FIM DO INQUÉRITO

Caso Djidja: o vício, a seita e o 'sonho' de comunidade que terminou com 11 pessoas indiciadas

Entenda como tudo começou e o que a família tinha a intenção de criar com a seita religiosa: uma comunidade com "uso livre" de ketamina e criar uma clínica veterinária para facilitar o acesso à droga, segundo a PC-AM

Natasha Pinto
online@acritica.com
20/06/2024 às 13:31.
Atualizado em 20/06/2024 às 13:31

Contraste - Em apenas 24 horas o irmão de Djidja Cardoso, Ademar Farias Cardoso Neto, saiu do sepultamento à prisão (Fotos: Paulo Bindá e Junio Matos/A CRÍTICA)

Onze pessoas foram indiciadas por 14 crimes em decorrência da Operação Mandrágora, que ficou conhecida como Caso Djidja Cardoso. Entre os 14 crimes citados em três pastas do Inquérito Policial estão tortura com resultado morte, tráfico de drogas, estupro, aborto, corrupção, sequestro e cárcere privado.

De acordo com o delegado Cícero Túlio, titular do 1° Distrito Integrado de Polícia (DIP), responsável pela investigação, tudo começou quando o irmão de Djidja, Ademar Cardoso, que seria usuário de drogas, conheceu a ketamina no período em que morava na cidade de Londres, na Inglaterra.

"Já aqui (em Manaus), ele começa a namorar Audry, vítima nesse processo, que apresenta a ele um casal que teria a substância ketamina em pó, a Special K, comercializada em raves. Nessa oportunidade, a Cleusimar (mãe) já estava estudando as 'Cartas de Cristo' e passa a convidar esse casal para participar das meditações, usando essa droga e dando início à seita", disse o delegado.

O delegado Cícero Túlio, titular do 1º DIP (Foto: Nilton Ricardo)

Ainda conforme o delegado, esse casal acaba se afastando e Cleusimar passa a estudar a química da ketamina, por ser formada em química, e começam a fazer testes neles mesmos (Cleusimar, Ademar e Djidja), percebendo que na forma injetável renderia mais uso para a família Cardoso e também começam a induzir os funcionários do salão de beleza da família a usarem.

"Eles então começaram a sentir dificuldade para comprar a ketamina e aparece então o Bruno (ex da Djidja), que entra na seita religiosa e apresenta o Hatus (coach), que seria uma ponte de ligação da família e um dos fornecedores da droga, o José Máximus (dono da clínica veterinária). Depois disso, a droga Potenay também foi inserida na seita, já que também causa efeitos alucinógenos", explicou o titular do 1° DIP.

Momento em que a mãe de Djidja, Cleusimar Cardoso Rodrigues, e Verônica da Costa Seixas, gerente do salão de beleza, chegam detidas no 1º DIP (Foto: Junio Matos/A CRÍTICA)

INÍCIO DAS INVESTIGAÇÕES

Ainda conforme o relato do delegado Cícero Túlio, após todos usarem Potenay, a vítima Audry fica debilitada e a seita a mantém em cárcere privado. Logo, a família da vítima intervém e consegue resgatar a mulher, fazendo em seguida a denúncia na sede da Central de Flagrantes da Zona Sul.

"Nós então conseguimos traçar uma rota da entrega desses entorpecentes pela clínica veterinária e assim dar início aos mandados de prisão e oitivas de suspeitos, logo após a morte de Djidja Cardoso. Durante esses depoimentos e perícia em celulares, identificamos Cladiele (maquiadora) e Marlisson (maquiador) incentivando os funcionários a participarem da seita", afirmou o delegado.

Além disso, sem pensar duas vezes, o delegado Túlio falou com convicção que, se estivesse viva, a empresária Djidja Cardoso também estaria presa por ser membro da seita religiosa. "Ela também estaria presa, mas devido ao uso dessa droga, ela acabou sendo torturada pela mãe, com várias aplicações, que resultaram na sua morte, o que foi comprovado em vídeos gravados por ela (mãe)."

CLÍNICA E "COMUNIDADE PAI, MÃE, VIDA"

Se já não bastasse a criação de uma suposta seita religiosa com o intuito de consumir drogas, as investigações da Operação Mandrágora apontaram ainda que a família Cardoso planejava criar uma clínica veterinária de fachada para conseguir as drogas com mais facilidade e depois criar uma "comunidade".

"Eles inclusive já haviam mudado o CNAE da empresa do salão de beleza para conseguir comprar a ketamina. Depois, o intuito da família era comprar um terreno na região Norte de Manaus para criar uma comunidade onde as pessoas iriam residir naquele ambiente e fazer o uso indiscriminado da ketamina e fazer os cultos", finalizou o delegado.

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