OPINIÃO

Os gases dos lixões e as consequências para o meio ambiente

Essa tão almejada meta de erradicação das unidades de destinação inadequada de resíduos (lixões e aterros controlados) tem impacto direto na pretensão de redução do aquecimento global

Por Daniel Santos*
08/12/2023 às 19:54.
Atualizado em 08/12/2023 às 19:55

(Foto: Divulgação)

Quase três mil lixões ainda estão em funcionamento por todo o Brasil. As regiões Norte e Nordeste são as que possuem a maior quantidade. Vale ressaltar que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu o compromisso de extinção dos lixões, no país, até 2024.

Essa tão almejada meta de erradicação das unidades de destinação inadequada de resíduos (lixões e aterros controlados) tem impacto direto na pretensão de redução do aquecimento global. 

Os gases emitidos, principalmente o clorofluorcarboneto (CFC) e o metano (CH4), possuem substâncias que, quando liberados na atmosfera, podem destruir as moléculas de ozônio, causando o efeito estufa e, consequentemente, intensificando as mudanças climáticas, com o aquecimento global.

Outros gases mais comuns, também eliminados dos lixões, são: vapor d'água, sulfetos, amônia e compostos orgânicos voláteis, que podem ser geradas, dependendo dos tipos dos resíduos ali depositados.

É importante ressaltar que a falta de gestão dos resíduos em lixões resulta na emissão descontrolada desses gases, que contaminam os solos e a água, causando um grande problema para a saúde pública, com a incidência de doenças que são diretamente atreladas à falta de saneamento. 

Diante disso, é necessário o encerramento em definitivo das unidades de destinação inadequada, cujas emissões decorrem da decomposição dos resíduos e de queima a céu aberto. A transição para práticas mais sustentáveis, como aterros sanitários controlados e métodos de reciclagem, ajuda a mitigar esses impactos negativos.

Existem várias estratégias para reduzir as emissões de metano e mitigar seu impacto no aquecimento global. São alguns exemplos a gestão dos resíduos sólidos (menor geração, correto encaminhamento e geração de energia nos aterros), agricultura sustentável (uso eficiente de fertilizantes e técnicas de manejo do gado, para reduzir as emissões de metano), eficiência energética (escolha de energias limpas nos processos industriais), recuperação de ambientes aquáticos (podem atuar como sumidouros naturais de metano) e controle da extração de gás natural (detecção e reparo de vazamentos de gás natural durante a produção, transporte e distribuição).

A implementação coordenada de políticas púbicas, regulamentações e práticas sustentáveis em diversos setores, é essencial para efetivamente se conseguir a redução das emissões dos gases que causam impacto ao meio ambiente.

*Biólogo e especialista em Gestão de Recursos Naturais e Meio Ambiente, pela UniNorte. Especialista em Ecologia, pelo CRBio 06. Embaixador, consultor e auditor do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB). CEO da Damata Consultoria em Meio Ambiente. Diretor Conselheiro Tesoureiro do Conselho Regional de Biologia da 6a Região.

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