Posição geográfica combinada com a extensão territorial torna a Amazônia propícia para a instalação de grandes parques solares
O avanço das usinas solares na Amazônia representa uma importante oportunidade para conciliar desenvolvimento econômico e sustentabilidade, em uma das regiões de maior biodiversidade e vulneráveis do mundo. Com a crescente demanda por energia limpa e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o uso de energia solar tem se mostrado uma solução estratégica para impulsionar a transição energética no Brasil.
A região amazônica possui um enorme potencial para a geração de energia solar, graças à sua posição geográfica próxima ao Equador, recebendo alta incidência de radiação solar ao longo de todo o ano. Esse fator, combinado com a extensão territorial, torna a Amazônia propícia para a instalação de grandes parques solares, que podem abastecer tanto a própria região como o restante do país.
Nos últimos anos, diversos projetos de usinas solares têm sido apresentados e implementados na Amazônia. Algumas iniciativas visam levar eletricidade a comunidades isoladas que ainda dependem de geradores a diesel, uma fonte de energia cara e poluente. Usinas solares, além de mais sustentáveis, podem ajudar a reduzir os custos energéticos nessas áreas e promover o desenvolvimento local.
Essa fonte energética pode ajudar a reduzir o desmatamento na Amazônia e a pressão sobre os recursos naturais, uma vez que diminui a dependência de fontes de energia convencionais, como as hidrelétricas e termelétricas, que têm um impacto ambiental considerável. Enquanto as hidrelétricas podem causar alagamento de grandes áreas e modificar ecossistemas, as usinas solares ocupam uma área menor e têm impacto menos invasivo, além de não emitirem gases de efeito estufa durante a produção de energia.
Apesar do enorme potencial, o avanço das usinas solares na Amazônia enfrenta alguns desafios. A infraestrutura limitada da região, como a falta de linhas de transmissão adequadas, dificulta a distribuição da energia gerada para grandes centros consumidores. Além disso, a logística de construção e manutenção de usinas solares em áreas remotas pode ser complexa e cara, devido às distâncias e às condições da floresta amazônica. Outro desafio é garantir que o desenvolvimento de projetos solares respeite as comunidades indígenas e locais, promovendo um diálogo inclusivo e sustentável.
Um aspecto positivo é que as usinas solares podem complementar outras fontes de energia renovável já presentes na Amazônia, como o uso de biomassa por pequenas hidrelétricas. A integração dessas fontes pode fornecer uma matriz energética mais equilibrada e resiliente, especialmente em áreas isoladas, onde a dependência de uma única fonte pode ser arriscada. Em muitas regiões, a energia solar pode ser combinada com sistemas de baterias, para garantir a estabilidade do fornecimento, mesmo em dias nublados ou à noite.
A expansão da energia solar na Amazônia tem também um impacto social significativo. Projetos que envolvem comunidades locais não apenas proporcionam eletricidade, mas também capacitação técnica, geração de empregos e o fortalecimento da economia local. Algumas iniciativas envolvem treinamento de moradores para a instalação e manutenção de painéis solares, criando oportunidades de trabalho e inclusão social.
O avanço das usinas solares na Amazônia é uma oportunidade única para promover o desenvolvimento sustentável em uma das regiões mais importantes do planeta. Embora existam desafios a serem superados, como a falta de infraestrutura e o cuidado com as populações locais, que deve ser sempre observado e contemplado, os benefícios ambientais e sociais tornam essa alternativa energética altamente promissora. Com políticas públicas adequadas e investimentos estratégicos, a energia solar pode se tornar uma peça-chave para um futuro mais sustentável na Amazônia e no Brasil como um todo.
* Daniel Santos é biólogo e especialista em Gestão de Recursos Naturais e Meio Ambiente, pela UniNorte. Especialista em Ecologia, pelo CRBio 06. Embaixador, consultor e auditor do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB). CEO da Damata Consultoria em Meio Ambiente. Diretor Conselheiro Tesoureiro do Conselho Regional de Biologia da 6a Região.