EDITORIAL

O novo programa de carro popular

Para começar, o programa – que inclui a desoneração de impostos – vai abranger veículos de até R$ 120 mil

acritica.com
26/05/2023 às 10:29.
Atualizado em 26/05/2023 às 10:29

(Foto: Agência Brasil)

O governo federal precisa calibrar muito bem o novo programa de carro popular anunciado ontem. Trata-se de uma iniciativa com duplo objetivo: acenar à classe média facilitando o acesso a veículos novos, e dar ânimo à indústria automotiva, que vem sofrendo com a baixa demanda causada pela inflação e pelos juros elevados, que impactam diretamente nos preços ao consumidor. No entanto, alguns detalhes precisam ser melhor discutidos.

Para começar, o programa – que inclui a desoneração de impostos – vai abranger veículos de até R$ 120 mil. Ora, um carro nesse valor, simplesmente, não pode ser popular. De qualquer forma, a indústria, apesar de receber a novidade com certa desconfiança, projeta que, com as medidas anunciadas, os preços de certos modelos podem chegar a algo em torno de R$ 60 mil, ainda muito salgado, porém, mais aceitável. 

O que o governo está propondo é, basicamente, uma reedição do programa lançado em 1993 com o objetivo de estimular a produção de veículos automotores. Como resultado, várias montadoras lançaram modelos com preços mais acessíveis, lançando o conceito de "carro popular". Esses veículos tinham características como menor tamanho, motores menos potentes e menos equipamentos de luxo, e consequentemente, menores preços de venda.

Outras iniciativas vieram em seguida, acompanhando as políticas governamentais e as condições econômicas do país. Dentre elas, destaca-se o programa "Inovar-Auto", que vigorou entre 2012 e 2017, e atualmente existe o regime automotivo chamado "Rota 2030", lançado em 2018, que busca incentivar a inovação e a eficiência energética na indústria automobilística.

Ou seja, o novo programa recém-lançado é mais um entre outros de incentivo à indústria de automóveis. Se terá os resultados esperados, depende também da boa vontade da própria indústria. O mercado, como se sabe, não tem alma; se as condições oferecidas forem vantajosas para as montadoras, elas devem embarcar de cabeça no projeto, caso contrário, o fracasso da iniciativa será certo. Mas há outros fatores essenciais envolvidos, como a inflação e os juros. Um programa como esse terá maiores chances de sucesso com a inflação controlada e os juros em patamares aceitáveis, um cenário que, hoje, parece distante.

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