a delegada, durante os anos de abuso sexual e manipulação emocional pelo professor, a ex-companheira não se percebia enquanto vítima. Em razão disso, não foi localizado nenhum boletim de ocorrência ou registro em órgãos de proteção à criança e ao adolescente, por parte dela contra o autor.

“Não chegou a nenhum órgão de proteção esse registro. Até ontem ela não se sentia vítima dele. Ela não entendia a gravidade do que ela foi exposta. E, por si, ela acabou reproduzindo esse comportamento e agora está no papel de autora”, terminou a delegada.

Operação Hagnos

A Operação Integrada Nacional de Combate às Violências contra Criança e Adolescente (Operação Hagnos), do MJSP e conduzida pela DEPCA, foi deflagrada no dia 1º de novembro em todo o território nacional e vai até o dia 29 deste mês, com o objetivo de combater os altos índices de crimes contra crianças e adolescente no país.

Em dados no estado do Amazonas, o balanço parcial da Operação Hagnos revela que até o momento foram presas 32 pessoas pelos crimes de abuso sexual contra crianças e adolescentes, pedofilia, armazenamento de mídias pornográficas infanto-juvenis e outros crimes relacionados.

“A Operação Hagnos tem trazido números expressivos em prisões pelos crimes de abuso de crianças e adolescentes, de pessoas ligadas à pedofilia. Nesse período foram mais de nove prisões em flagrantes e mais trinta indiciamentos. Além das Centrais Integradas de Fiscalização (CIFs), visando restabelecer a ordem e a questão educativa”, destacou o delegado Paulo Mavignier, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI).

No mesmo momento em que acontecia a coletiva de imprensa na Delegacia Geral da Polícia Civil, o delegado Paulo Mavignier chamou atenção para a um homem estava sendo preso em flagrante em Humaitá (município distante 590 quilômetros de Manaus) por armazenamento de material pornográfico infanto-juvenil.

“Nesse momento está sendo autuado em flagrante um indivíduo por armazenamento de imagens de pornografia infanto-juvenil no município de Humaitá. O que para a gente é um motivo de reconhecimento. Nós vamos continuar trabalhando, devemos denunciar todo tipo de abuso sexual, qualquer tipo de crime contra crianças e adolescentes”, salientou o Mavignier.
“A integração é fundamental. Não só dos órgãos de segurança pública, mas também da sociedade. A gente sabe que a segurança pública é dever do Estado, mas ela é responsabilidade de todos. É importante que a população denuncie. Não se cale por uma violência contra a criança e o adolescente”, terminou o Guilherme Torres, delegado-adjunto geral da PC-AM.
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