Trabalhadores com salários congelados, outros perderem o emprego, muitos endividados e, quando se faz o recorte para os municípios amazonenses, a carência é maior.
Ribeirinhos das comunidades do Tarumã-Mirim realizam longos percursos para conseguir comida. (Foto: Paulo Bindá/A CRÍTICA)
Os preços dos alimentos sofreram reajustes significativos nas feiras, no comércio de bairro e nos supermercados. E são aumentos de até R$ 1,50 ou mais em produtos como leite liquido, em pó, café, ovos, frutas, arroz, açúcar e sal. As carnes, branca e vermelha e o pescado também tiveram reajustes.
Ao final, no conjunto, o consumidor de classe média e baixa estão em dificuldade para comprar os produtos que compõem as linhas de alimentação, higiene pessoal e de limpeza em geral.
Os mais pobres sequer podem fazer essas compras e buscam minimizar as dificuldades nas promoções de feiras públicas e nos mercados embora também nesses espaços as alternativas, nas duas últimas semanas, tenham se tornado escassas porque os preços subiram.
A seca dos rios e suas consequências são as apontadas como razão para o aumento praticamente generalizado. O fato é que se alguns segmentos estão sendo assistidos por ações governamentais, como anistia de dívidas, oferta de microcrédito e outras iniciativas, as famílias não são contempladas nesse período de aprofundamento das dificuldades com medidas efetivas de socorro.
Uma parcela de trabalhadores está com os salários congelados, outra perdeu o emprego, muitos endividados e, quando se faz o recorte para os municípios amazonenses, a carência é maior. Pequenas plantações de onde as famílias coletavam produtos para vender e se alimentarem foram perdidas, os rios onde pescavam secaram e o acesso a outros itens de primeira necessidade ficou mais distante, praticamente vetado.
São milhares de famílias que dependem principalmente dos rios e dos lagos, do reaparecimento das águas e do tempo de recuperação desse ecossistema para poderem plantar e colher, e pescar. Há um tipo de transtorno comunitário que não é sentido no tempo exigido para as respostas reais. Entre a decisão de fazer e o ato concretizado, as famílias aguardam, sofrem com a fala de alimento e de água, de remédios, e sentem-se abandonadas pelas autoridades públicas.
Os que moram em Manaus e na Região Metropolitana igualmente se ressentem da falta de poder aquisitivo para comprar os produtos de uso diário, o que agrava o quadro de carência já exposto anteriormente. Mulheres, crianças e idosos são os mais atingidos pela ciranda crescente das etiquetas de preços. São muitos que apenas conseguem uma refeição diária.