Editorial

Mais um Grupo de Trabalho para a BR-319

De acordo com o presidente, será criado um grupo de trabalho com representantes de vários ministérios e órgãos envolvidos nas questões relativas ao projeto

acritica.com
11/09/2024 às 07:55.
Atualizado em 11/09/2024 às 07:55

(Foto: Arquivo A CRÍTICA)

Ontem, a novela da rodovia BR-319 ganhou um novo capítulo. O presidente Lula, que visitou os municípios de Tefé e Manaquiri, mostrou a disposição do governo federal em retomar a reconstrução do chamado “trecho do meio” – seguimento de 405 quilômetros de extensão entre os municípios de Borba e Humaitá. De acordo com o presidente, será criado um grupo de trabalho com representantes de vários ministérios e órgãos envolvidos nas questões relativas ao projeto, como as pastas do Meio Ambiente e dos Transportes, que não têm falado a mesma língua quando se trata da recuperação da rodovia. 

A desconfiança quanto aos efeitos práticos do anúncio presidencial se acentua quando se fala em grupo de trabalho, já que vários foram constituídos pelos mais diversos governos nas últimas décadas sem que o projeto avançasse. Por outro lado, no último governo, buscou-se a sobreposição do diálogo, resultando em uma licença prévia com flagrantes irregulares ligadas a garantias socioambientais. A licença foi prontamente combatida no meio jurídico e seus efeitos seguem suspensos por força de uma decisão liminar. 
Vamos esperar que, desta vez, a atuação do grupo de trabalho não se restrinja à elaboração de relatórios cujo destino sejam as gavetas do esquecimento. O diálogo entre os envolvidos, inclusive atores sociais que serão afetados pela obra, é essencial, mas não pode prescindir da objetividade, tampouco estender-se por um período além do razoável.

Que seja produtivo e ajude a resolver a principal controvérsia a respeito do empreendimento: a garantia de que, uma vez restaurada, a rodovia não seja um vetor de desmatamento, grilagem, disputas sangrentas e destruição. É possível reconstruir a rodovia, fomentando o desenvolvimento tanto no Amazonas quanto em Rondônia, sem causar um passivo socioambiental irremediável. 

Mais do que nunca, o Amazonas precisa dessa rodovia plenamente operante. A seca histórica que já atinge o Estado acentua a necessidade de termos um caminho alternativo para o escoamento da produção industrial, agropecuária e tráfego de passageiros. O governo parece ter entendido esses pontos. Resta saber se conseguirá transformar palavras e boas intenções em resultados o mais rapidamente possível.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por