CASO DJIDJA

Atividades da 'seita Pai, Mãe e Vida' aconteciam dentro do salão Belle Femme, aponta polícia

Segundo o delegado Cícero Túlio, Cleusimar acreditava ser Maria de Nazaré; Ademar, ser Jesus Cristo; e Djidja seria Maria Madalena

Lucas Motta
online@acritica.com
31/05/2024 às 14:36.
Atualizado em 31/05/2024 às 14:36

Cícero Túlio, Delegado Titular do 1° DIP (Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) divulgou nesta sexta-feira (31) que a família Cardoso chefiava uma “seita” que induzia o uso de drogas, em Manaus. A empresária Djidja Cardoso, que morreu na terça-feira (28) por uma possível overdose de ketamina, era investigada como uma das cabeças da organização.

As informações, captadas pela Operação Mandrágora, da PC-AM, apontam que os três familiares (mãe e irmãos) operavam a seita chamada “Pai, Mãe e Vida” nas unidades do salão Belle Femme, em Manaus, nos bairros Cidade Nova (Zona Norte), Parque 10 de Novembro e Nossa Senhora das Graças (ambos na Zona Centro-Sul).

A PC investigava o caso há 40 dias na capital do Amazonas e tinha Dilemar Cardoso da Silva, a Djidja, como uma das cabeças da organização. A empresária e ex-sinhazinha do boi Garantido foi encontrada morta na própria casa no bairro Cidade Nova, com indícios de uma overdose de ketamina. A residência fica ao lado de uma das unidades do salão de beleza.

“Ela era investigada em razão da participação nesta seita e a morte dela acabou sendo o estopim para que a gente pudesse realizar as representações no caso”, disse o delegado Cícero Túlio.

A morte de Djidja é investigada pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) e ainda não teve laudo sobre a causa concluído pela perícia. O delegado adjunto, Daniel Antonny, explicou que não há indícios, até este momento, de que ela tenha sido vítima de um homicídio.

Daniel Antonny, Delegado Adjunto da DEHS (Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

“Ainda não trabalhamos com essa hipótese de homicídio. Sabemos que há peculiaridades na morte da Djidja, mas para que eu possa dizer que houve uma morte violenta eu preciso de elementos de autoria, é o que estamos levantando”, explicou o delegado adjunto da DEHS.

Pai, Mãe e Vida

O 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) investiga o uso de drogas na seita criada pelos três membros da família Cardoso. Segundo o titular da unidade policial, delegado Cícero Túlio, Cleusimar acreditava ser Maria de Nazaré; Ademar, ser Jesus Cristo; e Djidja seria Maria Madalena.

A organização abusava de um anestésico usado para sedar cavalos em cirurgias, a ketamina. Funcionários da rede de salão de beleza, amigos íntimos e alguns familiares eram induzidos a injetar a substância no próprio corpo.

“Era usado por essa quadrilha para que as pessoas pudessem entrar em uma espécie de transe, para ir até uma outra dimensão”, informou Cícero Túlio.

Duas vítimas da seita foram ouvidas pela PC-AM até esta sexta-feira, que acredita que haja o envolvimento de Ademar com os crimes de abuso de vulnerável e aborto. O titular do 1º DIP afirmou que as duas relataram estupro quando eram dopadas e que ficaram vários dias em cárcere privado, sem acesso a banheiro.

A TV A CRÍTICA ouviu uma das vítimas da seita que, sem se identificar, relatou: “Não parecia nada ameaçador para a minha vida. Eles faziam reuniões com os funcionários e induziam essas pessoas à seita ‘Cartas de Cristo’ e diziam que quem quisesse usar, poderia para ver se gostava.”

Aquisição da droga

A droga ketamina vinha de uma clínica veterinária que funciona no bairro Redenção, Zona Oeste de Manaus, alvo de mandado de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira. A família Cardoso contava com a ajuda de um médico veterinário para alcançar a substância. O homem, que não teve a identidade revelada, gerenciava a clínica.

“Não existia qualquer espécie de controle sobre os receituários em relação à venda desses materiais, já que para vender a receita fica retida.”

Material apreendido (Foto: Daniel Brandão/A CRÍTICA)

Os acusados

Ademar, Cleusimar e duas funcionárias da rede de salão, Verônica da Costa Seixas e Claudiele Santos da Silva, são investigados pela morte de Djidja e também por chefiar e participar da seita. Os quatro foram encaminhados durante a manhã desta sexta para a audiência de custódia.

Segundo a PC-AM, nenhum depoimento pôde ser colhido durante a quinta-feira (30) porque todos os quatro estavam sob efeito de entorpecentes e incapazes de participar das oitivas. As autoridades aguardam o procedimento da audiência de custódia para colher a fala dos investigados.

Há uma quinta pessoa que teve a prisão preventiva decretada, um outro funcionário do salão chamado Marlisson Vasconcelos Dantas, que está foragido. O advogado dele, Lenilson Ferreira, disse que o cliente estava avaliando se entregar, mas primeiramente precisa ter acesso aos autos. Ainda durante a manhã de hoje, Ferreira disse que protocolou o pedido à justiça para ter acesso ao processo.

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