Editorial

Seminários debatem a criação da Universidade Indígena do Brasil

Segundo o IBGE, no Brasil vivem 266 povos, mais de 150 diferentes línguas e 896. 917 pessoas (dados do IBGE)

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13/07/2024 às 09:37.
Atualizado em 13/07/2024 às 09:39

Se o projeto for concretizado, Brasil avançará nas reparações históricas aos povos indígenas (Glauco Capper/Ascom UFAC)

A proposta de criação da Universidade Indígena do Brasil, reivindicação antiga dos povos indígenas e do movimento indígena, está em debate por meio de uma série de seminários regionais nos meses de julho a setembro.

O de Manaus ocorre na segunda-feira (22), quando será feita apresentação sobre o seminário, desafios na criação da universidade e formação de grupos de trabalhos que ao final do dia apresentação apresenta propostas para compor o documento final da região.

Se a universidade indígena for concretizada pelo atual governo, o Brasil dará um passo, tardio, mas fundamental para avançar reparações na relação do Estado e da sociedade com os povos indígenas. Há muito tempo que os centros de formação em nível superior no perspectivismo indígena deveriam ser parte da realidade brasileira, naturalmente.

É nesse país que vivem 266 povos, mais de 150 diferentes línguas e 896. 917 pessoas (dados do IBGE) o que coloca o Brasil como o que abriga mais povos indígena da América do Sul.

A Região Amazônica, onde está concentrada a maior população de indígenas, já seria no item da educação universitária indígena uma das referências nacional e mundial. O impedimento inclusive para acessar as universidades no modelo ocidental é real e o filtro estreito onde racismo, tutelagem e exclusão são combinados para alimentar o sistema de negação.

Os seminários regionais que o governo federal, por meio do Ministério da Educação, da Secretaria de Educação Superior (SESU) e da Educação Continuada, Alfabetização  de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI) e Ministério dos Povos, apontam para algum movimento concreto em relação à proposta. 

Que as propostas saiam do papel e se tornem realidade. O Brasil não pode continuar de costas viradas para as reivindicações dos povos indígenas e de um país democrático e de pluralidade étnica. Nenhum desafio pode ser encarado como recuo ou justificativa para empurrar a proposta de universidade indígena ao futuro. 

É preciso retirar da gaveta o que está sendo formulado há mais de 30 anos por esses povos. Tornar a universidade  concreto será bom a toda sociedade brasileira, à educação pública que receberá experimentos a partir de outras culturas até agora submetidas à tímida participação nessa escola tradicional.

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