O aumento vai colocar o País com a segunda maior taxa de juros do mundo, atrás apenas da Argentina
(Foto: Agência Brasil)
A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de elevar a taxa básica de juros da economia em um ponto percentual, a quarta alta consecutiva, terá reflexos diretos nas finanças da população, além de colocar o País com a segunda maior taxa de juros do mundo, atrás apenas da Argentina. Trata-se de uma estratégia que tem como objetivo conter o avanço da inflação, que acumulou alta de 4,83% em 2024. O mecanismo, amplamente difundido desde a década de 1970, consiste em elevar a taxa de juros para reduzir a quantidade de dinheiro em circulação, desestimulando o consumo e o crédito, o que ajuda a controlar a pressão inflacionária. É um “remédio amargo”, mas que tem eficácia comprovada.
O problema são os efeitos colaterais. Com os juros nas alturas, o crédito ficará ainda mais caro. Isso reduz o poder de compra das famílias e a disposição das empresas de investir, o que pode levar a uma desaceleração da economia. O cenário também piora para quem tem empréstimos ou financiamentos, pois podem ter dificuldades para pagar, aumentando o risco de calote e negativação nas instituições de proteção ao crédito. Como o consumo e os investimentos caem, a produção também tende a ser afetada, o que pode levar a uma desaceleração na criação de empregos ou até mesmo a demissões em setores mais sensíveis aos juros, como o mercado de veículos. É por esses e outros motivos que muitos economistas afirmam que é preciso cautela para aumentar os juros visando combater a inflação, já que a dose do remédio não pode ser tão excessiva a ponto de matar o paciente.
Apesar dos pesares, é unânime entre os analistas econômicos que a alta dos juros é mesmo necessária para evitar uma espiral inflacionária com efeitos potencialmente desastrosos. Quem viveu o período entre os anos de 1980 e 1994 presenciou a maior hiperinflação de nossa história, um período de descontrole dos preços, com os valores aumentando de forma incontrolável. O auge foi em março de 1990, quando os preços subiram incríveis 84% em apenas 30 dias. É para evitar que tal cenário se repita que o Copom não só elevou os juros na última reunião, como já anunciou que promoverá novo aumento em março. As projeções para os próximos meses não são as melhores.