Centenas de eventos têm sido realizados tratando sobre o tema sustentabilidade, porém, quase todos sem aplicar as boas práticas que pregam.
Essa semana fui abordado com a seguinte pergunta: "Depois que Belém foi anunciada como sede da COP 30, muitos eventos estão sendo realizados na cidade paraense tendo a sustentabilidade como foco. O que você acha desses eventos e da COP ser realizada na capital do Pará?"
Minha resposta foi a seguinte: Um evento que levanta a bandeira da sustentabilidade, mobilizando nações, não pode ser "greenwashing" (lavagem verde ou maquiagem verde). Ou seja, uma repetição daquela velha frase: "Faça o que eu digo, mas não o que eu faço". É preciso rezar na cartilha que prega e espero que isso esteja sendo observado na organização da COP, porque não tenho visto nos eventos que a antecedem.
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 2030) da Organização das Nações Unidas (ONU) têm metas estabelecidas e prazo para que sejam cumpridas. Essas metas deveriam ser tomadas como regra de conduta, em todo e qualquer evento que pretenda transmitir a mensagem de sustentabilidade à sociedade.
Um evento sobre essa temática, em primeiro lugar, deve observar a eficiência energética na arquitetura dos ambientes que sediarão as discussões – facilidade para entrada de luz natural, as fontes principais de energia devem ser solar ou eólica, e devem adotar lâmpadas de LED, que causam menor emissão de CO2 na atmosfera.
O local deve ter estrutura de coleta de água da chuva, para uso em descarga de vaso sanitário, lavagem de piso, irrigação das áreas verdes. Deve ter a preocupação de utilizar meios de comunicação digitais e privilegiar o acesso ao local por meio de transportes públicos, bicicletas ou de carros por aplicativo, que possam ser compartilhados.
O kit de boas-vindas aos palestrantes, convidados e participantes, deve ser com objetos sustentáveis ou até mesmo nem ter, para evitar os descartes incorretos.
Deve ter elaborado um plano de gerenciamento da geração de resíduos na montagem, durante o evento e no desmonte da estrutura. Prever o envio do descarte orgânico para compostagem e os recicláveis para cooperativas e associações de catadores. Somente o rejeito, o lixo de fato, deve ser encaminhado ao aterro da cidade.
Não se pode ficar falando de sustentabilidade e da importância disso para o planeta, fazendo de conta que estamos olhando de fora, como meros espectadores. Estamos inseridos no contexto. É preciso dar o exemplo, fazer a tarefa de casa. Os eventos, portanto, devem ser modelo de sustentabilidade.
* Biólogo e especialista em Gestão de Recursos Naturais e Meio Ambiente, pela UniNorte. Especialista em Ecologia, pelo CRBio 06. Embaixador, consultor e auditor do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB). CEO da Damata Consultoria em Meio Ambiente. Diretor Conselheiro Tesoureiro do Conselho Regional de Biologia da 6a Região.