Estudo

Atlas da Violência: Amazonas é o quarto estado do Brasil com mais assassinatos

O número de homicídios, no Amazonas, cresceu 31,8% entre 2012 e 2022. O índice vai na contramão do cenário nacional, que registrou queda de 18,6% no número de homicídios, no mesmo período

Waldick Junior
waldick@acritica.com
18/06/2024 às 19:14.
Atualizado em 18/06/2024 às 19:14

(Foto: Junio Matos/A CRÍTICA)

Divulgado nesta terça-feira, o Atlas da Segurança Pública 2024 revela que o número de homicídios, no Amazonas, cresceu 31,8% entre 2012 e 2022. O percentual chama a atenção, pois coloca o Amazonas como quarto estado mais violento e vai na contramão do cenário nacional, que registrou queda de 18,6% no número de homicídios, no mesmo período.

Já a taxa de homicídios, que considera um assassinato a cada 100 mil habitantes, aumentou 11,8% entre 2012 e 2022. Por outro lado, o mesmo dado revela que houve uma queda de 4,1% nesse mesmo índice entre 2021 e 2022, últimos anos pesquisados. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) ressalta que os homicídios estão atualmente em queda.

O Atlas da Segurança Pública é produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os dados revelam que o alto número de homicídios é observado em outros estados da região Norte e estão associados a uma série de fenômenos, como os crimes ambientais, disputas territoriais e de facções.

“Vários estados do Norte do país, por estarem sujeitos à atuação intensa de pelo menos dez organizações criminosas internacionais com atuação em regiões de fronteira e por possuírem quantitativo populacional menor, possuem maiores variâncias nas taxas de homicídio ao longo do tempo, uma vez que contendas locais ligadas ao narcotráfico já são suficientes para impulsionar substancialmente os indicadores, como é o caso do Amapá e do Amazonas”, analisa o Atlas.

Explicações

O estudo detalha ainda mais o cenário da região na publicação secundária ‘Atlas da Violência 2024 - Retrato dos Municípios Brasileiros’. Segundo a análise, pela primeira vez na série histórica, o Amazonas apresentou a maior taxa de homicídios estimados da região Norte (43,5) e a segunda maior do Brasil.

Os dados foram elevados, principalmente, pelos resultados em Iranduba (98,1) e Coari (83,6), mais próximos da capital Manaus (55,7) em comparação a Tabatinga (95,9), no sudoeste amazonense, no Alto Solimões. O Atlas associa essa alta taxa de homicídios aos conflitos de facções pelo controle do tráfico de drogas.

“O Rio Solimões é estratégico na rota do tráfico de drogas, por escoar a droga produzida no Peru e na Bolívia, sendo disputado pelas facções criminosas locais e internacionais. Mas os municípios mais visados são Coari, Tefé (27,1) e Itacoatiara (34,7), que, assim como Manaus, recebe navios que se deslocam para o exterior”, pontua o estudo.

Além do narcotráfico, o Atlas da Violência destaca que o Amazonas sofre com a combinação desse crime com outros como tráfico de armas, grilagem de terra, exploração ilegal de madeira e minérios, lavagem de dinheiro, trabalho análogo à escravidão, exploração sexual, invasão de terras indígenas e diversos crimes ambientais.

Em queda

Procurado pela reportagem, o titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), coronel Vinícius Almeida, disse que os dados do Atlas da Violência revelam o cenário no qual a atual gestão recebeu a segurança pública, em 2019, e destacou a redução da taxa de homicídios em 4,1%, entre 2021 e 2022.

“Em 2021, o governador Wilson Lima lançou o programa Amazonas Mais Seguro, que norteia todo o propósito do sistema de segurança, visando a redução das taxas de homicídios, mas principalmente a maior segurança da população. Ele possibilitou concursos, compra de armamentos, munição, enfim, toda a estrutura do sistema de segurança que foi recebido defasado. E os resultados são a médio e longo prazo”, argumentou.

Ele destacou que o Atlas apresenta dados até 2022, mas que o número de homicídios no Amazonas caiu em 2023 e continua a reduzir em 2024, conforme dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça.

A reportagem checou a plataforma, que aponta um total de 474 mortes entre janeiro e maio de 2024. O número é 15,5% menor em relação ao mesmo período de 2023 ,quando foram 561 registros. Os óbitos se referem aos casos de feminicídio, homicídio doloso, morte por intervenção policial, latrocínio e violência física seguida de morte. 

“Estamos com uma taxa de redução em 2022, cerca de 10%, no ano passado foi de 5,2% e, em 2024, mais de 14%. Seguindo esse ritmo e vamos trabalhar para isso, a tendência é que consigamos colocar o Amazonas, em relação ao número de homicídios, equivalente ao que era em 2008, quando a população de Manaus era bem menor, de 1,3 milhão de pessoas”, pontuou o secretário.

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