Meio Ambiente

A importância da COP30 para Gestão de Resíduos no Brasil: Um olhar sobre falta de aterros sanitários

Cerca de 40% dos resíduos sólidos gerados no país ainda são descartados de maneira inadequada, em lixões ou aterros controlados que não atendem às normas ambientais

Por Daniel Santos
10/01/2025 às 17:12.
Atualizado em 10/01/2025 às 19:20

(Foto: Reprodução)

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para ocorrer em Belém/PA, este ano, representa uma oportunidade crucial para abordar questões ambientais prementes, incluindo a gestão de resíduos sólidos urbanos. No Brasil, a ausência de aterros sanitários adequados em muitas regiões é uma questão urgente que afeta a saúde pública, a preservação ambiental e os esforços para mitigar as mudanças climáticas.

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cerca de 40% dos resíduos sólidos gerados no país ainda são descartados de maneira inadequada, em lixões ou aterros controlados que não atendem às normas ambientais. Essa realidade se agrava em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos, onde a falta de infraestrutura e de recursos dificulta a implantação de sistemas de tratamento de resíduos.

A região Norte, onde ocorrerá a COP30, é uma das mais afetadas. Municípios menores enfrentam desafios logísticos e financeiros para implementar aterros sanitários e sistemas de coleta seletiva. Além disso, o descarte inadequado de resíduos contribui para a contaminação do solo, dos rios e da atmosfera, aumentando a emissão de gases de efeito estufa, como o metano, proveniente da decomposição de resíduos orgânicos.

A realização da COP30 em Belém oferece uma oportunidade única para colocar a gestão de resíduos sólidos na agenda climática global. O Brasil, como anfitrião, pode destacar a relação direta entre a inadequada gestão de resíduos e os impactos climáticos, e buscar parcerias internacionais para fomentar soluções inovadoras e sustentáveis.

Entre as iniciativas que podem ser discutidas na conferência, estão: criação de mecanismos para apoiar financeiramente os municípios que enfrentam dificuldades na implantação de aterros sanitários e programas de reciclagem; promoção e adoção de tecnologias avançadas para o tratamento de resíduos, como usinas de compostagem e biodigestores; campanhas educativas que promovam a redução, reutilização e reciclagem de resíduos; e fortalecimento do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), garantindo sua implementação em todas as regiões do país.

A transição para uma gestão de resíduos mais sustentável no Brasil não será simples. Ela requer investimentos significativos, mudanças culturais e a criação de um sistema eficiente de fiscalização. No entanto, a COP30 pode atuar como um catalisador para esse processo, trazendo visibilidade internacional e abrindo portas para investimentos e inovações.

Além disso, a gestão de resíduos não deve ser vista apenas como um desafio, mas como uma oportunidade de transformação social e econômica. A reciclagem e o aproveitamento energético de resíduos podem gerar empregos verdes e impulsionar a economia circular, promovendo um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável.

A COP30 tem o potencial de impulsionar mudanças estruturais na forma como o Brasil lida com seus resíduos sólidos. Resolver a falta de aterros sanitários e promover práticas sustentáveis de gestão de resíduos são passos essenciais para proteger o meio ambiente, melhorar a qualidade de vida da população e contribuir para os esforços globais de combate às mudanças climáticas. O Brasil, como anfitrião, pode liderar pelo exemplo, demonstrando que é possível alinhar crescimento econômico, justiça social e preservação ambiental.

 Daniel Santos é biólogo e especialista em Gestão de Recursos Naturais e Meio Ambiente, pela UniNorte. Especialista em Ecologia, pelo CRBio 06. Embaixador, consultor e auditor do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB). CEO da Damata Consultoria em Meio Ambiente. Diretor Conselheiro Tesoureiro do Conselho Regional de Biologia da 6a Região.

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