Venezuelanos em Manaus: após um ano de pandemia, mais um recomeço

A assistência emergencial necessitaria incluir um emprego para que consigam se alimentar e reconstruir a vida no Brasil

Dulce Rodriguez
Dulce Rodriguez
24/02/2021 às 19:52.
Atualizado em 24/03/2022 às 21:58

A vida em tempos de pandemia é desafiadora para todos. Para alguns, no entanto, o desafio é maior do que para outros. Os refugiados e imigrantes venezuelanos residentes em Manaus, olhamos para o céu e agradecemos à Deus por estar vivos. A vida às vezes nos leva a lugares inimagináveis, mas, independentemente da maneira como chegamos, devemos olhar para frente de cabeça erguida e nos orgulhar.

Relembramos tudo o vivido: as mágoas, as perdas, o confinamento, o uso das máscaras, os cuidados, o álcool gel, a solidão, os sorrisos, as lágrimas, a família que ficou mais próxima pela internet, os novos amigos brasileiros que ficaram longe pelo distanciamento social.

Relembramos os momentos bons e ruins, o grande risco que corremos com o novo coronavírus, os sonhos que não realizamos, o fique em casa, os medos, a ansiedade e as incertezas de morar em terras estrangeiras.

Sei que neste ano difícil, no decorrer da pandemia, muitos imigrantes venezuelanos enfrentam, além dos riscos trazidos pela doença, a perda de seus empregos, sua renda e a pouca estabilidade que tinham ganhado neste país.

O fechamento dos comércios a queda econômica no estado e a crises na saúde, afetou muito, fazendo que foram despejados e tiveram que voltar com suas famílias para os refúgios, dependendo de doações de comida.

Porém mais de 10.500 pessoas faleceram no Amazonas vítimas do coronavírus. A renda pode se recuperar, mas, vida não, temos que ser otimistas e agradecer à Deus por estar aqui.

Foi abençoado aquele que chegou até aqui com saúde e pôde recomeçar mais uma vez. Deus está no controle e tempos melhores virão. Então, aproveite. Repense, se organize e empreenda de novo. Nos venezuelanos somos corajosos, focamos em sobreviver porque depois de fugir da ditadura socialista, a miséria, a insegurança e a fome, não vamos desistir.

Só desejo que as empresas reduzam a resistência em contratar refugiados ou imigrantes. Nem todos são indígenas. Grande parte dos venezuelanos em Manaus tem ensino superior ou pós-graduação, e experiencia profissional, mesmo assim a inserção no mercado de trabalho é difícil.

A assistência emergencial necessitaria incluir uma oportunidade de emprego para que consigam se alimentar e reconstruir a vida no Brasil.

Empresários brasileiros fiquem sabendo que a contratação de imigrantes aporta benefícios como mais diversidade nas equipes, inovação e resiliência. Os estrangeiros costumam desenvolver inteligência emocional e capacidade de enfrentar dificuldades. Além disso, há mais engajamento e o índice de retenção é melhor.

Só precisamos de solidariedade e uma oportunidade.

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